segunda-feira, 28 de novembro de 2011

TAMBOR DA ALDEIA - BOLETIM 47 ANO VI

A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO
Notas do Brasil


São José dos Campos (SP) – O fotógrafo Luca Lacaz Ruiz, do jornal Agoravale, e outros profissionais da imprensa acusam policiais de agirem de forma agressiva contra os jornalistas na manhã de 24 de novembro, durante a cobertura de um protesto de trabalhadores do setor químico defronte a empresa Johnson&Johnson. Os jornalistas reclamam que foram impedidos de se aproximar do movimento e que a polícia os afastou com sprays de pimenta, assim como fez com os membros do sindicato dos químicos.

Brasília (DF) - O ministro das Cidades, Mário Negromonte, discutiu com jornalistas da rádio Estadão ESPN, na manhã de 25 de novembro, ao ser questionado sobre as recentes denúncias de fraudes em sua pasta. No ar, o ministro negou veementemente qualquer irregularidade e diz que abriu uma sindicância para apurar as denúncias. Irritados com as negativas do ministro, os entrevistadores contestaram suas argumentações, com informações apuradas pelo Estadão, citando o relatório enviado para o secretário do Ministério das Cidades, sobre a construção do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), em Cuiabá (MT), em que foi constatada, pela Controladoria Geral da União, a reprovação do orçamento. Negromonte disse que estavam [os repórteres] “querendo colocar chifre em cabeça de jumento” e insistiu que qualquer infração seria apurada por meio de uma sindicância. Uma das radialistas chamou o repórter Leandro Colon, de Brasília, e a contestação das informações ficou 'inflamada'. Repórter e ministro iniciaram uma discussão e Colon acusou Negromonte de “enganar os ouvintes”, lembrando que as denúncias constavam em um relatório publicado em manchete pelo Estadão. O ministro rebateu, dizendo que a manchete se “precipitou”, afirmando que era ele [Colon) quem estaria “enganando e mentindo”. “Quem é você para pré-julgar?”, disparou Negromonte ao repórter. Sob o pretexto de que estaria entrando em uma solenidade na Bahia, o ministro desligou o telefone e deixou os jornalistas sem respostas.

Pelo mundo

Rússia - A jornalista Tatyana Limanova foi demitida pela emissora REN-TV em 24 de novembro após fazer um gesto obsceno ao mencionar o nome do presidente norte-americano Barack Obama. Em comunicado, a emissora diz que “considera [o gesto] uma grosseira violação das regras de disciplina, e falta de profissionalismo”. A REN-TV alega, também, que o gesto teria sido destinado ao câmera, quando a âncora não sabia que estava no ar, e não em desrespeito ao presidente. Tatyana apresentava uma notícia sobre o presidente Dmitri Medvedev que assumiu a presidência rotativa da Associação para a Cooperação Ásia Pacífico (APEC), cargo anteriormente ocupado pelo líder dos EUA, e, quando citou o nome de Barack Obama, mostrou o dedo médio à câmera.

México - A jornalista argentina Olga Wornat e sua assistente, Edgar Monroy, afirmam estar recebendo ameaças de morte desde o início de novembro em decorrência de apuração jornalística que realizam para publicar um livro sobre o governo do presidente Felipe Calderón. Ambas relatam que têm recebido ameaças via e-mail e celular que evidenciam serem alvos de escutas telefônicas e perseguição. Monroy disse que recebeu um e-mail no qual lhe pediam o material do novo livro e informações sobre as fontes em troca de um milhão de pesos mexicanos (US$ 716 mil). A jornalista acrescenta que, após ter ignorado a mensagem, seus telefones começaram a sofrer interferências, incluindo um incidente em que uma van branca tentou atropelá-la. Monroy disse que já denunciou as ameaças, sem sucesso, às autoridades mexicanas, e teve que contratar escoltas que a acompanham e uma patrulha que vigia sua casa na Cidade do México.

Venezuela - O editor-chefe Leocenis García, do semanário Sexto Poder, foi solto e levado para uma clínica privada na noite de 21 de novembro, após passar 12 dias em greve de fome na prisão para reivindicar o direito de responder em liberdade às acusações que sofre. O tribunal responsável pelo processo de García emitiu medida cautelar para permitir que ele enfrente seu julgamento em liberdade. A medida impõe restrições ao editor, que está proibido de sair do país, fazer declarações aos meios de comunicação e participar de manifestações públicas, além de ter que se apresentar à polícia a cada oito dias. Apesar disso, o advogado do editor disse que ele será capaz de continuar à frente do jornal semanal. O jornalista estava preso desde 30 de agosto, acusado de “instigação pública ao ódio e ofensa pública por razões de gênero” após a divulgação de uma polêmica montagem que satirizava ministras do governo Chávez. O caso provocou críticas de organizações de imprensa, que defenderam o direito à liberdade do editor e demonstraram preocupação com sua saúde.

Índia – O cinegrafista Umar Meraj, da agência Associated Press, e outros três jornalistas foram agredidos por policiais em 25 de novembro quando cobriam um protesto na região da Caxemira. Meraj recebeu socos, chutes e golpes com cassetetes, além de ter seu equipamento destruído, de acordo com testemunhas. O ministro-chefe da Caxemira, Omar Abdullah, afirmou que alguns fotógrafos “que estiveram misturados à multidão para cobrir este protesto subversivo, foram confundidos com os manifestantes”, e ressaltou que investigará as causas da agressão. A greve fechou escolas e lojas em protesto pela detenção de jovens manifestantes que defendem a independência da Caxemira.

Ruanda - Três jornalistas foram detidos no período de uma semana, na cidade de Kigali, sendo que dois já foram liberados. O editor Joseph Bideri, do New Times, diário que apoia o partido no poder, foi detido em 14 de novembro e solto posteriormente. Uma série publicada recentemente no jornal descreveu um caso de desfalque na construção de uma hidrelétrica no oeste do país. Jean Gualbert Burasa, editor do jornal bimestral independente Rushyashya, foi preso em Kigali em 11 de novembro. Segundo a polícia, ele estaria dirigindo alcoolizado. Mas sua prisão pode ter sido motivada pela publicação de um artigo sobre a profanação do túmulo da ex-ministra de Relações Sociais Christine Nyatanyi. Ele foi libertado quatro dias depois. O terceiro jornalista detido é René Anthère Rwanyange, que permanece sob custódia policial. A polícia alega que ele foi preso por roubar um laptop.

EUA - O “Dia Internacional pelo Fim da Impunidade” foi realizado em 23 de novembro, com atividades em diversos países, para chamar a atenção ao fato de que autoridades em todo o mundo falham ao investigar assassinatos de jornalistas e ativistas que defendem a liberdade de expressão. A ideia partiu da rede de organizações para liberdade de imprensa Intercâmbio Internacional de Liberdade de Expressão (Ifex) e reivindicou justiça às vítimas, incluindo repórteres, artistas, músicos e políticos, cujos assassinatos foram ignorados por autoridades. A data foi escolhida para marcar o segundo aniversário do massacre de Maguindanao, nas Filipinas, quando 32 jornalistas foram mortos.

Hungria - A nova lei de mídia húngara enfraquece a liberdade de expressão, revelou uma missão internacional formada por organizações em prol da liberdade de imprensa. Entre os grupos representados na missão estavam o Article 19, o Index on Censorship, o Instituto Internacional de Imprensa, a Federação Europeia de Jornalistas e a Organização de Mídia do Sudeste Europeu. Membros da missão discutiram os problemas com jornalistas, advogados, representantes da sociedade civil e um representante do governo húngaro. Com a mudança o governo eleito do partido Fidesz impôs um dos modelos de mídia mais inflexíveis da Europa. Segundo o grupo, a regulamentação do país é incompatível com leis internacionais e europeias e ameaça a diversidade e o pluralismo. A lei criou a Autoridade Nacional de Mídia e Infocomunicações com poderes para multar veículos e empresas em até 727 mil euros e agir como um investigador extrajudicial, júri e juiz em reclamações públicas. A nova lei deu início a medidas que retiram proteções de fontes jornalísticas, o que a missão considerou incompatível com a legislação europeia. O texto contém uma revisão que determina que jornalistas revelem suas fontes “para proteger a segurança nacional e a ordem pública ou para investigar ou evitar atos criminais”.

Equador – O locutor Carlos Ignacio Cedeño, da rádio Sono Onda, na província de Manabí, teve sua condenação a seis meses de prisão por difamação confirmada pela justiça. Em dezembro de 2009, ele acusou o médico Melitón García de levar equipamentos de um hospital público para sua clínica particular, assim como de organizar uma greve para exigir a renúncia do diretor de uma instituição de saúde. Segundo a Justiça, o locutor atacou a dignidade do médico. Em novembro de 2010, Cedeño foi condenado a um ano de prisão, mas apelou da decisão e a pena acabou sendo reduzida para seis meses.

Panamá – A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) exigiu que as autoridades investiguem o assassinato de Darío Fernández Jaén, proprietário da rádio Mi Favorita e diretor de um programa de comentários políticos. Jaén foi morto em 6 de novembro na cidade de Penonomé, próxima à capital panamenha. As autoridades avaliam qeu sua morte pode estar relacionada com suas denúncias de supostas irregularidades no processo de titulação de terras em Coclé del Norte. Um suspeito foi preso e confessou ter sido pago para cometer o crime.

Chile - O repórter brasileiro Victor Farinelli, colaborador na capital Santiago do Opera Mundi e do Diário da Liberdade, teve a câmera fotográfica apreendida pela polícia, que apagou as fotos do cartão de memória, jogou as pilhas fora e o equipamento no chão em 21 de novembro. Os policiais intimidaram e agrediram também outros jornalistas que cobriam um protesto contra uma homenagem a um ex-repressor da ditadura. Esteban Sanchez, da Rádio ADN, teve o material destruído e foi detido e espancado dentro de um furgão policial sem saber a razão. Desde o início da onda de protestos estudantis no Chile, profissionais da imprensa têm sofrido ataques no exercício da profissão, como detenções arbitrárias, agressões físicas e danos ao seu material de trabalho.

Egito - A jornalista Mona Eltahawy relatou em seu twitter que sofreu espancamento e abusos sexuais por parte das Forças de Segurança Central, na manhã de 24 de novembro. Com passagem por veículos como The Washington Post, The New York Times, e The Huffington Post, Mona é conhecida por sua postura crítica ao governo egípcio e atuação pelos direitos humanos. Em meio às novas turbulências que ocorrem no país, desta vez contra o governo transitório que assumiu o poder desde a queda do ditador Hosni Mubarak, a jornalista foi presa no Cairo e levada para o Ministério do Interior. Sob custódia, Mona relatou que sofreu abusos e espancamentos. As autoridades não a informaram as razões pelas quais a mantiveram detida por 12 horas no ministério.
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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.

O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão.

Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa, Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.online.pt)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se, Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom House (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan.org), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.

Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero

domingo, 20 de novembro de 2011

LIBERDADE DE IMPRENSA BOLETIM 46 ANO VI

A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO
Notas do Brasil


Brasília (DF) I - A Lei n°. 12.527, chamada de Lei de Acesso à Informação, foi publicada na edição extra do Diário Oficial da União de 18 de novembro, com dois vetos presidenciais ao texto original. Em outubro, os senadores haviam aprovado o texto que determinou o fim do sigilo eterno dos documentos oficiais. Com isso, os prazos ficam em 25 anos de sigilo para papéis ultrassecretos, 15 anos para os secretos e cinco anos para os reservados, com a possibilidade de uma única prorrogação. Portanto, o prazo máximo para um documento ser mantido em sigilo seria de 50 anos. O Brasil é o 89º. país a ter uma lei que fornece amplo acesso às informações do Estado.

Brasília (DF) II - O Brasil está em segundo lugar na violência contra a imprensa na América Latina, perdendo apenas para o México, conforme levantamento do Instituto Gallup. Em 2011, foram seis jornalistas, entre profissionais e repórteres cinematográficos, assassinados no País. O ranking também coloca o Brasil na 47ª posição em liberdade de imprensa entre 112 países pesquisados. Ainda de acordo com a pesquisa, 79% da população brasileira considera que a imprensa no País é livre e 21% acha que o Brasil precisa melhorar nesse quesito. Na primeira colocação está a Holanda, onde 95% dos cidadãos consultados pelo instituto disseram que a imprensa é livre. Na ponta de baixo está o Chade, país no centro-norte da África, onde a imprensa é livre para apenas 27% da população.

Curitiba (PR) - O jornalista Joe Sharkey foi condenado pela Justiça paranaense a uma retratação pública e indenização de R$ 50 mil por ter postado em seu blog críticas ao povo brasileiro e culpar autoridades nacionais por acidente aéreo. Sharkey estava no jato Legacy que colidiu com o voo 1907 da Gol, em 2006, e matou 154 pessoas. O jornalista não compareceu ao julgamento e também não apresentou defesa formal, no entanto, em seu blog, nega a acusação de que teria ofendido os brasileiros. A ação contra Sharkey foi movida em 2008 por Rosane Gutjahr, que perdeu o marido no acidente. Os R$ 50 mil serão doados para a Associação de Amigos do Hospital de Clínicas de Curitiba.

Cuiabá (MT) - A jornalista Beatriz Barbosa Ayoub, do site Perspectivas MT, foi condenada a pagar R$ 15 mil para Adriana Vandoni, do blog Prosa&Política, por danos morais. Beatriz afirmou, em seu perfil no Twitter, que a colega seria desonesta com o marido. Cássio Curvo, esposo de Adriana, também entrou com outra ação pelo mesmo motivo, no Juizado de Cuiabá. A jornalista foi condenada por um episódio ocorrido em maio deste ano. A discussão no Twitter foi acessada por várias pessoas. Adriana alegou, no Juizado Especial, que Beatriz a ofendeu “proferindo-lhe xingamentos e palavras de baixo calão, sobretudo contra sua reputação”. Antes da decisão, o juiz marcou uma audiência de conciliação, mas Beatriz não compareceu ao encontro. Este é o primeiro caso de condenação por ofensas na internet no MT. A decisão foi baseada no Código Civil e no artigo 5º da Constituição Federal.

Pelo mundo

EUA - A repórter Karen Matthews e o fotógrafo Seth Wenig, da Associated Press; Matthew Lysiak, do Daily News de Nova York; a jornalista freelancer Julie Walker, que presta serviço para a NPR; e o também repórter independente Doug Higginbotham, no local pela TV New Zeland, foram detidos durante a cobertura dos protestos “Ocupe Wall Street”, na cidade de Nova York, em 15 de novembro. Os jornalistas, libertados após algumas horas, foram detidos juntamente com 70 manifestantes, depois de o prefeito Michael Bloomberg mandar a polícia desocupar o Parque Zuccotti, em Manhattan, onde as pessoas ligadas ao movimento estavam acampadas há dois meses. Além das detenções de jornalistas, outros profissionais de imprensa afirmaram ter sido agredidos e proibidos de acompanhar a retirada dos manifestantes do parque.

Inglaterra – O jornalista Alan Rusbridger, editor-chefe do jornal The Guardian, prestou depoimento sobre as denúncias veiculados no jornal a respeito das escutas telefônicas do extinto tabloide News of The World (NOTW). Rusbridger criticou os órgãos reguladores da imprensa e a demora na apuração das acusações pela polícia, que, segundo ele, são “graves”. Ele pediu um novo sistema de regulação da mídia britânica. Além do editor do Guardian, Michelle Stanistreet, secretária-geral da União Nacional de Jornalistas, e David Sherborne, advogado que representa 51 vítimas do NOTW, prestaram depoimento.

México - O jornal El Siglo de Torreón sofreu um ataque na madrugada de 15 de novembro. Um grupo desconhecido estacionou um veículo em frente ao prédio da publicação e ateou fogo no carro. É o segundo atentado sofrido pelo jornal. Em agosto de 2009, outro grupo disparou diversos tiros contra o mesmo prédio.

Colômbia - O coordenador do noticiário da rádio Maravilla Stereo, Limedes Molina Urrego, denunciou que foi agredido por Gonzalo Gómez, ex-candidato à prefeitura de Valledupar, uma cidade da região norte da Colômbia. O político agrediu o jornalista e o culpou por sua derrota eleitoral durante o enterro de um fotógrafo em 16 de novembro. “Já concluiu o seu objetivo”, disse o ex-candidato a Urrego, em seguida o atingindo violentamente no pescoço.

Inglaterra - O juiz Michael Tugendhat, do Tribunal Superior de Londres, emitiu uma ordem de afastamento a favor da atriz chinesa Tinglan Hong, mãe da filha do ator Hugh Grant. A decisão proíbe a imprensa de “assediar” a atriz. Em suas alegações, o juiz explicou que Grant era “muito conhecido”, mas a chinesa “nunca procurou publicidade”. Hong afirma que desde o nascimento da filha sua vida ficou insuportável. Ela diz que há fotógrafos esperando o tempo todo do lado de fora da sua casa. O juiz afirmou que os pais da criança fizeram “o possível” para manter a situação em sigilo, e desconhecem como a informação “veio a publico”.

Bolívia - Os equipamentos de uma rádio comunitária e da TV Canal 8 foram destruídos em 14 de novembro por moradores da reserva florestal El Choré, na Bolívia oriental, e por partidários do prefeito local, em retaliação a denúncias sobre supostos atos de corrupção de funcionários da prefeitura. Os colonos que defendem o prefeito David Carvajal invadiram a rádio comunitária para roubar computadores, consoles, ventiladores, mesas, cadeiras, televisores e material de escritório para levar até a comunidade Campo Víbora, onde pretendiam instalar os equipamentos e reiniciar a transmissão. A polícia não conteve o saque e ninguém da rádio estava no prédio.

Peru – O apresentador Nelson Tauanama Cachique, do noticiário “La Hora de la Verdad”, da TV Canal 33 Ribereña, recebeu ameaças de morte por telefone, feitas de uma penitenciária da capital Lima. Cachique acredita na possibilidade de relação entre as intimidações e as denúncias que fez sobre um suposto caso de corrupção envolvendo o presidente do governo regional de Ucayali, Jorge Velásquez Portocarrero, ou a uma reportagem em que mostra que a filha do prefeito subornava um empresário. O repórter diz ter recebido oito mensagens de voz, com ameaças e insultos.

Honduras - Os jornalistas Arnulfo Aguilar, diretor da Radio Uno, e Luis Gadalmez, locutor de um programa da Radio Globo, voltaram a receber ameaças de morte, mesmo após a Comissão Interamericana de Direitos Humanos ter tomado medidas cautelares. O Comitê de Familiares de Presos Desaparecidos em Honduras denunciou em 13 de novembro que Aguiar está sendo seguido por desconhecidos que também o ameaçaram por telefone. Já o locutor Gadalmez recebeu um telefonema de ameaças de um suposto militar. Os dois jornalistas se opuseram ao golpe de Estado em Honduras e sofreram atentados em 2009.

Venezuela – A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) e a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) pediram em 15 de novembro a imediata libertação do editor do jornal Sexto Poder, Leocenis García, preso preventivamente em 30 de agosto e em greve de fome desde 9 de novembro. As entidades manifestaram preocupação com a saúde do jornalista, que reivindica garantias processuais e o direito de permanecer em liberdade durante o processo judicial.

Equador - César Ricaurte, diretor da ONG Fundamedios, defensora da liberdade de expressão, recebeu ameaças de morte em 11 de novembro, após criticar o governo do Equador em uma audiência na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Antes do episódio, o governo federal já havia obrigado emissoras de TV a transmitir mensagens simultâneas no horário nobre com críticas à Fundamedios e ao seu diretor acusando-os de estarem vinculados a pessoas que cometeram crimes de Estado no passado, de acordo com a própria organização. O Ministério do Interior assegurou que pediu a proteção do jornalista César Ricaurte.
Noruega - Os três homens acusados de planejar um atentado à bomba na sede do jornal dinamarquês Jyllands-Posten, de Copenhague, afirmaram em 15 de novembro que são inocentes, durante julgamento realizado na Noruega. Os réus, que moram no país em que está sendo realizada a Corte, são acusados de armazenar ingredientes para a fabricação de explosivos em um apartamento. A promotoria afirma que o atentado foi articulado com a Al-Qaeda, no Paquistão, onde um dos três acusados teria recebido treinamento. Todos foram detidos no ano passado. O ataque teria acontecido após a publicação de charges sobre o profeta Maomé.

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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.

O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão.

Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa, Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.online.pt)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se, Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom House (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan.org), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.

Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero

terça-feira, 15 de novembro de 2011

TAMBOR DA ALDEIA 45 ANO VI

A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO
Notas do Brasil


Brasília (DF) – A imprensa teve seu acesso impedido ao Seminário Internacional “Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil”, que aconteceu no Palácio do Planalto entre os dias 9 e 11 de novembro. O evento reuniu representantes de ONGs, especialistas brasileiros e estrangeiros para discutir, entre outras coisas, mecanismos de transparência e prestação de contas. A princípio, o evento permitia que jornalistas acompanhassem as discussões. A Secretaria-Geral da Presidência não soube informar o motivo do cerceamento ao trabalho da imprensa..

Vitória (ES) - O jornalista Marcelo Bandeira, do programa “Manhã Gazeta”, da TV Gazeta, processa por danos morais os apresentadores do “Furo MTV”, Dani Calabresa e Bento Ribeiro. A apresentadora referiu-se a Bandeira como “a bicha que trabalha com Claudete Troiano”, durante a exibição do noticiário humorístico. A MTV informa que ainda não foi intimada. O jornalista pede uma indenização de R$ 300 mil.

Rio de Janeiro (RJ) - A morte do cinegrafista Gelson Domingos, da rede Bandeirantes, em 6 de novembro, durante uma operação policial em favela carioca, reabriu a discussão sobre a segurança dos jornalistas na cobertura de áreas de risco. Logo após o incidente, o comandante da Polícia Militar carioca afirmou que quer estabelecer um critério para coberturas jornalísticas de operações policiais em favelas. A idéia já foi questionada por entidades de imprensa, que entendem que o papel de estabelecer limites cabe aos próprios jornalistas e às empresas - não à polícia.

São Paulo (SP) – Um fotógrafo e um cinegrafista resultaram com ferimentos leves no final da noite de 7 de novembro em ataque dos estudantes ocupavam da Reitoria da Universidade de São Paulo (USP) em protesto contra o policiamento realizado pela Polícia Militar. Os manifestantes não queriam a presença da imprensa no local.

Araçaji (PB) - O presidente da Rádio Comunitária Marmaraú FM, Beto Tavares, tentou esfaquear o apresentador Marto de Cota, do Programa “A Voz de Araçagi”, na tarde de 5 de novembro. O programa é dirigido pelo ex-prefeito Cizenando Chaves e apresentado por Marto. Ao final do programa, onde Marto o havia criticado, Tavares entrou no estúdio e partiu para cima do apresentador. Após trocar socos e chutes com Marto, sacou uma faca peixeira. Vários espectadores que assistiam ao programa no estúdio seguraram Beto e o desarmaram. Em seguida ele foi retirado da por um amigo e levado para registrar ocorrência na delegacia da cidade, junto com os demais envolvidos.

Pelo mundo

Inglaterra – O executivo James Murdoch, filho do dono da News Corp, Rupert, negou saber das práticas ilícitas, ao depor perante um comitê parlamentar em 10 de novembro sobre as escutas ilegais utilizadas no extinto News of The World (NOW). Murdoch foi sabatinado pelos congressistas e responsabilizou o ex-editor do NOW, Colin Myler, e o ex-consultor legal da News International, Tom Crone, pelas “ações ilegais”. Negou, ainda, as acusações de ambos, em depoimento, de que saberia do uso de grampos telefônicos.

França - Uma semana após um incêndio, provocado por bombas molotov, atingir o escritório do jornal satírico Charlie Hebdo, a publicação reagiu com uma charge de um cartunista beijando um muçulmano, sob a manchete “O amor é mais forte que o ódio”. Segundo o editor-chefe Stéphane Charbonnier, o jornal tem o direito de satirizar. Depois do ataque, a redação do Charlie Hebdo passou a funcionar nas dependências do Libération.

México - Um grupo de 15 homens mascarados e armados chegou em dois caminhões, ameaçou os seguranças e incendiou as instalações do jornal El Buen Tono, na cidade de Córdoba, Veracruz, na costa oriental do México. No momento do incêndio, 20 funcionários estavam dentro do prédio, mas ninguém se feriu. O jornal circulava há apenas um mês e é propriedade do ex-candidato à prefeitura de Córdoba e empresário da área de transporte, José Abella García, que responsabilizou seu ex-rival, o prefeito Francisco Bonilla, pelo ataque, assim como funcionários municipais da área dos transportes.

Israel - A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) condenou a prisão dos jornalistas Lina Attalah, do diário al-Masry al-Youm, Casey Kauffmann, da al-Jazira em inglês, Ayman Al-Zubair, da al-Jazira, Jihan Hafiz, do programa de rádio e TV Democracy Now!, exibido em 900 emissoras e com sede nos EUA, e Hassan Ghani, da Press TV, emissora em inglês do governo iraniano. Eles estavam a bordo de duas embarcações de ajuda humanitária interceptadas por navios israelenses em 4 de novembro para evitar que furassem o bloqueio naval de Israel à Faixa de Gaza. Dois dos jornalistas permanecem presos, os demais foram deportados. O bloqueio existe desde que o Hamas assumiu o poder em Gaza.

Venezuela I - O editor Leocenis García, do jornal Sexto Poder, preso desde 30 de agosto após a divulgação de uma polêmica montagem que satirizava funcionárias da administração de Chávez, iniciou em 9 de novembro uma greve de fome “por tempo indeterminado” para reivindicar a anulação das acusações que sofre. Em um comunicado, García afirmou que “opinião não é crime” e pediu também a renúncia da presidente do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), Luisa Estella Morales, e da procuradora-geral, Luisa Ortega Díaz, responsáveis pelas alegações contra o editor. A fotomontagem divulgada pelo “Sexto Poder” no dia 20 de agosto, motivo da prisão do editor, mostrava os rostos das magistradas em corpos de dançarinas de cabaré, sob as ordens de “mister Chávez”.

Honduras - Repórteres policiais denunciaram perseguições e ameaças por parte de membros da Polícia Nacional, em razão de apurações sobre o assassinato de dois estudantes da Universidad Nacional de Honduras. Policiais da capital Tegucigalpa investigam jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos que cobrem o assassinato dos universitários, como forma de intimidá-los. As ameaças aos jornalistas e promotores começaram após a publicação de informações sobre o envolvimento de policiais nas mortes, ocorridas em 22 de outubro.

Guatemala - O repórter Héctor López Cordero e o cinegrafista Diego Morales, da TV Guatevisión, foram agredidos por seguranças do deputado Mario Rivera, defronte a sede do partido Unidad Nacional de la Esperanza (UNE), na noite de 6 de novembro. Ambos cobriam as eleições na cidade de Santa Cruz, no estado de Quiché, na fronteira com o México. Os agressores lançaram pedras contra o veículo no qual os jornalistas estavam. Ao sair do carro para saber o que estava acontecendo, o repórter foi insultado e agredido pelos seguranças. O repórter disse que os agressores destruíram uma câmara, um tripé e computadores. Além disso, durante a agressão, lhe afirmaram que ele tinha “contas a pagar”, pela divulgação de notícias contra o governador.

Venezuela II - O repórter Guillermo Colina, um cinegrafista e um assistente da rede Globovisión foram agredidos por simpatizantes do presidente Hugo Chávez enquanto cobriam um protesto de pacientes em frente a um hospital militar do sudoeste da capital Caracas, em 7 de novembro. O mesmo repórter já havia sofrido ataque semelhante no dia 17 de outubro. Segundo Colina, a equipe perguntou aos guardas que faziam a segurança do hospital se poderiam cobrir o protesto e receberam permissão para trabalhar no local. Em seguida, em plena cobertura, vários partidários do governo vestidos com camisetas roxas, símbolo chavista, empurraram e chutaram os profissionais. Um dos agressores atingiu a cabeça de Colina com uma cadeira. A agressão foi registrada e transmitida pela Globovisión. O cinegrafista e o assistente que acompanhavam o repórter, agredidos também com empurrões e golpes, não revelaram seus nomes por temer represálias.

Sri Lanka - O governo afirmou que o jornalista Prageeth Eknaligoda, desaparecido desde 2010, pode estar refugiado em outro país. De acordo com o procurador-geral Mohan Peiris, “temos provas de que Eknaligoda está vivendo no exterior”. Instituições e organizações de direitos humanos locais, entretanto, não acreditam na versão. Os grupos se declaram preocupados com o paradeiro do profissional. Eknaligoda realizava campanha para o candidato à presidência de oposição, Sarath Fonseka, quando desapareceu.
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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.

O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão.

Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa, Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.online.pt)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se, Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom House (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan.org), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.

Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

TAMBOR DA ALDEIA 44 ANO VI

A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO
Notas do Brasil


Rio de Janeiro (RJ) - O cinegrafista Gelson Domingos da Silva, da TV Bandeirantes, morreu na manhã de 6 de novembro, após ser baleado durante um tiroteio entre policiais militares e traficantes na Favela de Antares, em Santa Cruz, zona oeste da capital carioca. Gelson, de 46 anos, fazia a cobertura jornalística da operação que os batalhões de Choque e de Operações Policiais Especiais (Bope) realizaram na comunidade, quando foi atingido por um tiro no peito disparado pelos criminosos.

Cuiabá (MT) - O comentarista José Marcondes, da Rádio Mega FM, foi afastado da emissora e será processado pelo senador Pedro Taques (PDT-MT) por artigo de opinião sobre o político, em que o relaciona com a “máfia dos combustíveis” no Estado. Intitulado “A Máfia de Pedro Taques”, o texto foi publicado em alguns veículos locais em 24 de outubro. Atuando como colaborador na Mega FM, Marcondes afirma que foi afastado do cargo após a repercussão de seu artigo. Procurada, uma produtora da emissora disse que o jornalista saiu por vontade própria.

São Paulo (SP) - Responsável pelo empurrão à jornalista Monalisa Perrone, que transmitia seu boletim ao vivo para o “Jornal Hoje”, em 31 de outubro, o ativista Thiago Cunha pediu desculpas à repórter e disse que ele mesmo fora vítima de agressões da equipe de segurança da Rede Globo. Adepto dos movimentos“Acampa Sampa” e “MerdTV”, que se propõe combater os veículos de comunicação hegemônicos, principalmente a Rede Globo, Cunha disse que interrompeu o link com a intenção de protestar e promover o seu novo curta-metragem “Merda no Ventilador”. Mesmo afirmando que sua ação não estava atrelada ao movimento “Acampa Sampa”, ele disse ter respaldo dos advogados do grupo. Na página do “MerdTV”, os autores comemoraram a invasão da transmissão, mas pediram desculpas à Monalisa.

Pelo mundo

Chile – O prédio do grupo Copesa, responsável pelos jornais La Tercera, La Cuarta, La Hora e pela revista Que Pasa foi atingido pela explosão de um artefato na madrugada de 1º de novembro, que destruiu várias janelas, sem deixar feridos. Segundo a polícia, a bomba se encontrava no interior de um extintor de incêndio e não havia nada indicando a autoria do atentado ou sua motivação. Na semana anterior, outra bomba foi descoberta na Catedral Metropolitana de Santiago, mas foi desativada antes de detonar. Para os investigadores, os dois episódios estão relacionados, pois os explosivos usados tinham características semelhantes. A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) manifestou preocupação diante do ataque no Chile.

França - O grupo islâmico turco Akincilar assumiu a responsabilidade pelo ataque que tirou do ar o website da revista francesa Charlie Hebdo, após uma edição especial conter charges do profeta Maomé. O prédio onde funciona a redação, em Paris, também foi atingido por um coquetel molotov na madrugada de 2 de novembro. Os desenhos da publicação foram considerados ofensivos à fé muçulmana. A redação da Charlie Hebdo mudou-se temporariamente para o escritório do jornal de esquerda La Liberatión, e defendeu “a liberdade de se fazer charges”. Um encarte especial contendo os desenhos foi publicado junto com o periódico. Em 2005, um jornal dinamarquês retratou profetas da fé islâmica com sátiras e provocou distúrbios, que causaram 50 mortes. Representantes da comunidade muçulmana na França criticaram a publicação, mas condenaram os ataques.

Inglaterra I - O jornalista Jamie Pyatt, editor regional do diário The Sun, foi preso em 4 de novembro, suspeito de 'comprar' policiais. Ele é a sexta pessoa acusada de envolvimento em esquema de pagamentos ilegais aos agentes em troca de informações confidenciais da população, incluindo os contatos telefônicos da Família Real. Todos os profissionais investigados pela operação Elveden são ligados ao conglomerado News International. De acordo com a polícia, mais de 130 mil libras foram pagas à organização, principalmente por jornalistas do extinto jornal News of the World (NOW), que é do mesmo grupo do The Sun, para que houvesse o vazamento de conteúdo. Pyatt, que trabalha há 24 anos no diário, foi levado a uma delegacia no sul da cidade de Londres. Nos últimos dias, a Scotland Yard confirmou que o número de telefones grampeados pelo NOW já ultrapassou a marca de seis mil ligações. No total, 16 pessoas já foram presas pelas ações.

Guatemala - A jornalista Lucía Escobar, do El Periódico e apresentadora da Radio Ati , recebeu ameaças de membros de uma organização de bairro local após a publicação de uma coluna e uma matéria sobre o desaparecimento de um jovem em Panajachel, região oeste do país. Escobar escreveu que há 30 denúncias contra “os encapuzados” por delitos como abuso de autoridade, tortura, sequestro, assassinato e execuções extrajudiciais. Em resposta, Juan Manuel Ralón, membro do comitê acusado, afirmou, em entrevista ao Canal 10 da TV local, que Escobar é usuária e traficante de drogas. “Se a próxima a descansar no fundo do lago mais lindo do mundo com pedras amarradas ao corpo for eu, já sabem de quem é a culpa”, escreveu a colunista, dando a entender que foi ameaçada pelo grupo.

EUA - O site News Transparency, um banco de dados onde leitores, ouvintes e telespectadores podem encontrar informações sobre jornalistas – seu histórico, conexões interpessoais, tendências políticas, dentre outros dados, foi lançado há poucos dias. A iniciativa de Ira Stoll, ex-chefe de redação do New York Sun e que administra o site Future of Capitalism, tem o objetivo de ajudar o público a saber mais “sobre as pessoas que produzem as notícias”. O conteúdo do portal eletrônico será gerado por usuários, no mesmo modelo dos verbetes da enciclopédia online Wikipedia.

Honduras - Um tribunal penal libertou o principal suspeito de assassinar o jornalista David Meza Montesinos em março de 2010. Marco Barahona, conhecido como “El Unicornio”, foi acusado de matar Montesinos, repórter da rádio local El Patio e correspondente da emissora nacional Radio América, na cidade de La Ceiba. O jornalista havia recebido ameaças de morte devido às denúncias sobre narcotráfico na região Atlântica do país. Álvarez foi preso em setembro de 2010 e é a segunda pessoa acusada por este assassinato que é liberada, como já ocorreu com o empresário Mario Roberto Guevara.

México - Fotógrafos e repórteres foram agredidos por policiais municipais durante a cobertura de uma manifestação do grupo “Indignados”, em Ciudad Juarez, na fronteira com o estado norte-americano do Texas. O fotógrafo Christian Torres, do El Diario de Ciudad Juárez, foi hospitalizado após ser golpeado na cabeça e no rosto, mas não corre perigo de morte. Os manifestantes buscavam colocar mais de 9 mil cruzes de papel em postes, monumentos e fachadas do município para denunciar os homicídios registrados na localidade mais violenta do mundo. Os policiais tentaram impedi-los de forma violenta enquanto apontavam armas contra repórteres e fotógrafos para evitar que registrassem imagens das agressões.

Peru - O jornalista Paul Garay Ramírez, correspondente da rádio La Exitosa e diretor do programa Polémica de Visión na 47 TV, foi absolvido pela Corte Suprema de Lima, de uma sentença de 18 meses por suposta difamação. Garay, detido desde abril de 2011 em uma prisão de segurança máxima, foi libertado em 28 de outubro e também ficou isento do pagamento de 200 dias de multa e de cerca de US$ 7,4 mil de reparação civil que exigia a condenação. Garay era acusado de chamar o promotor Agustín López Cruz de “anão erótico”, mas no áudio de 52 segundos apresentado pelo denunciante nunca foi possível identificar a voz do jornalista nem em que estação de rádio o comentário foi transmitido. O jornalista reconheceu ter feito críticas ao promotor por um caso de corrupção, mas negou o haver insultado.

Argentina - Um veículo com um logotipo visível da TV Canal 12, de Córdoba, foi atacado a tiros. A jornalista María Gracia Martín e o cinegrafista Raúl Vicessi estavam no carro, mas não se feriram. Os dois haviam acabado de gravar uma entrevista com Mónica Torres, empregada doméstica que começou a sofrer ameaças depois de denunciar problemas de drogas no bairro de Yapeyú.

Escócia - O jornal Hamilton Adviser publicou uma foto de uma adolescente de 13 anos sem o consentimento de seus pais e foi acionado pela Comissão de Reclamações da Imprensa (PCC) por veiculação não-autorizada. De acordo com o diário, a equipe entendeu que não haveria objeção pela família na publicação da imagem, já que o pai da criança deu entrevista para jornalistas do veículo, contribuindo para a matéria. Segundo o jornal, a foto foi tirada quando o avô da menina, o político John Pentland, foi eleito para o Parlamento, sendo, então, uma imagem de domínio público. A reportagem denunciou gastos irregulares do avô com sua neta, que utilizou cerca de 27 mil libras do governo, durante três anos, para pagar táxis à garota em suas idas e voltas das aulas de ballet. Para ilustrar a questão, a foto da adolescente foi utilizada.

Israel - A jornalista Anat Kam foi condenada a quatro anos e meio de prisão por um Tribunal de Tel Aviv por ter vazado informações confidenciais do Exército quando era soldado, entre 2005 e 2009. Anat copiou 2.085 documentos confidenciais quando trabalhava no escritório da base militar da cidade de Gen e repassou-os para o jornalista Uri Blau, do Haaretz. Para a organização de proteção aos jornalistas, a sentença foi dura e abre um precedente perigoso ao prejudicar a confidencialidade de fonte. Anat tem 45 dias para apelar da decisão na Justiça. Ela cumpre, desde 2009, prisão domiciliar em Tel Aviv.

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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.

O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão.

Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa, Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.online.pt)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se, Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom House (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan.org), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.

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