A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO
Notas do Brasil
Curitiba (PR) - Jornalistas e a direção de redação da
Gazeta do Povo, de Curitiba, receberam uma série de ameaças em 17 de dezembro. Os telefonemas podem estar relacionados à reportagem
que denunciou promoção de delegados da Polícia Civil acusados de utilizaram
veículos oficiais para fins particulares. O jornalista Mauri König,
repórter do jornal e diretor da Associação Brasileira de Jornalismo
Investigativo (Abraji), foi um dos citados durante as ameaças. König e sua
família deixaram a casa em que viviam e permanecem sob proteção de seguranças
até saírem do país.
São Paulo (SP) – O repórter André Caramante, do jornal
Folha de S. Paulo, retornou ao Brasil depois de permanecer três meses no
exterior após ser ameaçado em função de matérias sobre o ex-chefe da Rota, vereador
Paulo Telhada. Em julho, Caramante publicou uma matéria em que afirmava que
Telhada incitava a violência no Facebook. O jornalista tomou a decisão de sair
do Brasil depois que seus filhos também passaram a ser ameaçados. Durante o
tempo em que passou no exterior, Caramente seguiu trabalhando para a Folha.
Fernandópolis (SP) - O jornalista Frederico Guerra, do
portal Região Noroeste (RN), foi absolvido em ação de indenização movida pelo ex-jogador
de futebol Tiago Nunes. Em primeira instância, o jornalista e o RN haviam
sido condenados a pagar R$ 15 mil ao jogador. No entanto, o Tribunal de Justiça
(TJ) reformou a sentença. A ação foi aberta por Pansani após a publicação de
uma matéria sobre uma partida em Fernandópolis, da qual o jogador não teria
participado. Porém, em entrevista reproduzida por Guerra, originada de uma
rádio local, um torcedor denunciava que Pansani “havia jogado uma pelada e
tomado cachaça” no dia anterior ao jogo.
Pelo mundo
Suíça – A ONG Campanha Emblema para a Imprensa denuncia
que, em 2012, o Brasil se transformou no quarto país mais perigoso para se trabalhar
como jornalista no mundo. A
situação brasileira é pior que a do Afeganistão, Iraque ou Gaza, segunda a ONG.
Em um ano, onze profissionais da imprensa foram assassinados, um recorde no
País. Somando os assassinatos no Afeganistão, Iraque ou Gaza, o número de
vítimas chega a oito. Apenas Síria, Somália e Paquistão vivem cenários mais
dramáticos para os jornalistas que o Brasil. A instituição defende maior
proteção a jornalistas em locais de risco. Segundo a instituição, com sede em
Genebra, 2012 marcou um número recorde de assassinatos de profissionais pelo
mundo. No total, foram 139 mortes, em 29 países.
EUA - O Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ) revelou
que pelo menos 67 jornalistas foram mortos no exercício da profissão em 2012. O conflito na Síria foi o maior responsável
pelo número, com 28 repórteres mortos no país. A marca é a terceira maior
registrada pelo CPJ, atrás de 74 mortes, em 2009, e 70, em 2007.
França – A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) divulgou
seu relatório mostrando que o ano de 2012 foi traumático para os jornalistas. Somente neste ano, 88 repórteres foram mortos
enquanto exerciam a profissão, número que representa um aumento de 33% com
relação ao ano passado. Desde 1995, ano em que a organização começou a
computar estes dados, os números não eram tão alarmantes. Destes 88 jornalistas
que perderam a vida em 2012, praticamente todos foram vítimas da cobertura de
conflitos armados ou atentados, ou foram assassinados por grupos ligados ao
crime organizado, milícias islâmicas ou a mando de oficiais corruptos.
EUA II - Os membros
do conselho da Fundação Liberdade de Imprensa, criada recentemente como forma
de apoio ao WikiLeaks e a outras pequenas organizações de jornalismo independente,
destacaram em um editorial publicado no The Huffington Post que o Departamento
de Justiça do presidente Barack Obama foi o que mais processou fontes sob a Lei
de Espionagem, em comparação a governos anteriores. Fundada por John Perry
Barlow e Trevor Timm, a Fundação Liberdade de Imprensa ajuda a financiar
jornalismo de interesse público, em geral praticado por pequenos veículos sem
vínculos com o governo e que têm como principal objetivo denunciar a corrupção
dentro dos meios políticos.
Sudão do Sul - A embaixada norte-americana anunciou que o
FBI vai investigar o assassinato de Diing Chan Awuol, o jornalista, blogueiro e
comentarista político, morto a tiros no início de dezembro. Colegas de
trabalho afirmam que Awuol vinha recebendo ameaças de morte. Oficiais da
embaixada destacaram que o caso levanta preocupações sobre a liberdade de
imprensa na nova nação.
Síria - O jornalista americano Richard Engel e sua equipe
de produção, todos da NBC, foram libertados em 17 de dezembro. O grupo entrou em território sírio no último
dia 13, e desde então não mantinha contato. Ao ser entrevistado, Engel afirmou “ter
uma boa ideia” de quem os havia sequestrado e acusou militares pró-regime.
Chile - A Sala de Contas da Corte de Apelações de
Santiago aceitou o pedido de proteção para o jornalista e editor Maurício
Weibel, da agência de notícias alemã DPA. O autor do livro “Associação
ilícita: Os arquivos secretos da ditadura” tem sido intimidado. Primeiro, o
carro do jornalista foi roubado em sua casa, depois, um policial foi até sua
antiga residência e pediu informações detalhadas sobre sua família ao zelador.
Recentemente, dois computadores foram roubados de sua residência, sendo que um
dos aparelhos continha detalhes das investigações que o jornalista desenvolveu
como correspondente da Agência Alemã de Imprensa.
Argentina – Um veículo da Radio 2, da cidade de Rosário, foi atingido por um disparo em 20 de
dezembro quando o repórter Pablo
Procopio cobria a situação das pessoas
afetadas pela inundação que ocorreu na cidade. Ninguém se feriu
durante o incidente. Segundo testemunhas, durante a confusão gerada pela
inundação, um carro da marca Renault, de cor branca, tentava abrir espaço no
meio da multidão, e por isso teria disparado contra o veículo da rádio. Um dos
estilhaços do vidro atingiu um dos pedestres, que não teve maiores ferimentos.
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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br)
disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e
estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao
livre exercício da profissão de jornalista.
O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados
pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a
resenha semanal das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de
imprensa e expressão.
Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj
(www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa, Abert
(www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa
(www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa
(www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Sociedade
Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas
(www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal
(www.jornalistas.online.pt)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras
(www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se, Comitê de Proteção aos Jornalistas
(Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas
(knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom
House (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan.org),
Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre
exercício da profissão de jornalista.
Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero