domingo, 25 de outubro de 2015

BOLETIM 40 ANO X

A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO
Notas do Brasil
Brasília (DF) I - O Projeto de Lei 6.446/2013, do Senado Federal, que regulamenta o direito de resposta a informações publicadas pela imprensa foi aprovado com alterações em 20 de outubro pela Câmara dos Deputados. Em razão das mudanças, o texto, de autoria do senador Roberto Requião (PMDB/PR), retorna ao Senado. Pela proposta, quem se sentir ofendido por uma notícia terá 60 dias para pedir ao veículo de comunicação o direito de resposta ou a retificação da informação. O prazo conta a partir de cada publicação. Se tiverem ocorrido divulgações sucessivas e contínuas, conta a partir da primeira vez que apareceu a matéria. O texto considera ofensivo o conteúdo que atente, mesmo por erro, contra a honra, a intimidade, a reputação, o conceito, o nome, a marca ou a imagem de pessoa física ou jurídica. A resposta ou retificação é garantida na mesma proporção do agravo, com divulgação gratuita. Não poderá ser pedido direito de resposta aos comentários dos leitores na internet. O direito de resposta não fica prejudicado no caso de haver retratação ou retificação pelo meio de comunicação antes do envio de reclamação pelo ofendido. Isso também não impede a ação de reparação por dano moral.

Brasília (DF) II – A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), a Federação Interestadual dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão e Televisão (Fitert) e a ONG Artigo 19 encaminharam em 23 de outubro uma denúncia contra o governo brasileiro para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da Organização dos Estados Americanos (OEA) por desrespeito à liberdade de expressão. O documento aponta 91 violações contra profissionais de imprensa, incluindo 18 assassinatos de jornalistas, radialistas, blogueiros e chargistas desde 2012. Cita também casos de sequestro, tentativa e ameaça de homicídio contra profissionais de comunicação. O dossiê apresenta sete recomendações ao governo, como estender o Sistema Nacional de Proteção aos jornalistas ameaçados pelo exercício da liberdade de expressão.

São Paulo (SP) – Diversas manifestações públicas pelo país lembraram em 25 de outubro os 40 anos da morte do jornalista Vladimir Herzog, o Vlado. Ele era diretor do telejornal Hora da Notícia, veiculado pela TV Cultura de São Paulo. Vlado foi morto em 1975 sob tortura pelos militares após ser detido nas dependências do Destacamento de Operação de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (Doi/Codi). Ele deixou viúva e dois filhos. Divulgada como suicídio em comunicado do II Exército na época, com a utilização de uma foto forjada, a versão foi desmentida. Clarice Herzog conseguiu, em outubro de 1978, a condenação da União pela prisão arbitrária, tortura e morte de Vladimir. Em 2013, como parte dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade (CNV), a família conseguiu a retificação do atestado de óbito onde consta que a morte do jornalista se deu em função de “lesões e maus tratos sofridos durante os interrogatórios em dependência do II Exército”.

São Luis (MA) - A Editora Globo – que produz a revista Época – foi condenada pela 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do MA a pagar R$ 50 mil de indenização ao juiz federal Neian Milhomem da Cruz. Em 2008, a revista informou que o juiz havia negado pedido de prisão para o empresário Fernando Sarney, filho do ex-presidente e ex-senador José Sarney que era investigado por supostas irregularidades contra a administração federal. A revista escreveu que “o magistrado é o mesmo que, há meses, vinha atendendo aos pedidos da polícia e do MP para interceptar telefones e quebrar sigilos bancário e fiscal dos investigados. Tão logo negou a prisão, tirou dois meses de férias”. O juiz moveu ação na Justiça sustentando que “a reportagem faria crer que agiu má-fé por não ter decretado a prisão”.

Belo Horizonte (MG) - Os advogados do governador Fernando Pimentel (PT/MG) apresentaram uma nova petição nos autos da Operação Acrônimo, em que afirmam não ter tido o objetivo de solicitar a quebra do sigilo telefônico de um repórter do jornal O Globo para descobrir suas fontes. A defesa do político argumenta que um trecho do pedido dava margem a uma “interpretação diversa” da pretendida e apontava uma “ligeira contradição”.  A petição foi apresentada em setembro depois que o jornal O Globo divulgou notícia sobre o pagamento de R$ 500 mil pelo Sindicato das Indústrias Extrativas de Minas Gerais (Sindiextra-MG) à empresa OPR Consultoria, que pertencia ao governador. A Operação Acrônimo investiga irregularidades no financiamento e na prestação de contas da campanha de Fernando Pimentel ao governo de MG em 2014, e um eventual benefício a empresas com empréstimos no BNDES, subordinado ao Ministério do Desenvolvimento, que foi comandado pelo político.

Pelo mundo
Alemanha – O jornalista Jaafar Abdul Karim, da rede Deutsche Welle, foi agredido em 19 de outubro por manifestantes do movimento islamofóbico Pegida (Europeus Patriotas contra a Islamização do Ocidente) durante ato de comemoração de um ano da organização do grupo na cidade de Dresden. O repórter tentou entrevistar membros da Pegida, que se mostram contrários à política para os refugiados implantada pela primeira-ministra Angela Merkel. Um grupo mais exaltado acusou a imprensa de “só contar mentiras” e passou a empurrar o jornalista e o cinegrafista, que preferiram sair da manifestação.

México – Um ex-prefeito da cidade de Seyé foi preso em 22 de outubro, acusado de abuso de autoridade e agressão ao repórter Edwin Pech Canche, do Diário de Yucatán. A Promotoria de Crimes contra a Liberdade de Expressão foi a responsável por investigar e condenar o ex-prefeito. Ele foi acusado de ter agredido e ordenado a detenção do jornalista por conta de fotografias feitas em janeiro de 2014 que comprovavam a participação do irmão do político em um acidente de carro.

Honduras - O correspondente Ricardo Ellner, dos veículos Nuestra Patria Grande, Rebelión, Kaoes en la Red, Clarín (Colômbia), Resumen del Sur e Radio Michoacán (Chile), recebeu ameaças de morte na tarde de 20 de outubro quando chegava em um shopping, próximo à Universidade Nacional Autônoma de Honduras (UNAH). Ellner relatou que depois de estacionar seu carro, dois homens que estavam em uma motocicleta pararam atrás do automóvel e o ameaçaram. Horas antes, o jornalista havia publicado em seu Facebook uma mensagem contra a privatização de hospitais públicos no país. Em um dos seus últimos artigos, compartilhado nas redes sociais, Ellner abordou a liberdade de expressão na ditadura.

França - O jornalista David Perrotin, do BuzzFeed, foi atacado por manifestantes judeus do movimento Liga de Defesa Judaica (LDJ) que tentavam invadir a sede da agência nacional de notícias na capital Paris,em 22 de outubro.  Perrotin, que é desafeto do grupo por ter veiculado alguns planos de ataque do LDJ, foi agredido por 12 homens mascarados e munidos de cassetetes em frente à sede da agência. Após as agressões, o jornalista teria conseguido se desvencilhar do tumulto com ajuda de policiais. Os extremistas protestavam contra a cobertura do conflito entre Israel e Palestina, que na opinião do movimento é abordada de forma tendenciosa para o lado palestino.
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Coréia do Sul – O jornalista japonês Tatsuya Kato, do jornal Sankei Shimbun, acusado de difamar a presidente Park Geun-hye, pode sofrer uma pena de até 18 meses de prisão. Ele teria divulgado rumores de que ela esteve ausente durante o naufrágio de um ferryboat em 2014 por estar num “encontro íntimo” com um ex-assessor. A acusação do jornalista levantou questões sobre a liberdade de imprensa na Coreia do Sul. Críticos ao governo acusaram Park de reprimir os jornalistas numa tentativa de controlar a sua imagem na imprensa.

Egito - O escritório da Fundação para o Desenvolvimento de Mídia, que treina auxiliares de jornalistas na capital Cairo, foi invadido pelas forças da segurança. Membros da equipe da entidade foram mantidos no local durante horas, enquanto cerca de 20 homens permaneceram no prédio.
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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.
O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão.
Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa (www.observatoriodaimprensa.com.br), Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Consultor Jurídico (www.conjur.com.br), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.eu)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se (portal.comunique-se.com.br), Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom House (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan-ifra.org), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.

Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero

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