quinta-feira, 30 de maio de 2019

BOLETIM 5 ANO XIV

A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO

Destaques: Dono de jornal é assassinado no interior do RJ. Fenaj critica decreto federal sobre armas. México registra mais uma morte de jornalista. RSF revela queda na liberdade de imprensa no mundo.

Notas do Brasil
Maricá (RJ) - Robson Giorno, dono do jornal online O Maricá, foi assassinado com três tiros em frente à sua casa em 25 de maio. Giorno também atuava na política local, tendo sido presidente do Partido Social Liberal (PSL) durante cinco anos e pré-candidato à prefeitura em 2015. A polícia investiga se o crime está relacionado à atividade jornalística ou política do profissional.

Salvador (BA) – Um júri popular condenou Marcone Sarmento a seis anos de prisão por participar do assassinato do jornalista Manoel Leal de Oliveira em 1998. Oliveira, então dono do jornal A Região, foi morto com seis tiros em frente à sua casa em Itabuna, no interior da BA, em 14 de janeiro de 1998. O Ministério Público já recorreu da sentença por considerar reduzida a pena.

Vitória (ES) – Um veículo da TV Vitória foi incendiado no início da tarde de 6 de maio, próximo à Delegacia Patrimonial, quando a equipe de reportagem cobria uma operação policial que acontecia no Bairro da Penha. Ninguém se feriu e o Corpo de Bombeiros controlou o fogo. A suspeita é de que o incêndio tenha sido criminoso. Testemunhas disseram que três homens colocaram explosivos debaixo do veículo para provocar o incêndio. A repórter Talita Carvalho e o cinegrafista Willian O'Brian que estavam fora do veículo perderam documentos pessoais que haviam ficado no carro.

Brasília (DF) - A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) criticou o teor do decreto federal 9.785/2019 que ampliou o direito ao porte de arma para profissionais de diversas áreas, entre elas jornalistas que fazem cobertura policial. Para a entidade, a medida não aumentará a segurança do jornalista e seu efeito pode ser exatamente oposto. “A Fenaj entende que a posse/transporte de armas não vai contribuir para a segurança dos profissionais, que devem cuidar da produção da notícia, sem exposições ou enfrentamentos que coloquem em risco sua integridade física. O porte de arma pode, inclusive, transformar o jornalista em alvo”, disse a entidade em nota oficial. A Federação destacou que garantir a segurança de jornalistas e demais comunicadores no exercício profissional em situações de risco é responsabilidade do Estado. A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) também chamou a atenção para o risco de aumento da ameaça aos jornalistas. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) foi outra entidade a se posicionar contra o decreto.

São Paulo (SP) I – A ONG Artigo 19 revelou aumento de 30% na ocorrência de violações graves contra jornalistas e comunicadores em geral no relatório “Violações à liberdade de expressão” que analisa casos registrados e apurados pela organização no Brasil durante 2018. O documento cita 35 casos, sendo 26 ameaças de morte, quatro homicídios, quatro tentativas de homicídio e um sequestro. Em 2017, o número total havia sido de 27 ocorrências. O número total de casos registrados repete os índices de 2012 e 2015, anos com a maior quantidade de violações graves no país.
Agentes do Estado, como políticos, policiais e agentes públicos, são responsáveis por mais da metade (51%) dos ataques. Esse grupo foi o autor de 18 ocorrências registradas no período. Na maioria das vezes (74%), os ataques (26) ocorreram após a veiculação de denúncias. Sete (20%) foram resultado de críticas ou opiniões emitidas pelo comunicador. Em dois casos (6%), os atos foram motivados por processos de investigação. Pela primeira vez, o relatório inclui uma análise específica do ambiente digital no contexto das eleições. De acordo com o levantamento, 11 ameaças de morte foram praticadas em ambiente online, como mídias sociais, aplicativos para troca de mensagens e e-mails. 

São Paulo (SP) II - A rede Bandeirantes foi condenada a indenizar em R$ 100 mil o delegado da Polícia Federal Milton Fornazari Júnior por danos morais em razão de comentário feito pelo jornalista Reinaldo Azevedo em 9 de abril de 2018 no programa “O é da coisa”, da rádio BandNews FM. Azevedo disse que o policial que integra a equipe da operação Lava Jato pertencia a ala “petizada” da PF. De acordo com a petição inicial, o comentário foi feito depois de uma postagem do delegado em sua página no Facebook após a prisão do ex-presidente Lula. O texto diz: “Agora é hora de serem investigados, processados e presos os outros líderes de viés ideológico diverso, que se beneficiaram dos mesmos esquemas ilícitos que sempre existiram no Brasil (Temer, Alckmin, Aécio etc)”. Em sua decisão, o magistrado determinou ainda a retirada de todos os canais, redes sociais e sítios eletrônicos mantidos e/ou controlados por ela o trecho da reportagem mencionando o autor da ação. Caso o comentário seja mantido, a empresa deverá acrescentar o teor integral da sentença condenatória em todos os arquivos midiático “com a informação ao público quanto à inveracidade das informações” a título de direito de resposta.

Pelo mundo
França - A ONG Repórteres Sem Fronteiras alerta que somente 9% da população mundial vive em países nos quais o nível de liberdade de imprensa é considerado satisfatório. O levantamento indicou que 74% da população do mundo habita atualmente em países nos quais essa e outras liberdades são difíceis ou graves. É o caso de quem vive na China, Rússia, Arábia Saudita, México e Índia, entre outros. O Brasil está na zona classificada como de “situação problemática”. Com queda de três posições no ranking da liberdade de imprensa em relação ao ano anterior, ocupa atualmente a 105ª colocação entre os 180 países analisados. A análise histórica do ranking comprova que houve uma baixa de 11% no índice mundial de liberdade de imprensa.

Venezuela – O correspondente espanhol Joan Guirado, do jornal digital OK Diario, foi detido em 8 de maio, pelo Serviço Nacional de Inteligência Bolivariano (Sebin), mantido incomunicável e depois levado ao aeroporto de Maiquetía para deixar o país. A Associação Nacional de Jornalistas Venezuelanos (CNP) informa que Guirado é o 12° correspondente internacional a ser deportado do país em 2019 e o 53° trabalhador de imprensa a ser detido.

Colômbia I - O Ministério Público ordenou a prisão de um ex-pistoleiro ao vinculá-lo com o assassinato do jornalista Guillermo Cano Isaza, diretor do jornal El Espectador, ocorrido em 1986. Jhon Vásquez, conhecido como 'Popeye', ex-chefe de pistoleiros do Cartel de Medellín, liderado pelo narcotraficante Pablo Escobar, está vinculado à investigação como suposto autor do crime de homicídio qualificado, disse a promotoria.

Colômbia II – O jornalista Nicholas Casey, chefe do escritório dos Andes do jornal The New York Times, e o fotógrafo Federico Ríos deixaram o país após serem alvos de assédio online por parte de parlamentares. O caso teve início em 18 de maio, quando uma senadora do partido Centro Democrático postou em sua página no Twitter uma foto do jornalista acusando-o de ligação com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), um grupo de guerrilha paramilitar, e de ser pago para escrever “contra o Exército colombiano”. Outros membros do mesmo partido fizeram comentários na postagem, acrescentando acusações aos profissionais.

México - Francisco Romero, diretor geral da página de notícias no Facebook Ocurrió Aquí e colaborador de outros meios de comunicação em Quintana Roo, foi assassinado em 16 de maio do lado de fora de um bar na colônia Forjadores. O Ministério Público do Estado de Quintana Roo informou que um homem está sob custódia por “sua provável participação” no crime.
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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.

O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão.
Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa (www.observatoriodaimprensa.com.br), Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Consultor Jurídico (www.conjur.com.br), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional deJornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.eu)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se (portal.comunique-se.com.br), Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom House (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan-ifra.org), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.
Pesquisa e edição Vilson Antonio Romero (RS)

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