segunda-feira, 7 de novembro de 2011

TAMBOR DA ALDEIA 44 ANO VI

A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO
Notas do Brasil


Rio de Janeiro (RJ) - O cinegrafista Gelson Domingos da Silva, da TV Bandeirantes, morreu na manhã de 6 de novembro, após ser baleado durante um tiroteio entre policiais militares e traficantes na Favela de Antares, em Santa Cruz, zona oeste da capital carioca. Gelson, de 46 anos, fazia a cobertura jornalística da operação que os batalhões de Choque e de Operações Policiais Especiais (Bope) realizaram na comunidade, quando foi atingido por um tiro no peito disparado pelos criminosos.

Cuiabá (MT) - O comentarista José Marcondes, da Rádio Mega FM, foi afastado da emissora e será processado pelo senador Pedro Taques (PDT-MT) por artigo de opinião sobre o político, em que o relaciona com a “máfia dos combustíveis” no Estado. Intitulado “A Máfia de Pedro Taques”, o texto foi publicado em alguns veículos locais em 24 de outubro. Atuando como colaborador na Mega FM, Marcondes afirma que foi afastado do cargo após a repercussão de seu artigo. Procurada, uma produtora da emissora disse que o jornalista saiu por vontade própria.

São Paulo (SP) - Responsável pelo empurrão à jornalista Monalisa Perrone, que transmitia seu boletim ao vivo para o “Jornal Hoje”, em 31 de outubro, o ativista Thiago Cunha pediu desculpas à repórter e disse que ele mesmo fora vítima de agressões da equipe de segurança da Rede Globo. Adepto dos movimentos“Acampa Sampa” e “MerdTV”, que se propõe combater os veículos de comunicação hegemônicos, principalmente a Rede Globo, Cunha disse que interrompeu o link com a intenção de protestar e promover o seu novo curta-metragem “Merda no Ventilador”. Mesmo afirmando que sua ação não estava atrelada ao movimento “Acampa Sampa”, ele disse ter respaldo dos advogados do grupo. Na página do “MerdTV”, os autores comemoraram a invasão da transmissão, mas pediram desculpas à Monalisa.

Pelo mundo

Chile – O prédio do grupo Copesa, responsável pelos jornais La Tercera, La Cuarta, La Hora e pela revista Que Pasa foi atingido pela explosão de um artefato na madrugada de 1º de novembro, que destruiu várias janelas, sem deixar feridos. Segundo a polícia, a bomba se encontrava no interior de um extintor de incêndio e não havia nada indicando a autoria do atentado ou sua motivação. Na semana anterior, outra bomba foi descoberta na Catedral Metropolitana de Santiago, mas foi desativada antes de detonar. Para os investigadores, os dois episódios estão relacionados, pois os explosivos usados tinham características semelhantes. A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) manifestou preocupação diante do ataque no Chile.

França - O grupo islâmico turco Akincilar assumiu a responsabilidade pelo ataque que tirou do ar o website da revista francesa Charlie Hebdo, após uma edição especial conter charges do profeta Maomé. O prédio onde funciona a redação, em Paris, também foi atingido por um coquetel molotov na madrugada de 2 de novembro. Os desenhos da publicação foram considerados ofensivos à fé muçulmana. A redação da Charlie Hebdo mudou-se temporariamente para o escritório do jornal de esquerda La Liberatión, e defendeu “a liberdade de se fazer charges”. Um encarte especial contendo os desenhos foi publicado junto com o periódico. Em 2005, um jornal dinamarquês retratou profetas da fé islâmica com sátiras e provocou distúrbios, que causaram 50 mortes. Representantes da comunidade muçulmana na França criticaram a publicação, mas condenaram os ataques.

Inglaterra I - O jornalista Jamie Pyatt, editor regional do diário The Sun, foi preso em 4 de novembro, suspeito de 'comprar' policiais. Ele é a sexta pessoa acusada de envolvimento em esquema de pagamentos ilegais aos agentes em troca de informações confidenciais da população, incluindo os contatos telefônicos da Família Real. Todos os profissionais investigados pela operação Elveden são ligados ao conglomerado News International. De acordo com a polícia, mais de 130 mil libras foram pagas à organização, principalmente por jornalistas do extinto jornal News of the World (NOW), que é do mesmo grupo do The Sun, para que houvesse o vazamento de conteúdo. Pyatt, que trabalha há 24 anos no diário, foi levado a uma delegacia no sul da cidade de Londres. Nos últimos dias, a Scotland Yard confirmou que o número de telefones grampeados pelo NOW já ultrapassou a marca de seis mil ligações. No total, 16 pessoas já foram presas pelas ações.

Guatemala - A jornalista Lucía Escobar, do El Periódico e apresentadora da Radio Ati , recebeu ameaças de membros de uma organização de bairro local após a publicação de uma coluna e uma matéria sobre o desaparecimento de um jovem em Panajachel, região oeste do país. Escobar escreveu que há 30 denúncias contra “os encapuzados” por delitos como abuso de autoridade, tortura, sequestro, assassinato e execuções extrajudiciais. Em resposta, Juan Manuel Ralón, membro do comitê acusado, afirmou, em entrevista ao Canal 10 da TV local, que Escobar é usuária e traficante de drogas. “Se a próxima a descansar no fundo do lago mais lindo do mundo com pedras amarradas ao corpo for eu, já sabem de quem é a culpa”, escreveu a colunista, dando a entender que foi ameaçada pelo grupo.

EUA - O site News Transparency, um banco de dados onde leitores, ouvintes e telespectadores podem encontrar informações sobre jornalistas – seu histórico, conexões interpessoais, tendências políticas, dentre outros dados, foi lançado há poucos dias. A iniciativa de Ira Stoll, ex-chefe de redação do New York Sun e que administra o site Future of Capitalism, tem o objetivo de ajudar o público a saber mais “sobre as pessoas que produzem as notícias”. O conteúdo do portal eletrônico será gerado por usuários, no mesmo modelo dos verbetes da enciclopédia online Wikipedia.

Honduras - Um tribunal penal libertou o principal suspeito de assassinar o jornalista David Meza Montesinos em março de 2010. Marco Barahona, conhecido como “El Unicornio”, foi acusado de matar Montesinos, repórter da rádio local El Patio e correspondente da emissora nacional Radio América, na cidade de La Ceiba. O jornalista havia recebido ameaças de morte devido às denúncias sobre narcotráfico na região Atlântica do país. Álvarez foi preso em setembro de 2010 e é a segunda pessoa acusada por este assassinato que é liberada, como já ocorreu com o empresário Mario Roberto Guevara.

México - Fotógrafos e repórteres foram agredidos por policiais municipais durante a cobertura de uma manifestação do grupo “Indignados”, em Ciudad Juarez, na fronteira com o estado norte-americano do Texas. O fotógrafo Christian Torres, do El Diario de Ciudad Juárez, foi hospitalizado após ser golpeado na cabeça e no rosto, mas não corre perigo de morte. Os manifestantes buscavam colocar mais de 9 mil cruzes de papel em postes, monumentos e fachadas do município para denunciar os homicídios registrados na localidade mais violenta do mundo. Os policiais tentaram impedi-los de forma violenta enquanto apontavam armas contra repórteres e fotógrafos para evitar que registrassem imagens das agressões.

Peru - O jornalista Paul Garay Ramírez, correspondente da rádio La Exitosa e diretor do programa Polémica de Visión na 47 TV, foi absolvido pela Corte Suprema de Lima, de uma sentença de 18 meses por suposta difamação. Garay, detido desde abril de 2011 em uma prisão de segurança máxima, foi libertado em 28 de outubro e também ficou isento do pagamento de 200 dias de multa e de cerca de US$ 7,4 mil de reparação civil que exigia a condenação. Garay era acusado de chamar o promotor Agustín López Cruz de “anão erótico”, mas no áudio de 52 segundos apresentado pelo denunciante nunca foi possível identificar a voz do jornalista nem em que estação de rádio o comentário foi transmitido. O jornalista reconheceu ter feito críticas ao promotor por um caso de corrupção, mas negou o haver insultado.

Argentina - Um veículo com um logotipo visível da TV Canal 12, de Córdoba, foi atacado a tiros. A jornalista María Gracia Martín e o cinegrafista Raúl Vicessi estavam no carro, mas não se feriram. Os dois haviam acabado de gravar uma entrevista com Mónica Torres, empregada doméstica que começou a sofrer ameaças depois de denunciar problemas de drogas no bairro de Yapeyú.

Escócia - O jornal Hamilton Adviser publicou uma foto de uma adolescente de 13 anos sem o consentimento de seus pais e foi acionado pela Comissão de Reclamações da Imprensa (PCC) por veiculação não-autorizada. De acordo com o diário, a equipe entendeu que não haveria objeção pela família na publicação da imagem, já que o pai da criança deu entrevista para jornalistas do veículo, contribuindo para a matéria. Segundo o jornal, a foto foi tirada quando o avô da menina, o político John Pentland, foi eleito para o Parlamento, sendo, então, uma imagem de domínio público. A reportagem denunciou gastos irregulares do avô com sua neta, que utilizou cerca de 27 mil libras do governo, durante três anos, para pagar táxis à garota em suas idas e voltas das aulas de ballet. Para ilustrar a questão, a foto da adolescente foi utilizada.

Israel - A jornalista Anat Kam foi condenada a quatro anos e meio de prisão por um Tribunal de Tel Aviv por ter vazado informações confidenciais do Exército quando era soldado, entre 2005 e 2009. Anat copiou 2.085 documentos confidenciais quando trabalhava no escritório da base militar da cidade de Gen e repassou-os para o jornalista Uri Blau, do Haaretz. Para a organização de proteção aos jornalistas, a sentença foi dura e abre um precedente perigoso ao prejudicar a confidencialidade de fonte. Anat tem 45 dias para apelar da decisão na Justiça. Ela cumpre, desde 2009, prisão domiciliar em Tel Aviv.

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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.

O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão.

Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa, Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.online.pt)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se, Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom House (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan.org), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.

Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero

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