terça-feira, 30 de junho de 2020

BOLETIM 6 ANO XV


A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO

Destaques: Jornalistas sofrem ameaças e agressões no interior do RJ e do RS. Censura prévia impede publicação de reportagem de afiliada da Globo no RS. China prende mais um ativista que divulga efeitos da Covid19. Profissionais e veículos de comunicação são atacados durante protestos nos EUA.

Pelo Brasil
Cabo Frio (RJ) - A jornalista Renata Cristiane de Oliveira, proprietária do Portal RC24H, sofreu ameaças e xingações em 17 de junho do deputado estadual Mauro Bernardo (Pros). O parlamentar que é policial militar aposentado publicou um vídeo em suas redes sociais onde, exaltado, chama a jornalista de ‘mentirosa’ e a desafia a comprovar informações que o portal reproduziu de matéria da Revista Veja. No texto, Bernardo é apontado como o nome do governador Wilson Witzel (PSC) à Prefeitura de Cabo Frio e que tem parentes nomeados no Governo do Estado. Horas mais tarde, Renata fez uma ‘live’ no Facebook na qual desmentiu o parlamentar e apresentou documentos que comprovam a nomeação de parentes tanto no Governo do Estado, como na Assembleia Legislativa (Alerj).
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Óbidos (PA) – O jornalista Ronaldo Brasiliense, proprietário do site de notícias Portal da Amazônia, teve sua residência revistada pela Polícia Civil em 16 de junho, em cumprimento a mandado de busca e apreensão assinado pelo juiz Heyder Ferreira, da primeira Vara de Inquéritos Policiais e Medidas Cautelares de Belém. Os agentes também apreenderam documentos, celular e dois computadores do profissional, sem informar qual inquérito resultou na operação. Brasiliense, jornalista com mais de 40 anos de experiência, com passagens por grandes jornais, também foi vencedor de dois Prêmios Esso. Dias depois da ação, o jornalista ainda não havia conseguido resgatar suas ferramentas de trabalho. Ele afirma ter sido vítima de perseguição por parte do governador Helder Barbalho, do MDB, embora não tenha apresentado provas. “É pura retaliação e perseguição política. Levaram meus instrumentos de trabalho, e preciso deles para trabalhar. Sem contar o constrangimento de ter policiais invadindo minha casa”, afirmou Brasiliense.
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Alegrete (RS) - O repórter Alex Stanrlei e o diretor Paulo de Tarso Pereira, do jornal Em Questão, foram agredidos e detidos após incidente envolvendo a cobertura de um caso de abigeato (roubo de gado) em 18 de junho. Stanrlei estava em frente à delegacia da cidade, onde seria registrada a ocorrência do roubo de uma propriedade do Exército em Rosário do Sul, cidade próxima. Ele foi impedido de fotografar, teve o celular apreendido, levou chutes e chegou a ser algemado. Mantido sentado no chão em frente à delegacia por policiais da Brigada Militar (BM), Stanrlei conseguiu chamar o proprietário do jornal. Chegando ao local, Pereira questionou por que o repórter estava detido e a resposta dos policiais teria sido de que a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) de Stanrlei estava vencida e que ele não portava documentação. Segundo o diretor, os policiais ainda pediram que ele provasse que era o proprietário do jornal e zombaram de sua idade. “O senhor é um velho, não poderia estar na rua, estamos em uma pandemia”, teriam dito os policiais a Pereira, jornalista desde os 18 anos. De acordo com o jornalista, os policiais não aceitaram os questionamentos sobre impedir o livre exercício da atividade jornalística e agrediram os repórteres logo após arrancarem o celular de sua mão. “Um me atacou e me deu uma gravata, começou a me asfixiar. O Alex se levantou para me defender e foi agredido também, começaram a chutar. Foi algemado, pegaram o celular dele. Fiquei com lesões no pescoço, fiquei no chão e achei que ia morrer”, relatou o diretor. Pereira foi liberado da delegacia de madrugada, somente após o registro da ocorrência do caso de abigeato, que era tema da cobertura jornalística, e após o registro da ocorrência dos policiais contra os jornalistas. Os policiais alegaram desacato e que foram insultados. Por fim, o jornalista pôde registrar sua própria ocorrência sobre a agressão sofrida. A agressão foi repudiada por entidades como ANJ (Associação Nacional de Jornais), ABI (Associação Brasileira de Imprensa), ARI (Associação Riograndense de Imprensa) e Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo). A Secretaria de Segurança Pública do RS disse que a Brigada Militar instaurou um inquérito. Já o Comando Militar do Sul afirmou que “não há registro de agressões promovidas pelos militares do Exército.

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Rio Claro (SP) – O Jornal da Cidade Online e seu editor, José Pinheiro Filho, foram condenados pela juíza Katia Bugarim, da 42ª Vara Cível do RJ a indenizar em R$ 80 mil a desembargadora Geórgia de Carvalho Lima, do Tribunal de Justiça do RJ, por danos morais. O texto que motivou a condenação incluía a magistrada numa cota de influência de Adriana Ancelmo, ex-primeira dama do estado, associando o seu nome ao esquema de corrupção do ex-governador Sergio Cabral (MDB). A publicação apontava que ela teria sido indicada ao cargo em troca de favores à ex-primeira dama na Corte. Na petição inicial, a desembargadora, representada pelos advogados Fernando Orotavo Neto e Eduardo Biondi, explica que nunca teve contato com Ancelmo e que foi nomeada ao cargo por antiguidade. A juíza também registrou o fato de que a desembargadora é magistrada de carreira, o que torna falsa a reportagem, e o favorecimento à Adriana Ancelmo impossível de ter acontecido. “A demandante é magistrada concursada há 28 anos e ingressou na segunda instância pelo critério da antiguidade, circunstância que, per si, revela não apenas o  conteúdo falso da matéria publicada pelos réus, eis que tal promoção não comporta qualquer participação discricionária do chefe do Poder Executivo estadual, como também a absoluta falta de zelo dos demandados ao divulgar informações que podiam ser facilmente checadas no sítio eletrônico do próprio tribunal. De modo que a relação de favorecimento afirmada naquele texto, vinculando o nome da autora dentre os supostos devedores de favor e comprometidos com interesses escusos de terceiro que responde a incontáveis ações criminais, inclusive por crimes envolvendo corrupção, jamais poderia sequer ter existido.”
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São Paulo (SP) I - O Blog da Cidadania deve pagar R$ 20 mil ao governador João Doria (PSDB/SP), por decisão do juiz Gustavo Marzagão, da 35ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de SP, em razão da postagem “Funcionário de Doria gastou dinheiro público com prostituição”, que se referia a Claudio de Oliveira Torres, ex-Diretor da Agência de Fomento do Estado de SP. Além da indenização, o blog também foi condenado a publicar uma retratação. Na ação, Doria aponta má-fé dos responsáveis pelo veículo e alega que a notícia falsa tinha como objetivo “denegrir a sua imagem e a administração que exerce como governador do Estado de São Paulo”. O texto afirma que Claudio de Oliveira Torres, ex-diretor financeiro da Agência de Fomento do Estado de São Paulo (Desenvolve SP), gastou dinheiro público no montante de R$ 459,00 no Alfa Pub, casa de shows famosa em Brasília por ser um ponto de prostituição frequentado por políticos e empresários. Ao analisar o caso, o juiz aponta que a nota fiscal exibida na reportagem foi emitida em 2013, época em que o autor ainda não havia iniciado o seu mandato como governador do Estado de São Paulo, o que só veio a ocorrer seis anos depois, em janeiro de 2019, como é notório. Os responsáveis pelo blog confirmaram o erro na reportagem. A hipótese foi descartada pelo magistrado. Isso porque houve “deliberada vontade de denegrir a honra do autor mediante a modificação dolosa de matéria divulgada em outro canal de comunicação, nela adicionando, gratuita e injustificadamente, a falsa informação de que a pessoa que teria gastado dinheiro público em um bar conhecido por ser ponto de prostituição era funcionário do autor”. O juiz estava se referindo a reportagem publicada no jornal O Estado de S. Paulo, da qual não consta que “Claudio era ou tenha sido funcionário do autor”. “Aliás, não há qualquer menção ao autor, que não foi citado nenhuma vez, seja na manchete, na foto ou no corpo da matéria”, diz trecho da sentença. Por fim, o juiz determinou que, além da multa, o réu pague as despesas processuais e os honorários advocatícios no valor de 10% da condenação. Ele também foi condenado a excluir toda e qualquer menção ao nome de Doria da matéria objeto da demanda.
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Brasília (DF) I – O youtuber, empresário, ator e comediante Felipe Neto Rodrigues Vieira foi condenado pela juíza Giselle Rocha Raposo, do 3º Juizado Especial Cível de Brasília (DF) a indenizar o atual presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier Silva, por postagem em rede social. Segundo os autos, o réu usou sua conta na rede social Twitter para se manifestar sobre a nomeação de Marcelo Augusto para o cargo de presidente da Funai, que assumiu o comando da instituição em julho do ano passado, escrevendo: “Bolsonaro anunciou o novo presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio). O sujeito já ajudou invasores de terras indígenas, foi reprovado em prova da PF por problemas psicológicos e AGREDIU O PAI IDOSO COM UM MURRO NA CARA. Jair Bolsonaro odeia os indígenas e nunca escondeu isso, mas colocar um sujeito com problemas mentais e que JÁ AJUDOU INVASORES DE TERRAS INDÍGENAS pra ser presidente da FUNAI vai além de todos os limites da perversidade humana. O cara é podre por dentro.” Ao analisar o caso, a magistrada destacou que o réu ultrapassou “os limites do exercício da liberdade de expressão” ao lançar ponderações desnecessárias e descontextualizadas. Isso porque, ao contrário das reportagens juntadas aos autos, o réu, “ao tecer seus comentários sobre o autor, não trouxe qualquer ressalva ou menção que os fatos ali citados estavam sob investigação, expondo partes de reportagens avulsas e descontextualizadas acerca das investigações dos supostos ilícitos cometidos pelo autor”.  Segundo a julgadora, “é certo que, a despeito da vida pública, os comentários do réu, que possui alcance e efeitos muitas vezes maiores que os veículos de comunicação tradicionais, com intuito de denegrir a imagem do autor, foram capazes de gerar ofensa moral e o consequente dever de indenizar”. Dessa forma, o réu foi condenado a pagar ao autor a quantia de R$ 8 mil a título de danos morais. Além disso, terá que retirar as publicações em questão de seu Twitter  no prazo de 10 dias a contar do trânsito e julgado da decisão, sob pena de multa diária de R$ 500,00. 
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Brasília (DF) II - A TV Record deve indenizar em R$ 200 mil o ex-promotor Thales Ferri Schoedl, que em 2004 foi preso em flagrante por atirar contra dois estudantes numa festa na praia de Bertioga, no litoral paulista, matando um e ferindo gravemente o outro. Schoedl, que estava em período probatório no Ministério Público à época dos fatos, foi absolvido pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça de SP em novembro 2008 — decisão anulada pelo STF em 2018. De agosto de 2007 a outubro de 2008, ele foi alvo de seguidas reportagens da TV Record, que induziram a opinião pública e violaram sua privacidade. A 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça manteve a condenação pois entendeu que “se em vez de informar a sociedade ou promover debate crítico acerca de tema de interesse social, o veículo de imprensa decide expor de forma sensacionalista a situação em que o acusado se encontra, de modo a induzir seus telespectadores ao prejulgamento social, então surge o dever de indenizar.” A emissora usando, por exemplo, de câmeras escondidas, fez um jornalista se passar por frequentador da academia para interagir com o acusado e fez simulação computadorizada de fatos que ainda não tinham sido completamente apurados na via judicial. O valor foi mantido em R$ 200 mil porque as reportagens foram exibidas em programas de alcance nacional e estadual, com violações repetidas mais de dez vezes, e também pela capacidade financeira da TV Record e o caráter pedagógico-punitivo.
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Recife (PE) – O Diário de Pernambuco está respondendo processo de indenização por danos morais desde 1993 quando publicou entrevista com Wandenkolk Wanderley, delegado da polícia à época da ditadura militar e que posteriormente virou político. No texto, Wanderley afirmou que Ricardo Zarattini — que foi deputado federal pelo PT paulista — participou do atentado a bomba no aeroporto dos Guararapes, de Recife, em 1966. O alvo do atentado era o marechal Costa e Silva, então ministro do Exército e candidato à sucessão presidencial. Duas pessoas morreram e 14 ficaram feridas. O envolvimento de Zarattini nunca foi comprovado, fazendo com que o mesmo entrasse na Justiça contra o jornal. O pleito foi deferido na primeira instância, mas revertido pelo TJ-PE. No recurso especial, mais uma reviravolta: segundo o STJ, Zarattini tinha direito a indenização — embora o argumento que sustentou a decisão tenha sido heterodoxo. O caso chegou então ao STF, que reconheceu em maio de 2018 a repercussão geral da questão constitucional. A Associação Nacional dos Jornais (ANJ) ingressou no processo como terceira interessada. O recurso extraordinário foi distribuído ao ministro Marco Aurélio. Em seu voto, o relator reformou a decisão do STJ, julgando improcedente o pedido de indenização a Zarattini. O julgamento está suspenso por pedido de vistas do ministro Alexandre de Moraes. A sentença deverá caracterizar se um jornal que publica uma entrevista pode ser responsabilizado pelo teor do que diz o entrevistado.
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São Paulo (SP) II - O jornal Folha de S. Paulo e os cartunistas Laerte, João Montanaro, Alberto Benett e Claudio Mor estão sendo interpelados judicialmente, em razão da publicação de cinco charges críticas à violência policial. Os cartuns foram publicados em dezembro de 2019, após a ação policial que deixou nove mortos em Paraisópolis, São Paulo. Seis meses depois, uma Associação de Oficiais Militares do Estado de São Paulo em Defesa da Polícia Militar, Defenda PM, entrou na Justiça com pedido de esclarecimento criminal para o Grupo Folha e os artistas.
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Brasília (DF) III – O jornalista e blogueiro Ricardo Noblat, da revista Veja, e o cartunista Aroeira, foram alvo de pedido de investigação à Polícia Federal e Procuradoria-Geral da República. O procedimento foi solicitado pelo ministro da Justiça com base na Lei de Segurança Nacional, em razão de charge onde o presidente transforma uma cruz vermelha em suástica, símbolo do nazismo. Bolsonaro aparece ao lado da pintura segurando uma lata de tinta e um pincel, e perguntando: “bora invadir outro?”. A Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República acusou Noblat de estar cometendo crime de falsa imputação. “Falsa imputação de crime é crime. O senhor Ricardo Noblat e o chargista estão imputando ao presidente da República o gravíssimo crime de nazismo; a não ser que provem sua acusação, o que é impossível, incorrem em falsa imputação de crime e responderão por esse crime”, diz mensagem publicada pela Secom.
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Espumoso (RS) – A RBS TV esteve durante 11 dias impedida de publicar reportagem do jornalista Giovani Grizotti sobre pessoas que sacaram o auxílio emergencial do governo sem precisar. A censura prévia foi derrubada e a matéria foi exibida em 28 de junho, no programa Fantástico, da Rede Globo. O impedimento ocorreu a pedido da comerciante Ana Paula Brocco, que sacou o dinheiro. Na Justiça, ela conseguiu, em duas instâncias, censura prévia sobre notícia que questionava se ela preenchia os critérios para receber o benefício. A matéria destaca que Ana Paula já viajou por vários países e está de casamento marcado no Caribe. Mesmo assim, ela conseguiu receber o auxílio emergencial de R$ 600 do governo. O juiz Daniel da Silva Luz, da comarca de Espumoso, concedeu liminar impedindo que o nome e a imagem dela fossem publicados em reportagem. A RBS TV recorreu, com o argumento de que a Constituição brasileira proíbe a censura prévia. A liminar que impedia a publicação da reportagem foi mantida pela desembargadora Maria Isabel Souza, da 19ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do RS. A censura foi derrubada no último dia 26, em despacho da própria desembargadora Maria Isabel, que reconsiderou sua decisão inicial. A magistrada apontou que não há uma "situação excepcional" a justificar uma intervenção prévia à liberdade de imprensa.
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Brasília (DF) IV- A Netflix e a produtora e grupo humorístico Porta dos Fundos recebeu parecer favorável da Procuradoria-Geral da República no caso da censura ao filme "Especial de Natal Porta dos Fundos: A Primeira Tentação de Cristo", lançado no fim de 2019. A exibição do especial natalino havia sido suspensa em janeiro por decisão do desembargador Benedicto Abicair, do Tribunal de Justiça do RJ, mas voltou ao ar graças a liminar concedida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli. A ação foi originalmente movida pela Associação Centro Dom Bosco de Fé e Cultura. De acordo com a entidade, na produção, “Jesus é retratado como um homossexual pueril, Maria como uma adúltera desbocada e José como um idiota traído”. Segundo a instituição, o filme viola a liberdade religiosa e a dignidade da pessoa humana. De acordo com parecer da PGR, assinado pelo subprocurador-geral da República José Elaeres Teixeira, a proibição da exibição do filme tem o caráter de censura prévia do Estado, o que "viola o entendimento firmado na ADPF 130, relator Ministro Ayres Britto, que é enfático na proibição da censura". Além disso, o parecer ressalta o fato de que é fundamental preservar a livre circulação de ideias, a não ser em situações em que se verifique a incitação ao ódio e ao cometimento de delitos, o que não é o caso, de acordo com o documento.

Pelo mundo
China - O site Weiquan Wang, dedicado a notícias sobre ativistas perseguidos pelo governo chinês, informou que a ativista Zan Zhang, que viajou para a cidade de Wuhan em fevereiro, a fim de denunciar o surto do novo coronavírus, foi presa novamente em 19 de junho. Zhang seria a quarta ativista silenciada por autoridades chinesas por tentar documentar os efeitos da pandemia. Advogada e ativista de direitos humanos, Zhang perdeu sua licença profissional depois que participou de uma petição em 2017 contra uma lei local sobre advogados. Ao chegar a Wuhan, no início de fevereiro, Zhang passou a atuar como repórter, postando vídeos e entrevistas no WeChat, Twitter e YouTube. Em 13 de maio, Zhang postou um vídeo criticando o plano de realizar testes do novo coronavírus, alegando que o preço deles era muito alto (25 dólares por pessoa). Zhang também criticou as táticas de intimidação adotadas pelas autoridades de Wuhan para controlar a propagação do vírus.
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EUA – Diversos episódios de agressão a profissionais de imprensa e a veículos de comunicação foram registrados durante os protestos pela morte do segurança George Floyd, ocorrida em 25 de maio, em Minneapolis. Além da invasão da sede da CNN, em Atlanta, e da prisão do repórter Omar Jimenez , da mesma CNN, enquanto transmitia ao vivo as manifestações em 28 de junho (ele só foi solto uma hora depois, quando o governador de Minnesota interveio), outros jornalistas foram vítimas de uma série de ataques ao cobrir a onda de tumulto que se espalhou pelo país. A jornalista independente Linda Tirado perdeu a visão de seu olho esquerdo após ser atingida por uma bala de borracha disparada pela polícia em 29 de maio, em Minneapolis. Um jornalista da Fox News que estava em frente à Casa Branca foi agredido e perseguido por manifestantes até que a polícia o salvasse. Em Pittsburgh, Pennsylvania, o fotógrafo Ian Smith foi espancado por manifestantes, até que outros manifestantes o salvassem. Já em Louisville, Kentucky, um policial das forças de choque lançou gás lacrimogêneo contra uma equipe de televisão da rede local WAVE-3. O Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ) disse em nota que as "autoridades das cidades de todo os EUA precisam ordenar à polícia que não ataque jornalistas".
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Fontes: http://www.abi.org.br, https://www.abraji.org.br/, http://fenaj.org.br/,  https://www.conjur.com.br/areas/imprensa, http://www.portalimprensa.com.br/, http://artigo19.org/, https://portal.comunique-se.com.br/; https://www.coletiva.net/, Sociedade Interamericana de Imprensa (https://pt.sipiapa.org/contenidos/home.html), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.eu)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se (portal.comunique-se.com.br), Comitê de Proteção aos Jornalistas (New York) (https://cpj.org/pt/), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas(https://knightcenter.utexas.edu/pt-br/), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom House (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan-ifra.org), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.

Pesquisa e edição Vilson Antonio Romero (RS)
e-mail: vilsonromero@yahoo.com.br

quinta-feira, 11 de junho de 2020

BOLETIM 5 ANO XV

A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO

Destaques: Morte de jornalista no interior do RJ ainda sem solução. OAB e Abraji lançam cartilha em defesa da imprensa. México registra mais um assassinato de comunicador. China segue detendo profissionais que divulgam a pandemia.

Pelo Brasil
Araruama (RJ) - O jornalista Leonardo Pinheiro, do perfil A Voz Araruamense, no Facebook, foi morto a tiros na tarde de 13 de maio no bairro de Parati. Segundo testemunhas, Leonardo gravava entrevista com os moradores do bairro no momento do crime. Relatos dão conta de que os assassinos teriam mandado a vítima se ajoelhar e dispararam, ao menos, três tiros. Pinheiro, que também era líder comunitário e atuava em projetos sociais, morreu no local. Foi aberto inquérito na 118ª DP. Nenhum suspeito foi preso ainda.
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Santa Luzia (MG) - Paulo César de Almeida, suspeito de participação no assassinato do jornalista Maurício Campos Rosa, do jornal O Grito, foi preso durante uma blitz de trânsito na região metropolitana de Belo Horizonte na noite de 10 de maio. Maurício havia sido morto a tiros na noite de 17 de agosto de 2016, próximo a um veículo com a identificação do jornal. A então prefeita Roseli Pimentel chegou a ser presa em setembro de 2017 por suspeita de envolvimento na morte do profissional, mas foi solta por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ela e outro sete acusados do crime vão à júri popular pela participação no crime. Almeida estava foragido desde 2017 por causa da morte do jornalista.
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Belo Horizonte (MG) – A polícia analisa as imagens de câmeras de monitoramento próximas ao Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), para identificar os autores das pichações com ameaças contra jornalistas. A polícia também pede para quem tiver informações sobre o caso que entre em contato através do 181. Frases como “Mate um jornalista por dia”, “Jornalista bom é jornalista morto” e “Colabore com a limpeza do Brasil, mate um jornalista, um artista, um comunista por dia” apareceram pichadas em 14 de maio em um tapume ao lado do hospital, no bairro Santa Efigênia. As ameaças foram cobertas com cartazes que buscam valorizar os profissionais da imprensa, com os dizeres: “jornalista bom é jornalista que incomoda”, “viva o jornalista”, “jornalista bom é jornalista vivo”, “sou jornalista e não me calo” e “respeita os jornalistas!”
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São Paulo (SP) - A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) firmou convênio com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) para orientar juridicamente jornalistas vítimas de ameaças e assédio online. Uma das ações desse convênio foi o lançamento de uma cartilha com orientações aos profissionais, elaborada pelo Observatório de Liberdade Imprensa e a Abraji, sob coordenação do advogado Pierpaolo Bottini. A divulgação do documento ocorreu durante seminário virtual sobre liberdade de imprensa e segurança de jornalistas em 27 de maio. Os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República, Augusto Aras, o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, e a jornalista Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S.Paulo, participaram do debate que teve como pauta os recentes ataques contra jornalistas, principalmente durante a cobertura da pandemia da covid-19, e os riscos que esses episódios representam para a democracia.
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Aracaju (SE) - O empresário e ex-senador Roberto Cavalcanti, em entrevista ao programa Correio Debate, da rádio Correio, afirmou em 14 de maio que jornalistas e radialistas deveriam ser apedrejados por divulgar números de mortes causadas pelo novo coronavírus no Brasil. Proprietário do Sistema Correio de Comunicação, ao qual pertence a rádio Correio, o empresário foi senador pelo Republicanos e acabou, depois, pedindo desculpas pela declaração. Mas seguiu criticando as autoridades que defendem o isolamento social como forma de minimizar os efeitos da pandemia.
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Brasília (DF) I - A repórter Clarissa Oliveira, da Band TV, registrou boletim de ocorrência numa delegacia policial, em razão da agressão sofrida em 17 de maio quando cobria uma manifestação em frente ao Palácio do Planalto. A jornalista foi atingida com o mastro de uma bandeira por uma apoiadora do presidente da República. Clarissa afirmou que a agressora circulava com a bandeira, criticando os profissionais de imprensa e se referindo aos jornalistas como 'lixo'. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, postou no Twitter que a agressão “é absolutamente inadmissível”.
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Rio de Janeiro (RJ) - A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) disponibilizou, em seu portal na Internet, um espaço denominado SOS Jornalistas para a publicação e denúncia de ameaças e casos de violência contra jornalistas no exercício da profissão e contra veículos de comunicação em todo o Brasil. A ABI também deverá encaminhar as denúncias às autoridades policiais, ao Ministério Público e aos órgãos competentes para que sejam tomadas medidas de proteção às pessoas e organizações ameaçadas.
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Brasília (DF) II - O manifesto “Democracia se constrói com informação de qualidade, sem censura e sem Fake News” foi publicado em 25 de maio por entidades, veículos de comunicação e jornalistas. O documento, assinado por representações como a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraco), Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), debate questões como: de que forma enfrentar a desinformação sem censura? Quais serão os critérios? Quem analisará os conteúdos? A iniciativa parte de um projeto de lei (PL) sobre o tema que irá a votação no Senado Federal. O PL 2630/2020, que institui a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, tem como autor o senador Alessandro Vieira (PL/SE). O documento afirma que “não se pode, sob o pretexto de combater as fake news, criar mecanismos privados de avaliação da veracidade de conteúdos jornalísticos”. Conforme o texto, o combate deve se dar “criando instrumentos legais e usando os já existentes para desmontar os gabinetes de ódio”. O manifesto também pede responsabilização civil e criminal de empresas e agentes públicos que “financiam essas estruturas para fabricar e disseminar de forma artificial esses conteúdos que podem trazer danos à vida e à democracia”. Outras reivindicações são a exigência de informações transparentes das plataformas, sobre os mecanismos de mediação de conteúdos e um debate amplo que inclua “os mais variados setores sociais na discussão de propostas concretas”.
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Rio de Janeiro (RJ) - O apresentador William Bonner, editor-chefe do Jornal Nacional, da TV Globo, vem sendo vítima de uma “campanha de intimidação”. O jornalista e uma das suas filhas receberam mensagens em seus telefones pessoais contendo os endereços e os números de CPFs relacionados à família. Os dados fiscais sigilosos - protegidos pela Constituição - vazaram, o que, segundo a Globo, “abre a porta para toda sorte de fraudes”. O jornalista denunciou, há dias, o uso indevido de CPF de seu filho, que um estelionatário inscreveu no programa federal de apoio emergencial à população. Diversas entidades se solidarizaram com o jornalista e sua família.

Pelo mundo
México - O jornalista Jorge Armenta, proprietário dos jornais El Tiempo e Medios Obson, foi morto ao deixar um restaurante no centro de Ciudad Obregón, na tarde de 16 de maio. Ele foi o terceiro jornalista assassinado no país desde o início do ano. Jorge recebia ameaças de morte e já estava enquadrado no Mecanismo de Proteção para Pessoas Defensoras dos Direitos Humanos e Jornalistas. Um policial municipal que acompanhava o jornalista também morreu no ataque. Um outro foi ferido.
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EUA I - O correspondente Omar Jimenez, o produtor Bill Kirkos e o fotógrafo Leonel Mendez, da rede CNN, foram presos e algemados enquanto faziam entrada ao vivo de Minneapolis na manhã de 29 de maio. A equipe cobria os protestos que que ocorrem desde o dia 27 quando foi morto George Floyd, um homem negro, que estava sob custódia da polícia. A CNN tuitou: “Um repórter negro da CNN foi preso enquanto cobria legalmente os protestos em Minneapolis. Um repórter branco que também estava no local não foi”.
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Porto Rico – A rede Voces del Sur (VDS) aponta que os jornalistas sofreram, pelo menos, 87 ataques na América Latina no período de 1º de março a 21 de abril, quando foram registrados os primeiros casos de Covid-19 na região. Os ataques foram monitorados por oito organizações que integram a Voces del Sur: Fundamedios (Equador), Abraji (Brasil), Fundação Violeta Barrios de Chamorro (Nicarágua), Associação Nacional de Imprensa (ANP Bolívia), Comitê de Expressão Livre (C-Libre Honduras), Instituto Demos (Guatemala) e o Instituto Prensa e Sociedade (Ipys Venezuela e Peru). A Venezuela encabeça a lista, com 22 agressões e 14 prisões arbitrárias. O Brasil vem a seguir, com 24 violações, entre elas 13 agressões a profissionais da imprensa e nove discursos estigmatizantes, sendo oito feitos pelo presidente da República e um pelo ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta, além de dois assédios virtuais, feitos pelo pastor Silas Malafaia em uma live, e pelo deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), no Twitter.
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EUA II – O presidente Donald Trump ameaçou em 27 de maio regulamentar ou fechar companhias de mídia social que “sufocarem as vozes conservadoras”, em retaliação à decisão inédita do Twitter de anexar alerta de conteúdo duvidoso nos tuítes do governante. A ameaça de Trump de regulamentar e fechar gigantes de tecnologia contemplaria também o Facebook e foi considerada a mais contundente em toda a trajetória política do presidente. O Twitter aplicou rótulos de verificação de fatos em tuítes de Trump sobre a votação nos EUA por via postal. Os responsáveis pela rede social colocaram um ponto de exclamação azul ao lado dos tuítes do presidente, como alerta de que as afirmações tinham sido negadas por verificadores de fatos. A União Americana pelas Liberdades Civis lembrou que a Primeira Emenda da Constituição dos EUA impede Trump de fechar empresas de mídia social ou mesmo regulamentar por decreto suas formas de atuação. E um Tribunal de Apelações em Washington rejeitou uma ação movida por um grupo conservador alegando que Google, Facebook, Twitter e Apple conspiram para “suprimir visões políticas conservadoras”.
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China - O jornalista Zhang Zhan foi detido após transmitir vídeos de Wuhan, em plataformas de mídia social como YouTube e Twitter, que são proibidas no país. Ele é o quarto jornalista que desaparece depois de relatar atividades em Wuhan. Seu último vídeo, publicado em 13 de maio, criticou as tentativas das autoridades chinesas de conter o novo coronavírus. Desde sua chegada a Wuhan, no início de fevereiro, Zhan publicou entrevistas com empresários que foram severamente afetados pela pandemia e com trabalhadores que lutavam para encontrar trabalho na cidade. Sua família descobriu que ele se encontra em um centro de detenção em Xangai, acusado de “provocar problemas”. Se for condenado, pode pegar até cinco anos de prisão.
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Fontes: http://www.abi.org.br, https://www.abraji.org.br/, http://fenaj.org.br/,  https://www.conjur.com.br/areas/imprensa, http://www.portalimprensa.com.br/, http://artigo19.org/, https://portal.comunique-se.com.br/; https://www.coletiva.net/, Sociedade Interamericana de Imprensa (https://pt.sipiapa.org/contenidos/home.html), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.eu)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se (portal.comunique-se.com.br), Comitê de Proteção aos Jornalistas (New York) (https://cpj.org/pt/), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas(https://knightcenter.utexas.edu/pt-br/), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom House (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan-ifra.org), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.

Pesquisa e edição Vilson Antonio Romero (RS)
e-mail: vilsonromero@yahoo.com.br

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