segunda-feira, 3 de novembro de 2025

BOLETIM 10 - ANO XX - OUTUBRO DE 2025

 A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO

Destaques: Justiça determina retirada de conteúdos em veículos de RO, RJ e PR. Profissionais sofrem agressões e ameaças em SP e PI. ONG Repórteres Sem Fronteiras denuncia dezenas de mortes e prisões de jornalistas desde janeiro. SIP alerta para deterioração da liberdade de imprensa na América Latina.

NOTAS DO BRASIL

Itacoatiara (SP) – O repórter Melk Santos, do Portal Online Multimídia, sofreu ameaças de prisão por parte do vereador Hygor Magalhães (Democracia Cristã), no plenário da Câmara Municipal, durante a sessão plenária de 14 de outubro. O jornalista acompanhava a votação do arquivamento do pedido de cassação do vereador Ney Nobre (MDB), condenado a mais de 10 anos de prisão por fraudes no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). O parlamentar ameaçou algemar o repórter caso não saísse voluntariamente do plenário. Vídeo que circula nas redes sociais mostra que Hygor se exaltou com a presença do repórter e ordenou que ele saísse da sala. O repórter acata a ameaça e deixa o local. Antes da confusão, Hygor havia criticado a imprensa em discurso. Ele afirmou que a população “não deve acreditar em tudo que se publica em portais e transmissões ao vivo”. A declaração motivou reação do repórter, que tentou se manifestar, mas foi interrompido.

Natal (RN) – O jornalista independente Habyner Lima foi processado pela vice-prefeita Joana Guerra, após publicar um vídeo em suas redes sociais expondo nomeações de familiares em cargos comissionados da Prefeitura. No vídeo, que já ultrapassa 100 mil visualizações, Habyner revela que a namorada da vice-prefeita, Aene Fernandes, ocupa o cargo de chefe da Assessoria Jurídica da Secretaria de Infraestrutura, e que o pai de Joana, José Lucilo Guerra, chegou a ser nomeado chefe do Setor de Serviços de Drenagem do município. Guerra disse desconhecer a nomeação do pai, feita pelo prefeito Paulinho Freire, e o relacionamento com Aene não configuraria união estável, o que afastaria qualquer irregularidade prevista na Súmula Vinculante nº 13 do Supremo Tribunal Federal (STF). A publicação repercutiu nas redes sociais e gerou debate sobre possíveis casos de nepotismo na administração municipal. Em resposta, a vice-prefeita entrou com uma ação judicial pedindo a retirada dos vídeos do Instagram e uma indenização de R$ 30 mil por danos morais. A tutela de urgência que solicitava a retirada do vídeo foi negada. 

São Leopoldo (RS) - O Sindicato de Jornalistas Profissionais do RS (SindJoRS) e a Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) lamentam a manifestação, em vídeo, de um delegado do Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers), onde esse médico tenta silenciar as vozes de jornalistas que realizam entrevistas com a população para abordar a falta de recursos humanos, financeiros e, muitas vezes, de condições de trabalho que ocorrem no atendimento do Hospital Centenário, e aproveita sua fala para dizer que profissionais da imprensa precisam procurar ajuda psiquiátrica, porque estão doentes e necessitam de apoio urgente. O cirurgião manifesta também que os médicos estão além do limite de tolerância com essas pessoas. O delegado regional do Cremers emitiu essa declaração com ataques diretos aos jornalistas que estão cobrindo essa crise. Essa exposição, onde ele acusa de forma genérica jornalistas de serem “sórdidos” e “doentes mentais” pela divulgação de reportagens que trazem depoimentos de familiares descontentes com o atendimento hospitalar, foi declarada pelas entidades como “totalmente sem cabimento e colocada de forma pejorativa”.

Teresina (PI) – O jornalista Efrém Ribeiro, do portal OitoMeia, foi tratado de maneira agressiva por um policial ao filmar um homem que estava sendo conduzido por policiais do Batalhão de Policiamento de Trânsito para a Central de Flagrantes da Polícia Civil, em 4 de outubro. Ao tentar filmar o homem, como sempre tem feito, do lado de fora da Central, o jornalista foi alvo de um dos policiais que levavam o preso. “Ei Efrém. Baixa isso aí”, disse o policial, de maneira bastante agressiva. Como Efrém não obedeceu, ele agiu com grosseria. “Baixa, eu tô mandando tu baixar e tu não baixa. Não pode”, continuou esbravejando o policial contra o jornalista, ainda bastante agressivo. Por pouco, o equipamento de trabalho do profissional não foi atingido. Mesmo tendo que sair do local onde estava, ele buscou saber do que se tratava e porque somente este preso em específico não poderia ser filmado, mas ninguém informou. O OitoMeia registrou uma representação criminal contra o policial.

São Paulo (SP) - A repórter Julia Fermino, da rede Jovem Pan, foi atacada nas redes sociais, de modo racista, em 16 de outubro, ao reportar uma operação policial sobre falsificação de bebidas. A emissora registrou boletim de ocorrência sobre as ofensas contra a profissional.

Rio de Janeiro (RJ) - O portal O Antagonista foi alvo de liminar do 7º Juizado Especial Cível do RJ determinando a retirada imediata do ar de uma matéria que abordou uma decisão do juiz Rubens Casara, que considerou não haver elementos para determinar a prisão preventiva de pessoa acusada de furto, destacando seu histórico criminal e informações sobre o perfil do magistrado. Vídeos publicados nas redes sociais mostraram o mesmo acusado envolvido em outro furto após ter sido solto. Na ação, Casara alega que o acusado não teria 86 passagens pela polícia e sim 14, conforme nota publicada pelo Tribunal de Justiça do RJ. A Coalizão em Defesa do Jornalismo (CDJor) considera que a retirada forçada de conteúdo jornalístico, sobretudo em caráter liminar, sem que o veículo tenha sido ouvido, ameaça o livre exercício do jornalismo no país.

Porto Velho (RO) – O portal InfoAmazonia, especializado em noticiário da floresta tropical, teve uma publicação removida de sua conta no Instagram por ordem da Justiça Estadual. O post atingido resumia os principais pontos da reportagem “Secretário ambiental de Rondônia intermediou venda de área em unidade de conservação para própria esposa”. A Coalizão em Defesa do Jornalismo (CDJor) repudiou a ação judicial.

Curitiba (PR) - O Jornal Plural foi alvo de uma decisão judicial que o obrigou a retirar do ar duas reportagens sobre a empresa Urbanização de Curitiba (URBS) e a Rede Integrada de Transporte. A liminar, concedida pela Justiça em 1º de outubro, impôs multa diária de R$ 1 mil caso o conteúdo permanecesse no site. Na ação judicial, a URBS alega que o veículo desrespeitou a determinação de manter sob sigilo uma investigação do Ministério Público do PR. Além da remoção do conteúdo, a ação pede indenização de R$ 50 mil.

Brasília (DF) - O jornalista Breno Altman, fundador do portal Ópera Mundi, informou no seu perfil no X em 12 de outubro que foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por antissemitismo. A decisão foi tomada pelo procurador Maurício Fabretti depois de notícia-crime movida pela Confederação Israelita do Brasil (Conib). Os advogados do jornalista, que é judeu, e profissionais de imprensa afirmam que a decisão vai contra a liberdade de expressão. Em novembro de 2023, a Conib apresentou notícia-crime dizendo que Altman fez postagens racistas, injuriosas e discriminatórias. Na época, o Tribunal de Justiça de SP atendeu ao pedido de remoção de conteúdo. A Polícia Federal chegou a abrir inquérito, mas não encontrou crime. Fabretti, no entanto, seguiu com a denúncia. Nela, o procurador cita 15 publicações feitas pelo jornalista entre 7 de outubro de 2023 e fevereiro de 2025.

PELO MUNDO

México - A jornalista Anahí Torres, de San Luis Potosí, relatou que ela e dois colegas foram vítimas de um ataque em 2 de outubro, pouco depois de publicar uma reportagem sobre uma suposta rede de espionagem no estado, que incomodou a governadora. A presidente Claudia Sheinbaum prometeu tratar do caso, avaliar as necessidades de proteção da repórter e analisar as denúncias contra Ricardo Gallardo Cardona, do Partido Verde. Torres relatou que um grupo de quatro homens armados com fuzis a interceptou e fez ameaças em frente ao seu escritório enquanto ela estava com dois colegas, Omar Niño e Carlos Charly Domínguez. Nas redes sociais, Domínguez indicou que as ameaças eram de morte e que os autores eram Gallardo e sua Secretária de Governo, Guadalupe Torres, além de um empresário que ele identificou como “Francisco N.”.

Equador – O jornalista de TV Edison Muenala, da emissora comunitária APAK TV, foi baleado no ombro direito em 16 de outubro, ao fazer a cobertura de confrontos entre manifestantes, o Exército e a Polícia, na cidade de Otavalo, no norte do país. Veículos de imprensa informaram que não está claro quem atirou em Muenala, já que as forças de segurança usaram gás lacrimogêneo, granadas de efeito moral e armas de fogo contra os manifestantes.

França – A ONG Repórteres Sem Fronteiras denuncia que, desde janeiro deste ano, foram assassinados, em todo o mundo, 52 jornalistas e permanecem detidos 508, em diversos países. A entidade segue monitorando a liberdade de imprensa em no Planeta.

República Dominicana - As conclusões da 81ª Assembleia Geral da Associação Interamericana de Imprensa (AIIP), divulgadas em 19 de outubro, após quatro dias de apresentações e conferências, em Punta Cana, alertaram para a deterioração da liberdade de imprensa no continente, em um contexto de crescente hostilidade ao jornalismo, impulsionada por discursos oficiais. Assassinatos, prisões, exílios e perseguições judiciais contra jornalistas também foram relatados, assim como sanções econômicas e censura em diversos países da região. Apesar dessa situação adversa, surgiram sinais positivos em decisões judiciais na Costa Rica que fortalecem o direito à informação e à liberdade de expressão, e em uma decisão histórica na Colômbia que reconhece crimes contra jornalistas como ataques à democracia.

Israel - A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) assinou também a petição da Associação de Imprensa Estrangeira (FPA) de Jerusalém junto à Suprema Corte  para que a Faixa de Gaza seja aberta a jornalistas, que têm sido impedidos de acessar o território de forma independente desde outubro de 2023. Mais de 210 jornalistas palestinos foram mortos — pelo menos 56 deles durante ou em conexão com seu trabalho jornalístico — e são sistematicamente difamados, desde 7 de outubro de 2023, quando Israel fechou Gaza e negou o acesso independente de jornalistas externos ao território sitiado.

Peru - Uma granada foi detonada na casa do jornalista Carlos Mesías Zárate , diretor do portal de notícias Central de Noticias, na cidade de Huaral, departamento de Lima, em 14 de outubro. O artefato foi lançado por dois homens em uma motocicleta. A explosão causou danos à casa do jornalista e a residências vizinhas, a um mototáxi e a outro veículo. Zarate não possui proteção policial e, embora já tenha apresentado queixas na Delegacia de Polícia de Huaral, as garantias pessoais ainda estão sendo processadas.

Paraguai – O jornalista Aníbal Benítez, diretor da PDS Radio y TV Digital, sofreu um atentado em 13 de outubro. Um indivíduo não-identificado lançou um coquetel molotov e uma bala envolta em papel com uma mensagem ameaçadora contra a casa do profissional, no terceiro ataque contra jornalistas na cidade de Lambaré. Benítez estava com sua família dentro da residência quando ouviu “um barulho muito alto” e, ao sair para o pátio, viu uma garrafa de coquetel molotov que havia queimado parte da grama. Uma câmera de circuito fechado flagrou um homem chegando de motocicleta, “ligando o dispositivo” e arremessando-o contra uma janela de vidro em um dos cômodos da casa, mas ninguém ficou ferido. O jornalista disse ter encontrado uma bala embrulhada em papel com a frase “tome cuidado” escrita nela.

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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.

Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa (www.observatoriodaimprensa.com.br), Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Portal dos Jornalistas (https://www.portaldosjornalistas.com.br/), Jornalistas & Cia (https://www.jornalistasecia.com.br/),  https://mediatalks.uol.com.br, Consultor Jurídico (https://www.conjur.com.br/areas/imprensa), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.eu)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se (portal.comunique-se.com.br), Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), FreedomHouse (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan-ifra.org), Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) (http://www.oas.org/pt/cidh/), Fórum Mundial dos Editores, https://forbiddenstories.org/, https://www.mfrr.eu/, https://www.onefreepresscoalition.com/press e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.

Pesquisa e edição: Vilson Antonio Romero (RS)

vilsonromero@yahoo.com.br


sexta-feira, 3 de outubro de 2025

BOLETIM 09 - ANO XX - SETEMBRO DE 2025

   A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO

Destaques: Comunicadores sofrem ataques no RJ, RS, RN e ES. CNJ e Jusbrasil criam plataforma para monitorar ataques à imprensa. Centenas de jornalistas foram mortos ou feridos em Gaza pelos bombardeios de Israel.  Mais de 900 profissionais da imprensa tiveram que se exilar na AL por ameaças à sua atividade.

NOTAS DO BRASIL

Rio Janeiro (RJ) - O repórter cinematográfico André Muzell, do canal Factual RJ, foi agredido por traficantes da Vila Aliança, na Zona Oeste, durante cobertura da operação policial que deixou seis mortos na comunidade em 4 de setembro. O profissional relatou ter sido surpreendido por cerca de 15 criminosos, que o agrediram, sobretudo, no rosto, fazendo com que ele perdesse dois dentes, além de terem roubado todos os seus pertences. Ele foi socorrido no Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, e já recebeu alta, segundo a unidade. Entre os objetos furtados estavam uma câmera, um capacete, um tripé e um celular, totalizando cerca de R$ 40 mil em prejuízo.

Esteio (RS) - O repórter Pedro Nakamura, do portal O Joio e O Trigo, foi hostilizado pelos deputados federais Marcelo Moraes (PL-RS) e Rafael Pezenti (MDB-SC), em 4 de setembro, durante a cobertura da Expointer, principal feira de agronegócio do RS. Em seminário sobre a indústria do tabaco, os parlamentares direcionaram ataques e discursaram contra Nakamura e O Joio e O Trigo. O portal se solidarizou com o repórter e lamentou os ataques dos parlamentares, que classificou como “uma clara tentativa de constrangimento à presença dos nossos profissionais em espaços de debate sobre a cadeia do fumo”. O site destacou também que, diferentemente do que foi afirmado pelos deputados, O Joio e O Trigo atua na cobertura da indústria do tabaco há mais de 15 anos, acompanhando com frequência essa agenda com reportagens sobre promoção da saúde e produção de tabaco e de cigarros.

São Gonçalo do Amarante (RN) – A jornalista independente Lu Bezerra, do perfil @agenciauna_rn no Instagram, foi alvo de ataques em 22 de setembro por parte da vereadora Delma Silva e vítima de abuso de autoridade praticado por seu marido, o policial militar João Américo. O episódio ocorreu em uma lanchonete localizada ao lado do Batalhão da Polícia Militar da cidade, quando a jornalista cobrou da vereadora a divulgação do relatório da Comissão de Saúde e Educação da Câmara Municipal. A parlamentar recusou-se a divulgar o documento, afirmando que entregaria apenas ao prefeito e à secretária de saúde. Ao insistir na necessidade de transparência e fiscalização, a jornalista foi hostilizada e agredida verbalmente pela vereadora, que a chamou de “imbecil”. O marido da parlamentar, então, deu voz de prisão à jornalista. Na delegacia, foram lavrados boletins de ocorrência tanto pelos agentes públicos quanto pela vítima, que foi posteriormente liberada.

Vitória (ES) - A jornalista Fabiana Tostes, da coluna De Olho no Poder, no jornal digital Folha Vitória, foi ofendida em 20 de setembro pelo senador Marcos do Val (Podemos), durante uma transmissão ao vivo em seu canal do YouTube. Na live, o parlamentar usou termos ofensivos para se referir à profissional da imprensa e, sem aviso prévio, ligou para ela para reclamar de reportagem publicada na coluna. O parlamentar, ao vivo, usou termos ofensivos e colocou a profissional em situação constrangedora diante de mais de 9 mil internautas. As entidades de classe condenaram a atitude do senador. 

Cuiabá (MT) - O jornalistas Luiz Mário do Espírito Santo Pereira, do canal Programa Veracidade, e Leandro Lima do Nascimento, do site Olhar Cidade, sofrem ataques e assédio judicial no estado. Luiz Mário está sendo processado pelo engenheiro e sócio da gestora de investimentos Esh Capital, Vladimir Timerman, que pede R$ 50 mil de indenização em razão de reportagem sobre atuação fraudulenta no mercado de capitais. Já o repórter Leandro foi vítima de injúria por parte do vereador Marcos Vinícius Borges, após a divulgação de um vídeo jornalístico. O parlamentar publicou um comentário em uma rede social zombando de uma condição neurológica do repórter, conhecida como tremor essencial. O Sindjor/MT repudiou, em notas, os ataques.

Brasília (DF) I - O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o portal Jusbrasil apresentaram uma nova ferramenta para acompanhar processos judiciais relacionados à liberdade de imprensa. O painel consolida dados sobre decisões consideradas de alta relevância pelo sistema de inteligência artificial (IA) do Jusbrasil. Os dados iniciais revelam que a maior parte dos processos analisados tramita na área cível (84%), seguida pelo foro eleitoral (13%) e área criminal (2,9%). Entre os processos cíveis, os temas mais frequentes são: danos morais por reportagem (66,13%), remoção de notícia jornalística (12,69%), propaganda eleitoral irregular (8,35%), pedidos de direito de resposta (6,39%) e uso indevido de imagem (2,82%).

Porto Velho (RO) - A reportagem “Menos floresta, mais pasto: senador Jaime Bagattoli ameaça a Amazônia com dinheiro do mercado de capitais”, publicada pelo portal O Joio e O Trigo e anteriormente retirada do ar, deverá ser republicada após decisão do Tribunal de Justiça (TJ-RO). O desembargador Alexandre Miguel revogou a decisão de primeira instância que havia determinado a remoção do conteúdo. Em 8 de agosto, o juiz de primeira instância havia entendido que a reportagem ultrapassou os limites do direito de informar ao atribuir fatos graves sem respaldo probatório, determinando a remoção do texto. Publicada originalmente no final de janeiro, a investigação abordava a atuação do senador Jaime Bagattoli, do PL, e de empresas de sua família na região amazônica, destacando sua participação no agronegócio e a ligação com o mercado de capitais. Para o desembargador, a reportagem é resultado de “uma apuração jornalística robusta e diligente”, tendo se baseado em levantamentos de entidades especializadas, como o Centro para Análise de Crimes Climáticos (CCCA), e com dados públicos como Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA).

Brasília (DF) II – O repórter Flávio VM Costa, do site ICL Notícias, teve o número de seu celular divulgado pelo senador Ciro Nogueira, presidente do Partido Progressistas (PP), em documento enviado ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e divulgado pelo parlamentar pelo WhatsApp. O jornalista investiga as ações do crime organizado que culminaram com operação da Polícia Federal (PF), do Ministério Público e da Receita Federal em 28 de agosto. Em 31 de agosto, uma reportagem do ICL Notícias apresentou uma fonte que afirmou que o senador teria recebido uma sacola de dinheiro para apoiar o Primeiro Comando da Capital (PCC) em seus interesses na área de combustíveis no Congresso. A fonte, mantida em sigilo pela reportagem, confirmou sua denúncia em depoimento à PF, de acordo com o ICL. Flávio VM Costa foi o repórter encarregado de ouvir o posicionamento do senador, que negou ter qualquer tipo de relação com a organização criminosa. No entanto, Ciro Nogueira usou prints das perguntas feitas pelo repórter, incluindo sua imagem e número de celular, para ilustrar representação feita ao ministro Lewandowski. O documento circulou pelo WhatsApp e foi classificado pela plataforma como mensagem “encaminhada com frequência”. Na representação, o senador se refere ao ICL Notícias de forma ofensiva, desqualificando-o como veículo de imprensa. 

PELO MUNDO

Peru – Oito jornalistas resultaram feridos em protesto contra o governo e o Congresso organizado por jovens e outros grupos sociais na capital Lima em 20 de setembro. Também foram atingidos 12 policiais feridos e mais de uma dezena de manifestantes.  A Associação Nacional de Jornalistas (ANP) divulgou comunicado denunciando a violência e lamentando os ataques à imprensa.

Israel - A tenda que sediava o Centro de Solidariedade de Jornalistas em Gaza foi bombardeada pelo exército israelense em 25 de setembro, 30 minutos após uma videoconferência organizada pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), pelo Sindicato dos Jornalistas da Palestina e pela Embaixada da Palestina no Brasil, da qual haviam participado cerca de 20 profissionais palestinos, que não foram atingidos. No encontro, foi revelado que, dos cerca de 1,6 mil jornalistas registrados no local, 252 foram mortos desde o início dos ataques de Israel à Faixa de Gaza. Outros 400 foram feridos e cerca de 200 estão presos. Ao menos 600 familiares destes profissionais também foram mortos na guerra. O Sindicato local também denuncia que 647 residências de comunicadores foram destruídas pela invasão dos militares. A entidade ainda afirma que, nos dois anos de ocupação israelense, 3,4 mil jornalistas foram proibidos de entrar em Gaza, sendo que 820 deles eram oriundos dos EUA, principal aliado de Israel.

Indonésia - Pelo menos 16 jornalistas foram atacados ou presos enquanto cobriam os protestos que abalaram o país nos últimos dias. Em pelo menos cinco casos, houve violência policial. Em Bali, o repórter Rovin Bou, da Bali Topik, foi preso no final de agosto enquanto fazia uma reportagem.

Tunísia - O governo anunciou a dissolução da Autoridade Nacional de Acesso à Informação (INAI), órgão público independente que permitia aos cidadãos em geral e aos jornalistas solicitarem acesso a documentos e informações públicas. A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) registra a iniciativa como mais um golpe à liberdade de imprensa no país classificado em 129º lugar entre 180 países e territórios no Índice Mundial de Liberdade de Imprensa de 2025.

Costa Rica - Cerca de 913 jornalistas de 15 países latino-americanos foram forçados a se mudar para outros países, entre 2018 e 2024, para protegerem suas vidas, sua segurança e a de suas famílias. A revelação está no relatório Vozes Deslocadas: Radiografia do exílio jornalístico latino-americano 2018-2024, desenvolvido pelo Programa de Liberdade de Expressão e Direito à Informação (Proledi) da Universidade da Costa Rica, pela organização Fundamedios e pela Cátedra Unesco em Comunicação e Participação Cidadã na Universidade Diego Portales do Chile. O documento revela que Venezuela, Nicarágua e Cuba são os países dos quais mais jornalistas fogem, representando 92% dos deslocamentos na região. Por outro lado, Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, EUA, Espanha e México são os países que mais recebem jornalistas deslocados. A pesquisa também constata que as principais razões para o exílio forçado de jornalistas são a perseguição política e as ameaças do crime organizado ou de atores corruptos. O relatório classificou os países latino-americanos de acordo com a quantidade de jornalistas expulsos. Na liderança, com o maior número de deslocamentos forçados, estão Venezuela, Nicarágua e Cuba. Em seguida vêm Guatemala, Equador, El Salvador, Haiti e México. Depois aparecem Colômbia, Bolívia, Honduras, Peru, Chile, Paraguai e Argentina. Em Belize, Costa Rica, Panamá, República Dominicana, Porto Rico, Uruguai e Brasil não foram registradas saídas forçadas de jornalistas. 

Haiti - Joseph Guyler Delva, jornalista reconhecido por sua atuação em defesa da liberdade de imprensa, secretário-geral da organização SOS Journalistes Haiti e vice-presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), desde o início de agosto, tem sido vítima de intimidações constantes, incluindo ameaças de morte por parte de indivíduos não identificados. O jornalista informou as ameaças à direção da Radio Caraïbes, onde co-apresentava o programa sociopolítico Matin Caraïbes. Devido ao risco crescente, foi obrigado a interromper temporariamente seu trabalho jornalístico. Delva também revelou que existia um plano para vinculá-lo a atividades de grupos armados, o que foi descartado pelas autoridades.

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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.

Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa (www.observatoriodaimprensa.com.br), Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Portal dos Jornalistas (https://www.portaldosjornalistas.com.br/), Jornalistas & Cia (https://www.jornalistasecia.com.br/),  https://mediatalks.uol.com.br, Consultor Jurídico (https://www.conjur.com.br/areas/imprensa), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.eu)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se (portal.comunique-se.com.br), Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), FreedomHouse (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan-ifra.org), Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) (http://www.oas.org/pt/cidh/), Fórum Mundial dos Editores, https://forbiddenstories.org/, https://www.mfrr.eu/, https://www.onefreepresscoalition.com/press e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.

Pesquisa e edição: Vilson Antonio Romero (RS)

vilsonromero@yahoo.com.br


domingo, 31 de agosto de 2025

BOLETIM 08 - ANO XX - AGOSTO DE 2025

  A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO

Destaques: Presidente da CPMI do INSS restringe atividade da imprensa. Revista IstoÉ e presidente da ABI se livram de processo movido por Gilmar Mendes. Jornalistas sofrem agressões no DF, AP, RS e BA. Mais cinco profissionais perdem a vida em Gaza. Novo Regulamento da Liberdade de Imprensa entra em vigor na União Europeia.  

NOTAS DO BRASIL

Brasília (DF) I – O senador Carlos Viana (Podemos-MG), presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), anunciou em 26 de agosto que veículos de comunicação não poderão registrar informações de parlamentares, como conversas em telefones e computadores. A decisão foi questionada pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA), segundo a qual a medida cerceia a liberdade de imprensa. Viana respondeu à senadora que a restrição está relacionada à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e reforçou ter recebido a solicitação de diversos parlamentares para adotar a medida. A Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e dos Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), em nota, manifestou “profunda preocupação com a obstrução ao trabalho profissional dos comunicadores (jornalistas, fotojornalistas, cinegrafistas e outros profissionais) na cobertura das atividades da CPMI”.

Brasília (DF) II – A revista IstoÉ e os jornalistas Tábata Viapiana e Octávio Costa, atual presidente da ABI, se livraram do processo judicial movido pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) extinguiu a ação de indenização por danos morais em razão de acordo que incluiu uma declaração dos jornalistas de que não tiveram a intenção de ofender o ministro. Além disso, os dois ressaltaram que a edição final do texto da reportagem foi de exclusiva responsabilidade da redação da revista em São Paulo e que ambos, lotados na sucursal de Brasília, não participaram da escolha da capa da edição que veiculava a matéria objeto do processo. Como indenização simbólica pelo acordo, Tábata e Octávio realizaram o pagamento de R$ 10 mil em favor do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH).

Salvador (BA) - O cinegrafista Rildo de Jesus, da TV Bahia, foi ameaçado em 11 de agosto, durante cobertura ao vivo dos danos a imóveis e veículos provocados por um tiroteio no bairro da Chapada do Rio Vermelho, no Complexo do Nordeste de Amaralina. Durante o telejornal Bahia Meio Dia, Rildo mostrava a área após confrontos entre policiais e integrantes do Comando Vermelho (CV) quando quatro homens surgiram na rua e ordenaram que deixasse imediatamente o local. O profissional voltou rapidamente ao veículo e saiu às pressas, com toda a cena registrada e transmitida ao vivo. No estúdio, os apresentadores Vanderson Nascimento e Andrea Silva comentaram a situação e abordaram a questão da segurança pública na capital.

Cuiabá (MT) - O jornal A Gazeta não terá que retirar de seu site matérias onde são citados o governador Mauro Mendes (União) e seu filho, o empresário Luis Antonio Mendes. Os políticos foram derrotados na Justiça estadual em uma tentativa de censurar reportagens que revelaram, em julho de 2023, que Luís Antônio era investigado em uma operação da Polícia Federal contra compra ilegal de mercúrio para garimpo, a Hermes (Hg). A juíza Olinda Altomare, da 11ª Vara Cível, rejeitou o pedido de Mendes e Luís Antônio, bem como negou a indenização de R$ 660 mil contra o jornal e o repórter responsável pela apuração, Pablo Rodrigo. Para a magistrada, o veículo e o jornalista “apenas e tão somente exerceram regularmente um direito que lhe é dado pela carta constitucional”, conclusão baseada na “simples leitura das matérias jornalísticas em questão”.

Macapá (AP) - O prefeito Antonio de Oliveira Furlan, o Dr. Furlan (MDB), agrediu uma equipe de reportagem em 17 de agosto, durante uma visita do político à obra do Hospital Municipal, localizado na zona norte da capital. A confusão ocorreu após um questionamento do jornalista Heverson Castro, sobre um suposto atraso na construção do Hospital. “O senhor lançou essa obra em 2023. O que tá acontecendo? A gente já está em 2025, e essa obra tá demorando. E aí, prefeito?”, questionou o jornalista. Furlan não respondeu à pergunta e partiu para cima de Iran Froes, um dos integrantes da equipe de reportagem. Um vídeo que viralizou nas redes sociais mostra o momento em que o político agarrou o pescoço de Froes, e a confusão teve início. Apoiadores do prefeito também agrediram os jornalistas. Entidades defensoras da liberdade de imprensa repudiaram o ocorrido.

Florianópolis (SC) I - A jornalista independente Amanda Miranda está sendo assediada nas redes sociais por expor informações públicas sobre políticos catarinenses nos seus perfis digitais. Já divulgou, por exemplo, dados sobre diárias utilizadas pela deputada federal Júlia Zanatta (PL/SC) para ir a um casamento. Grupos de extrema-direita têm se organizado e massificado postagens tentando deslegitimar sua atuação, constrangê-la e intimidá-la ao espalhar desinformação em formato de um suposto “dossiê”. O Sindicato dos Jornalistas (SJSC) manifestou apoio total à profissional, entendendo que os ataques são uma tentativa escancarada de cercear o jornalismo crítico e independente. 

Brasília (DF) III - O jornalista Guga Noblat, do ICL Notícias, foi intimidado e agarrado no pescoço pelo deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP) em 6 de agosto, num dos corredores da Câmara dos Deputados, ao questionar o parlamentar sobre a taxação de 50% a produtos brasileiros nos EUA. Guga e o cinegrafista Igor Borges abordavam deputados da oposição para saber qual o posicionamento sobre o tarifaço determinado por Donald Trump a produtos brasileiros e sobre a ocupação ilegal das Mesas Diretoras do Congresso. Ao entrevistar Bilynskyj enquanto caminhava a seu lado no corredor das comissões da Câmara, o jornalista foi empurrado. Depois de reclamar do empurrão, Guga comentou: “Você sabe que eu nunca vou brigar com você, até porque você faz o que faz com mulher… Imagina comigo”. A partir deste momento, o deputado assumiu um tom mais agressivo e questionou, enquanto apertava o pescoço do jornalista por trás: “O que eu faço em mulher? Fala!”. Guga respondeu: “Você é violento”. Mesmo após a resposta, Bilynskyj, que é delegado, continuou questionando Guga, com a mão apertando seu pescoço, e peitando o jornalista. O profissional do ICL Notícias reafirmou que o deputado tem fama de violento e o parlamentar continuou tentando intimidá-lo, aos gritos. As entidades de classe se solidarizaram com Noblat, repudiando o ataque sofrido.

Porto Alegre (RS) - Os jornalistas Jonas Leboutte e Pedro Heyde, integrantes do Canal do Baldasso, foram atacados por torcedores do Sport Club Internacional, no final da noite de 20 de agosto, dentro do Estádio Beira-Rio, após a partida entre o clube gaúcho e o Flamengo, válida pelas oitavas de final da Taça Libertadores da América. Jonas contou que, no final da partida, um repórter estava interagindo com a torcida, e que o profissional sorriu, o que foi interpretado como um deboche, por parte dos colorados, pela eliminação do time gaúcho. “Eles se aglomeraram ao nosso lado e tentaram nos agredir. Teve torcedor que arrancou os cabos do equipamento, jogou nosso notebook no chão, quebrou os fones de ouvido.” De acordo com Jonas, os agressores arremessaram objetos em direção dos profissionais. “Fui atingido por uma garrafa de plástico na cabeça. O Pedro precisou se desviar de um soco, pois tentaram agredi-lo. Quando os seguranças do estádio chegaram no local, a situação já tinha se acalmado. Foram registrados boletins de ocorrência e a Associação Riograndense de Imprensa (ARI),  a Associação de Cronistas Esportivos Gaúchos (Aceg) e o Sindicato de Jornalistas Profissionais do RS (SindJoRS) repudiaram o ocorrido.

Florianópolis (SC) II – O jornalista Renato Souza deve indenizar, por danos morais, dois policiais envolvidos numa abordagem policial a um homem negro na cidade de Criciúma (SC), em dezembro de 2022. Souza havia publicado, em suas redes sociais, um vídeo sobre a ocorrência. A Turma Recursal do Tribunal de Justiça (TJ-SC) manteve a decisão da primeira instância de condenar o jornalista, apesar de o mesmo ter publicado as versões das partes envolvidas - a denúncia da família do homem abordado e a nota da Polícia Militar.

Belém (PA) - O fotógrafo Lúcio Távora, de Brasília (DF), foi detido pela Guarda Portuária do Porto de Outeiro, e conduzido à sede da Polícia Federal (PF) na manhã de 27 de agosto. Ele se encontrava no local para produzir imagens para a Xinhua News Agency, agência oficial de notícias da China. Távora estava em um dos pontos que deve receber navios durante a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), prevista para ocorrer em novembro. O repórter destacou que, após se identificar como jornalista, foi tratado com respeito pelo inspetor responsável pela abordagem. A detenção ocorreu em meio ao reforço da segurança em áreas estratégicas da capital paraense que receberão atividades relacionadas à COP30. O Sindicato dos Jornalistas (Sinjor-PA) e a Comissão de Liberdade de Imprensa da OAB/PA foram até a sede da Polícia Federal para prestar apoio ao profissional.

PELO MUNDO

Israel – Os jornalistas Mohammad Salama, da Al-Jazeera, Hussam al-Masri, colaborador da Reuters, Mariam Dagga, freelancer com trabalhos para a Associated Press (AP) e o Independent Arabic, Moaz Abu Taha, freelancer que prestava serviços à NBC, e Ahmad Abu Aziz, da Quds Feed Network, morreram durante um ataque israelense, em 25 de agosto, ao Hospital Nasser, no sul da Faixa de Gaza. Nenhum deles, segundo as organizações internacionais, participava de atividades militares ou paramilitares, estando somente fazendo a cobertura da situação humanitária. Segundo a ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF), desde outubro de 2023, mais de 200 jornalistas foram mortos pelo exército israelense, incluindo pelo menos 56 em decorrência direta de seu trabalho. 

França - A entrada em vigor do Regulamento Europeu da Liberdade de Imprensa (EMFA) em 8 de agosto representa um importante avanço para a proteção dos jornalistas e para a independência e o pluralismo dos meios de comunicação social, avalia a ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF). O regulamento também cria um novo Comitê Europeu dos Serviços de Comunicação Social, que promoverá a aplicação eficaz e coerente do quadro jurídico da União Europeia em matéria de comunicação social. A RSF apela a uma ação rápida e proativa por parte dos Estados-membros para garantir a eficácia dos direitos, princípios e liberdades que o EMFA visa proteger, como preservar a independência editorial das redações e para evitar interferências políticas.

El Salvador – A Associação de Jornalistas de El Salvador (APES) registrou entre 1º de janeiro e 14 de julho de 2025 um total de 314 ataques a jornalistas, sendo maio o mês com mais violações, com 91. Segundo dados do Centro de Monitoramento, somente entre 1º de maio e 14 de julho deste ano, foram registrados 180 ataques a jornalistas e profissionais da mídia. Os ataques mais frequentes foram assédio (32), assédio digital (24), intimidação (23) e difamação (18). Já declarações estigmatizantes e restrições ao exercício do jornalismo registraram 16 denúncias cada. Os principais autores identificados são usuários de redes sociais, agentes da Polícia Nacional Civil (PNC), ex-funcionários públicos, militares, funcionários e servidores públicos. A APES e a Rede Centro-Americana de Jornalistas (RCP) também denunciaram que o jornalismo em El Salvador está passando por uma “grave deterioração”, evidenciada pela saída de quase 40 jornalistas do país por motivos de segurança.

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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.

Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa (www.observatoriodaimprensa.com.br), Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Portal dos Jornalistas (https://www.portaldosjornalistas.com.br/), Jornalistas & Cia (https://www.jornalistasecia.com.br/),  https://mediatalks.uol.com.br, Consultor Jurídico (https://www.conjur.com.br/areas/imprensa), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.eu)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se (portal.comunique-se.com.br), Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), FreedomHouse (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan-ifra.org), Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) (http://www.oas.org/pt/cidh/), Fórum Mundial dos Editores, https://forbiddenstories.org/, https://www.mfrr.eu/, https://www.onefreepresscoalition.com/press e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.

Pesquisa e edição: Vilson Antonio Romero (RS)

vilsonromero@yahoo.com.br

quinta-feira, 31 de julho de 2025

BOLETIM 07 - ANO XX - JULHO DE 2025

 A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO

Destaques: Profissionais sofrem agressões e ataques na BA, PI e SP. CDJOR repudia uso da ABIN para monitorar comunicadores. Fotógrafo perde a vida na Síria. RSF denuncia mais de uma dezena de mortes de jornalistas na América Latina.

NOTAS DO BRASIL

Salvador (BA) - O repórter Mateus Borges e o cinegrafista Tarcísio Lima, da Record TV Bahia, foram agredidos, na manhã de 25 de julho, durante a cobertura de um acidente envolvendo um carro e uma motocicleta, na Avenida Anita Garibaldi. A situação aconteceu ao vivo, durante o programa “Bahia no Ar”, quando dá para ver o momento em que eles são atingidos por socos. O agressor seria o marido da mulher que pilotava a motocicleta e ficou ferida no acidente. A equipe de reportagem não conseguiu o contato do suspeito. Foi registrado boletim de ocorrência e o caso é investigado pela Polícia Civil (PC).

Teresina (PI) - O repórter Denis Constantino, da TV Meio, foi atingido em 24 de julho com um tapa no rosto, desferido por uma mulher grávida, durante a cobertura de uma ocorrência policial. O jornalista registrava uma ação do Departamento de Repressão ao Narcotráfico (Denarc) e questionou a suspeita sobre entorpecentes apreendidos nas proximidades de sua residência. A mulher reagiu com hostilidade às perguntas do jornalista durante uma entrada ao vivo. Antes de ser colocada na viatura, a mulher já apresentava comportamento agressivo, fazendo gestos em direção à câmera. O tapa causou sangramento no rosto do repórter da TV Meio. A agressora negou qualquer envolvimento com as drogas encontradas.

Hortolândia (SP) - O jornalista André Azeredo, do SBT, foi intimidado e atacado verbalmente, na manhã de 22 de julho, ao fazer uma matéria sobre uma criança de dois anos atacada por um cão pitbull que pertencia à própria família. Ao chegar ao local, o padrasto da criança já ameaçou: “Se pisar na minha calçada, eu vou te agredir, parceiro. Porque é meu direito. Vem para cá para você ver”, afirmou. “Vou pular com os dois pés no seu peito. Atravessa essa linha imaginária. A reportagem vai ser sobre você e não sobre a minha filha”, acrescentou, em meio a outras expressões chulas e ofensivas. Ao entrar ao vivo no programa Alô Você, em seguida, André relatou de maneira muito tranquila os fatos e disse compreender o nervosismo do padrasto devido à tragédia, minimizando as agressões sofridas.

Cuiabá (MT) - O jornalista Alexandre Aprá, do site Isso é Notícia, foi absolvido pela 4ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do MT em ação por danos morais movida pelo ex-secretário da Casa Civil e suplente de senador, Mauro Carvalho. O político pedia uma indenização de R$ 15 mil por uma série de reportagens publicadas no site, que o vinculavam à compra de um jato com recursos públicos e sem licitação durante a pandemia. Em primeira instância, a Justiça já havia reconhecido que os textos não ultrapassaram os limites do exercício da liberdade de imprensa e estavam amparados pelo direito constitucional de informar. Em seu voto, na sessão de 23 de julho, a relatora desembargadora Anglizey de Oliveira destacou: “O autor, como agente público, está sujeito ao acompanhamento mais rigoroso por parte da imprensa e da sociedade, o que não caracteriza, por si só, abuso de direito”. Para ela, as reportagens de Isso É Notícia foram incisivas, mas não ofensivas.

Belo Horizonte (MG) – O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de MG (SJPMG) e a Casa do Jornalista sofreram ameaças com mensagens de ódio e teor extremista em um pacote deixado na escadaria da sede da entidade em 22 de julho. A Polícia Militar e o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) tiveram que ser mobilizados. Por mais de uma hora, os dirigentes e a secretária da entidade ficaram protegidos, na calçada da avenida Álvares Cabral, onde fica a sede do Sindicato, que, em 1980, sofreu um atentado à bomba, plantada por terroristas de extrema direita. O trabalho do esquadrão envolveu o uso de um robô que detecta a presença de bombas, entre outros artefatos próprios. Foi necessário também o trabalho de policiais paramentados com roupas contra explosão. Verificado o material no pacote, comprovou-se a inexistência de explosivo. O embrulho continha apenas pedras, além da provocação ao processo democrático brasileiro.

Palmas (TO) - O Jornal Opção foi criticado duramente pela Associação dos Servidores do Sistema Socioeducativo do Tocantins (Assoeto) em 23 de julho de 2025, em razão da reportagem “Descompasso entre servidores e realidade das unidades teria agravado crise na Secretaria de Cidadania e Justiça”, assinada pela jornalista Elâine Jardim. A entidade diz, em nota, que “o conteúdo da matéria representa um ataque injusto, irresponsável e sem fundamentos reais à categoria dos servidores do Sistema Socioeducativo”. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais (Sindjor) emitiu uma nota no dia seguinte rejeitando as críticas, pois a manifestação da entidade “ultrapassa o campo legítimo do contraditório e apresenta elementos que configuram tentativa de intimidação ao exercício profissional do jornalismo”.

Brasília (DF) - A Coalizão em Defesa do Jornalismo (CDJor), através de nota, repudiou o uso da estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para realizar monitoramento de jornalistas, veículos de imprensa e organizações da sociedade civil durante o governo anterior. Com a retirada do sigilo do relatório final da Polícia Federal (PF) por parte do Supremo Tribunal Federal (STF), mais detalhes vieram à tona. De acordo com o documento, entre os jornalistas monitorados estão Ricardo Noblat, Alice Maciel, Leandro Demori, Mônica Bergamo, Reinaldo Azevedo e Vera Magalhães. Também foram citados veículos como Aos Fatos, Agência Lupa e revista piauí. A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) — integrante da CDJor — também figura entre os monitorados. 

São Paulo (SP) – A jornalista Juliana Dal Piva, repórter investigativa do Centro Latino-americano para Investigações Jornalísticas e colunista do ICL Notícias, foi agraciada pela Fundação Internacional de Mulheres na Mídia (IWMF) como uma das vencedoras do 36º Prêmio Coragem no Jornalismo. A iniciativa homenageia mulheres que, mesmo sob coação, “reportaram a verdade em seus países”, sendo esta a primeira vez que uma brasileira foi contemplada. Além de Juliana, foram premiadas as jornalistas Sana Atef, que opera sob um pseudônimo no Afeganistão; Yousra Elbagir, jornalista de radiodifusão internacional sudanesa-britânica; e Maritza L. Félix, fundadora de um serviço de notícias entre EUA e México. Já a jornalista azerbaijana Aynur Elgunesh, editora-chefe da Meydan TV, receberá o Prêmio Wallis Annenberg de Justiça para Mulheres Jornalistas, concedido anualmente a profissionais injustamente detidas, presas ou encarceradas. As vencedoras serão homenageadas em Nova York, Washington e Los Angeles, entre 10 de 18 de novembro.

Rio de Janeiro (RJ) – O repórter João Paulo Saconi, do jornal O Globo, lançou em 29 de julho, o livro “Vocês da Imprensa”, com registros e debates sobre a violência contra os jornalistas no Brasil. A obra registra parte dos ataques à imprensa desde 1998, ano em que a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) começou a fazer um levantamento anual sobre os ataques, mas se concentra no período de 2013 até 2024. O ponto de partida para a publicação foi uma experiência pessoal que Saconi viveu, aos 23 anos, no início da carreira. Há seis anos, escreveu uma reportagem que acabou incomodando apoiadores do governo anterior. Ao sentir na pele os efeitos da hostilidade, Saconi decidiu usar o trauma como ponto de partida para o debate desse tema.

São Paulo (SP) – O jornalista Vladimir Herzog, “in memoriam”, deve receber o título de Doutor Honoris Causa, concedido pela Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). Vlado, como era conhecido, foi assassinado pela ditadura militar em 1975. O título é concedido por instituições de ensino a pessoas que se destacaram em suas áreas de atuação. No caso de Herzog, por seu trabalho no jornalismo. A iniciativa partiu do Conselho do Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE), onde o jornalista lecionava a disciplina de Jornalismo Televisivo, quando foi morto.

São Paulo (SP) – O jornalista Leandro Demori, ex-editor executivo do The Intercept Brasil, teve uma queixa-crime ajuizada contra si pela editora Brasil 247, na 26ª Vara Criminal do Foro Central Criminal da Barra Funda. A ação por calúnia, injúria e difamação decorreu de manifestação em canal do YouTube onde acusa o site Brasil 247 de ter recebido dinheiro do Google para se opor ao Projeto de Lei 2.630/2020, conhecido como PL das Fake News: “Esse lobby que eles fizeram na época para não ter regulação de internet no Brasil (…). E botaram dinheiro na mão de sites progressistas, um deles foi o Brasil 247, né? Não gostaram na época que a gente falou isso, pode continuar não gostando, e vai depois desgostar de novo, e a vida que segue! Não tem problema nenhum! Receberam dinheiro do Google e acabaram defendendo uma pauta que é contra o Brasil, gente!”, disse o jornalista. O canal em que Demori fez essa declaração abriu espaço para o direito de resposta pedido pelo Brasil 247 e o departamento jurídico da editora notificou extrajudicialmente o jornalista, ajuizando posteriormente a queixa-crime. Foi designada, então, uma audiência de conciliação, mas o jornalista não compareceu, embora tenha sido devidamente intimado.

PELO MUNDO

França – A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) denuncia que, entre janeiro e julho de 2025, pelo menos treze jornalistas foram assassinados na América Latina apenas por exercerem sua profissão e levarem informação de interesse público para as populações de seus países. Nesse período, a RSF registrou oito assassinatos no México, dois no Peru, um na Colômbia, um na Guatemala e um no Equador. A maioria das vítimas trabalhava em meios de comunicação locais ou comunitários e cobria temas sensíveis como corrupção, crime organizado e meio ambiente. Vários deles já haviam recebido ameaças ou eram alvo de campanhas de difamação. Dois jornalistas estavam sob proteção policial no momento de suas mortes. Embora investigações tenham sido abertas para a maioria desses crimes, muitos continuam sem solução, o que perpetua um clima de medo e prejudica o exercício do jornalismo.

Israel – A BBC, a Reuters, a Agência France-Press e a Associated Press alertaram, em comunicado conjunto de 24 de julho, que seus jornalistas correm o risco de morrer de fome em Gaza se Israel não permitir a entrada de alimentos suficientes no território. As agências enfatizaram que os jornalistas enfrentam muitas dificuldades em zonas de guerra, mas disseram estar “profundamente alarmadas com o fato de a ameaça de fome ser uma delas”. No comunicado pedem que Israel permita a entrada e saída de jornalistas em Gaza e a forneça “suprimentos alimentares adequados” aos moradores. Entre 7 de outubro de 2023 e 13 de julho de 2025, o Ministério da Saúde de Gaza informou que pelo menos 58 mil palestinos foram mortos e mais de 138 mil ficaram feridos.

EUA – O Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ) e organizações parceiras pediram em 22 de julho ao Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) que liberte o jornalista  Mario Guevara, de Atlanta, que está preso desde 14 de junho, apesar da retirada de todas as acusações contra ele e de um  juiz de imigração ter ordenado  sua libertação sob fiança. Jornalista de língua espanhola e vencedor do Emmy, Guevara foi  preso, acusado de reunião ilegal, obstrução, estar como pedestre em via pública reservada a automóveis, direção imprudente, desobediência aos sinais de trânsito e uso ilegal de dispositivo de telecomunicação, enquanto transmitia ao vivo um protesto "No Kings" contra o governo Donald Trump em um subúrbio de Atlanta. Todas as denúncias foram arquivadas por falta de provas. O jornalista vive legalmente nos EUA desde 2004. Ele fugiu de El Salvador naquele ano, depois de sofrer ameaças por seu trabalho como repórter político do jornal La Prensa Gráfica. Nos EUA, ele fundou o site MGNews e chegou a ganhar um Emmy em 2023.

Peru – A repórter Grecia Infante, do jornal La Republica, passou a ser ameaçada, juntamente com sua família, após publicação de reportagem na qual revela o mau estado de algumas locomotivas e vagões, desativados nos EUA após mais de 40 anos e trazidos ao Peru por Rafael Aliaga sem qualquer planejamento, e que estariam operando na linha Lima-Chosica. Em 18 de julho, a Prefeitura de Lima emitiu um comunicado acusando o La República e sua equipe jornalística de sabotar os trens. Depois dessa publicação, a jornalista recebeu ameaças de morte, assédio e tentativas de invasão de suas contas nas redes sociais.

Síria – O fotógrafo Sari Majid Al-Shoufi, do Suwayda 24, desapareceu na madrugada de 14 de julho, enquanto cobria confrontos armados na zona rural perto da cidade de Sweida, no sul do país. Sua morte foi confirmada em 24 de julho, após vários dias de buscas.

Peru - A Associação Nacional de Jornalistas do Peru (ANPl) registra que pelo menos 150 jornalistas e veículos de mídia sofreram ataques no primeiro semestre do ano, incluindo os assassinatos dos jornalistas Gastón Medina, em Ica, e Raúl Celis, em Iquitos.

Nicarágua – A Fundação para a Liberdade de Expressão e Democracia (FLED) revela, em relatório divulgado em 10 de julho, que, ao menos 293 profissionais da mídia deixaram o país por motivos de segurança ou foram exilados desde abril de 2018. O relatório, intitulado “Governo da Nicarágua Intensifica Assédio e Retaliação Contra Familiares de Jornalistas Exilados”, acrescenta que, entre abril e junho de 2025, a FLED documentou o exílio forçado de quatro jornalistas.

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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.

Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa (www.observatoriodaimprensa.com.br), Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Portal dos Jornalistas (https://www.portaldosjornalistas.com.br/), Jornalistas & Cia (https://www.jornalistasecia.com.br/),  https://mediatalks.uol.com.br, Consultor Jurídico (https://www.conjur.com.br/areas/imprensa), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.eu)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se (portal.comunique-se.com.br), Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), FreedomHouse (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan-ifra.org), Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) (http://www.oas.org/pt/cidh/), Fórum Mundial dos Editores, https://forbiddenstories.org/, https://www.mfrr.eu/, https://www.onefreepresscoalition.com/press e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.

Pesquisa e edição: Vilson Antonio Romero (RS)

vilsonromero@yahoo.com.br


segunda-feira, 30 de junho de 2025

BOLETIM 06 - ANO XX - JUNHO DE 2025

A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUND 

Destaques: Governo federal assina acordo de indenização com família de Vladimir Herzog. Abraji denuncia ataques à imprensa em seu monitoramento anual. Polícia prende suspeito de matar radialista no PA. Jornalistas são mortos no México, Equador, Honduras e na Faixa de Gaza. Maria Ressa é absolvida em processo judicial nas Filipinas.

NOTAS DO BRASIL

São Paulo (SP) I - A família do jornalista Vladimir Herzog, em 26 de junho, assinou acordo com o governo federal, relativo à indenização retroativa de R$ 3 milhões por danos morais. O ato simbólico foi oficializado pelo ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, e por um dos filhos do jornalista, Ivo Herzog, na sede do Instituto Vladimir Herzog. O acordo prevê, além desse pagamento, os valores retroativos da reparação econômica mensal e vitalícia de pouco mais de R$ 34 mil à viúva Clarice Herzog, em razão de liminar anteriormente concedida pela Justiça Federal. De origem iugoslava, Herzog era diretor de jornalismo da TV Cultura e militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) quando foi convocado a prestar esclarecimentos na sede do DOI-Codi, em 25 de outubro de 1975, onde acabou torturado e morto. O Exército alegou, então, que ele teria cometido suicídio em sua cela, o que se provou uma mentira.

Natal (RN) - A jornalista e repórter Andreyna Patrício, da TV Tropical, foi constrangida durante transmissão ao vivo das festas juninas na capital potiguar.  Durante a reportagem, um homem fica entre o cinegrafista e a repórter, fazendo caretas, atrapalhando a transmissão e logo em seguida vai até a repórter, se aproxima dela e faz um gesto obsceno, saindo em seguida, numa atitude covarde e desrespeitosa. Com a repercussão nas redes sociais, o agressor postou um pedido desculpas pela atitude impensada. As entidades de classe se solidarizaram com a profissional.

São Luís (MA) - A blogueira e jornalista Sílvia Tereza, ex-diretora de Comunicação da Assembleia Legislativa (Alema), denunciou em 12 de junho ter sido alvo de ameaças com insinuações de violência sexual, após publicar em suas redes sociais uma matéria sobre o cenário político de 2026. Em vídeo, ela revelou que os comentários chegaram por meio do blog que administra e de seu perfil no Instagram, com termos ofensivos e ameaçadores. Sílvia identificou o uso de um antigo apelido pejorativo como estopim para entender a gravidade do caso. Segundo a jornalista, os comentários apresentavam tom de intimidação e foram reforçados por mensagens anônimas com registros de IP.

Patos de Minas (MG) - As equipes da NTV, NossaFM e PatosJá, do grupo NTV de Comunicação, foram impedidos pelo presidente da União Recreativa dos Trabalhadores (URT), Igor Cunha, de fazer a cobertura da partida entre URT e Mamoré, em 7 de junho, no estádio da entidade sindical. Os profissionais estavam credenciados e autorizados pela Federação Mineira de Futebol (FMF), mas a divergência sobre os direitos de transmissão do jogo motivou a atitude do presidente do URT, segundo informações divulgadas posteriormente.

São Paulo (SP) II - O jornalista Luiz Vassallo, do portal de notícias Metrópoles, sofre intimidação e censura com abertura de inquérito por parte do delegado da Polícia Civil Fábio Pinheiro Lopes que se sentiu incomodado com uma reportagem. Em 3 de junho, o profissional foi intimado a “prestar esclarecimentos” na 2ª Divisão de Crimes Cibernéticos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). A matéria publicada em março que motivou o processo mostrava que o delegado teria blindado cerca de R$ 10 milhões em fazendas, outros imóveis e capital integralizado, após ser citado em delação do empresário Vinícius Gritzbach (morto na saída do Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos – SP, em 8 de novembro de 2024), realizada em setembro de 2024.

Araçatuba (SP) - O jornalista Roberto Alexandre dos Santos, do site de notícias RP10, e Allan de Abreu, repórter da revista piauí, são alvos de investigação da Polícia Civil. O inquérito resulta de matéria da revista que aborda a relação do delegado Carlos Cotait, chefe da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), e um hacker que teria sido contratado para apoiar as investigações da Operação Raio X, invadindo dispositivos e contas das redes sociais dos investigados. Inicialmente, Santos foi alvo de diversas tentativas de intimidação que fizeram com que ele não assinasse a reportagem “O hacker e o delegado”, da piauí, que deu origem ao caso. E, depois, sofreu um mandado de busca e apreensão em sua residência. Com acesso aos rascunhos da reportagem, os policiais violaram seu direito constitucional ao sigilo de fonte. O inquérito segue em andamento e passou a incluir também o repórter Allan de Abreu, que recebeu uma intimação para prestar depoimento.

Cuiabá (MT) – O jornal 1 Agora teve de retirar do ar matérias que associavam o advogado Tallis Evangelista à prática de crimes atribuídos à organização criminosa “Comando Vermelho (CV)”, inclusive com menção à operação policial em que ele figurou como investigado. A juíza Cláudia Schmidt, do 1º Juizado Especial Cível, em tutela de emergência determinou a retirada por entender que os textos extrapolaram o direito à informação. O advogado foi acusado de ser “pombo correio” da facção porque ia à prisão atender um cliente, mas foi absolvido. Mesmo com a absolvição, um jornal publicou reportagens associando-o ao CV. Diz o processo que o nome e a imagem do advogado foram usados de forma sensacionalista e pejorativa, vinculando-o à prática de crimes graves, como ameaça e coação. Para a juíza, o jornal, ao associá-lo injustamente à facção criminosa, praticou ofensa grave. Além das informações consideradas falsas, as reportagens exibiram seu nome completo e fotografias, representando risco à sua integridade física.

Pedreiras (MA) - O portal Pedreirense e seu colunista Joaquim Cantanhêde são alvos de dois processos judiciais movidos, respectivamente, por um médico da rede pública e pelo suplente de deputado estadual Fred Maia (PDT), esposo da prefeita Vanessa Maia (União). O médico questiona a publicação de entrevista de uma moradora da cidade, na qual ela apresenta denúncias quanto ao atendimento de seu filho na rede de saúde pública. Além de pleitear R$ 10 mil de indenização por danos morais, o autor busca que o vídeo seja removido e que O Pedreirense seja impedido de realizar qualquer nova postagem com seu nome ou imagem. Fred Maia, por sua vez, protesta contra o artigo “O nosso mestre dos magos da hipocrisia”, de Joaquim Cantanhêde, que critica declarações do autor e relembra sua proximidade com Eduardo DP, empresário investigado pela Polícia Federal. A ação busca que o jornalista deixe de publicar dados pessoais e ofensas contra ele, além de requerer a condenação de Cantanhêde ao pagamento de R$ 20 mil por danos morais. A Coalizão em Defesa do Jornalismo (CDJor) acompanha os casos com atenção e confia que o Judiciário do MA garantirá o livre exercício da atividade jornalística, julgando as ações improcedentes.

Abaetetuba (PA) - A Polícia Civil prendeu, no final de maio, Gleydoson Queiroz, suspeito de assassinar a tiros o radialista Luís Augusto Carneiro da Costa, enquanto ele apresentava seu programa ao vivo na Rádio Comunitária Guarany FM. Na delegacia, o homem confessou o crime e revelou a motivação: desentendimentos com a vítima sobre a organização de eventos em Vila do Conde, distrito de Barcarena. O assassino, em 27 de maio, entrou encapuzado no estúdio da rádio, perguntou pelo locutor e o atingiu com três disparos de pistola. A execução foi transmitida ao vivo aos ouvintes da rádio, causando comoção e pânico na cidade. A prisão fez parte da operação “Antena da Lei”, deflagrada por equipes da Superintendência Regional do Baixo Tocantins e das delegacias de Homicídios de Abaetetuba e Vila dos Cabanos, nordeste do estado.

Rio de Janeiro (RJ) – O perfil do jornal A Verdade na rede social Instagram foi removido em 5 de junho pelo grupo Meta, proprietário da plataforma como Instagram e Facebook. Segundo a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) que protestou contra a medida, a decisão foi arbitrária, sem qualquer aviso prévio ou explicação clara, impedindo que milhares de seguidores tivessem acesso às coberturas e denúncias realizadas pelo jornal. A Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e dos Direitos Humanos (CDLIDH) da entidade considerou preocupante e inaceitável a decisão do Grupo Meta.

São Paulo (SP) III - A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou os resultados da edição 2024 do relatório Monitoramento de Ataques a Jornalistas no Brasil. A pesquisa mostrou que, embora o total de casos no ano passado tenha diminuído em 36,4% em relação ao ano anterior, em quase 41% dos episódios houve agressões físicas, ameaças ou destruição de equipamentos, um aumento de 38,2% quando comparado a 2023. O relatório apontou ainda uma mudança importante no perfil dos agressores: os principais responsáveis pelos ataques foram indivíduos sem vínculo com o Estado, que representaram 39% dos casos registrados, superando os agentes estatais. A retórica antimídia, amplificada por figuras públicas e reproduzida em massa por cidadãos comuns, além de autoridades e figuras públicas, contribuiu para um ambiente de desconfiança e hostilidade contra jornalistas. Outro dado preocupante foi o crescimento da violência de gênero, que passou a representar 31% dos casos monitorados em 2024. As jornalistas Daniela Lima e Natuza Nery, da GloboNews, foram as mais atacadas no período, evidenciando como o machismo e a misoginia seguem sendo utilizados como instrumentos de descredibilização do trabalho de mulheres jornalistas. Acesse o documento completo em https://www.abraji.org.br/publicacoes/monitoramento-de-ataques-a-jornalistas-no-brasil

PELO MUNDO 

México - O jornalista e fotógrafo Salomón Ordoñez Miranda, fundador do meio digital Shalom Cuetzalan Producciones, foi assassinado a tiros na noite de 23 de junho no município de Cuetzalan, nas montanhas ao norte de Puebla. Testemunhas relataram que indivíduos desconhecidos atiraram duas vezes à queima-roupa em Ordoñez antes de fugir. O serviço médico de emergência demorou mais de uma hora para chegar e socorrer o jornalista, que ficou gravemente ferido e faleceu ao receber atendimento médico em um hospital.

Irã – O exércio israelense bombardeou em 16 de junho a sede da Islamic Republic of Iran Broadcasting (IRIB), emissora oficial do país. Vídeos publicados nas redes sociais mostram uma apresentadora ao vivo no estúdio, enquanto o cenário e a câmera tremem durante o ataque. Não houve informações sobre mortos e feridos. A programação ao vivo foi brevemente interrompida, mas voltou ao normal alguns minutos depois. 

Israel - Quatro jornalistas foram mortos e vários ficaram feridos em 5 de junho em um ataque israelense a um hospital de Gaza. O governo israelense nega que os profissionais tenham sido alvo da ação. Em 30 de junho, pelo menos 21 pessoas, incluindo um jornalista, foram também mortas em bombardeios na praia da Cidade de Gaza. O profissional foi identificado como Ismail Abu Hatab, cuja morte eleva para 228 o número de jornalistas e trabalhadores do setor mortos em Gaza desde o início da guerra.

Equador - O jornalista Gonzalo Fabricio Zamora Loor, que trabalhava no Ministério do Meio Ambiente, foi assassinado na madrugada de 15 de junho, em um ataque armado em Portoviejo, Manabí. Zamora foi assassinado por volta das 5h da manhã enquanto dirigia seu veículo que foi interceptado por homens armados, que dispararam várias vezes contra ele. Embora tenha tentado escapar, seu corpo foi encontrado caído à beira da estrada. As autoridades estão investigando se o assassinato está relacionado ou não com seu trabalho jornalístico.

Honduras - O radialista, cronista esportivo e ex-jogador de futebol Carlos Gilberto Aguirre foi assassinado a facadas na madrugada de 1º de junho, no município de Juticalpa. No mesmo dia, também foi morto a tiros o comunicador social Javier Antonio Hércules Salinas, do canal de TV A Todo Noticias (ATN), na colônia Elder Romero, no município de Santa Rosa de Copán, região ocidental de Honduras. O jornalista, que também trabalhava como taxista, havia sido vítima de sequestro em 2023.

Panamá – Os jornalistas Pedro Batista, do Telemetro Reporta, Horacio Trottma, da Sertv, e Luis Alberto Jiménez , da TVN Noticias, foram ameaçados com lanças e tiveram seus equipamentos de trabalho roubados, em 14 de junho, enquanto cobriam o 'Plano Ômega', uma operação policial para garantir a livre circulação em Bocas del Toro, província do Panamá que possui bloqueios em mais de 20 pontos. O Conselho Nacional de Jornalismo (CNP), o Fórum de Jornalistas pelas Liberdades de Expressão e Informação, a Associação Panamenha de Radiodifusão e a Associação de Jornalistas de Chiriquí se uniram para condenar as agressões.

Peru – A residência do jornalista Carlos Alarcón, da Amazonia TV, foi atingida por disparos de arma de fogo em 21 de junho, após receber ameaças em seu celular. Os policiais recolheram 13 cápsulas de bala como prova do ataque à casa do profissional. Alarcón declarou já ter recebido ameaças anteriores relacionadas ao seu trabalho jornalístico e às investigações sobre autoridades políticas locais. A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) e a Associação Nacional de Jornalistas condenaram o ataque e pediram rápida investigação da ocorrência.

Arábia Saudita - O jornalista Turki al-Jasser foi executado em 14 de junho, sendo o primeiro profissional condenado à pena de morte no país desde que Mohammed bin Salman assumiu o poder em 2022. Turkiestava detido há sete anos, acusado de terrorismo, traição e ofensa à segurança nacional. O Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ) declarou indignação com a execução de Turki que cobriu temas como direitos das mulheres, Primavera Árabe e corrupção.

Azerbaijão - O editor-chefe Sevinj Vagifgizi, do Abzas Media, e mais seis jornalistas foram condenados em 20 de junho, a entre sete e nove anos de prisão por “tráfico de moeda estrangeira”.

Filipinas - Maria Ressa, jornalista ganhadora do Prêmio Nobel da Paz e CEO do website Rappler, foi absolvida em 19 de junho por um tribunal filipino em um longo processo judicial, juntamente com cinco membros da equipe de gestão da empresa. Desde 2017, a Rappler, Ressa e seus colegas têm sido alvo de uma campanha constante de assédio legal e ataques online.

El Salvador - Três ex-oficiais militares salvadorenhos de alta patente foram condenados a 15 anos de prisão pelo assassinato de quatro jornalistas holandeses em 1982. O juiz também responsabilizou o governo pela demora da Justiça e ordenou que o Comandante das Forças Armadas se desculpasse com as vítimas em nome do Estado. Jan Kuiper, Koos Koster, Joop Willemsen e Hans ter Laag, da TV holandesa Ikon foram ao país para produzir um documentário que mostrasse o contraste entre a vida em San Salvador e nas áreas rurais, onde ocorria o conflito entre as Forças Armadas e o grupo rebelde Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN). Koster, que liderava a equipe, era visto pelas autoridades salvadorenhas como um apoiador da guerrilha da FMLN. Isso aconteceu após ele ter feito uma reportagem sobre os esquadrões da morte no país. Por esse motivo, a equipe de jornalistas foi seguida pela polícia de inteligência desde o momento em que chegou ao país. Finalmente, os policiais coordenaram uma emboscada, na qual os quatro jornalistas foram mortos, junto com alguns guerrilheiros que serviam de guias para os repórteres. Após 43 anos de impunidade, este é o primeiro crime contra a humanidade registrado no relatório da Comissão da Verdade das Nações Unidas sobre El Salvador que chegou a ser julgado – e que, agora, obtém uma sentença, segundo a Fundação Comunicándonos, que, junto com a Associação Salvadorenha de Direitos Humanos (Asdehu), representa as famílias dos jornalistas no país.

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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.

Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa (www.observatoriodaimprensa.com.br), Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Portal dos Jornalistas (https://www.portaldosjornalistas.com.br/), Jornalistas & Cia (https://www.jornalistasecia.com.br/),  https://mediatalks.uol.com.br, Consultor Jurídico (https://www.conjur.com.br/areas/imprensa), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.eu)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se (portal.comunique-se.com.br), Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), FreedomHouse (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan-ifra.org), Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) (http://www.oas.org/pt/cidh/), Fórum Mundial dos Editores, https://forbiddenstories.org/, https://www.mfrr.eu/, https://www.onefreepresscoalition.com/press e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista. 

Pesquisa e edição: Vilson Antonio Romero (RS)

vilsonromero@yahoo.com.br 

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