segunda-feira, 26 de abril de 2010

TAMBOR DA ALDEIA 17 ANO V

A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO

Notas do Brasil
Porto Alegre (RS) - O técnico da seleção brasileira de futebol, Dunga, chamou a polícia para retirar uma equipe do programa Legendários, da TV Record, que se instalou na frente de sua casa no bairro Ipanema, na zona sul de Porto Alegre, na noite de sábado, 24 de abril. O humorista Marcelo Marrom ficou até as 23h em frente à residência do treinador pedindo a convocação do atacante santista Neymar. Três carros da Polícia Civil foram ao local. Incomodado com a situação, Dunga registrou ocorrência na 6ª Delegacia de Polícia. Ao chegarem ao local, os policiais obrigaram a equipe a desligar os holofotes que apontavam para a casa do treinador. Sem as luzes, foi permitido que o repórter permanecesse. A polícia abriu inquérito para investigar o caso.

Brasília (DF) I - As recentes condenações de assassinos de jornalistas levaram à retirada do Brasil do Índice de Impunidade, uma lista elaborada anualmente pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) na qual figuram países onde os governos se revelam incapazes de resolver os homicídios de profissionais de informação. No país, ainda há quatro assassinatos de jornalistas por punir, mas, como a lista do CPJ apenas inclui no “ranking” nações com um mínimo de cinco casos por resolver nos últimos dez anos, o Brasil abandonou a lista negra, da qual fazem parte 12 países. Em termos absolutos, a liderança pertence ao Iraque (88 mortes por punir), seguindo-se as Filipinas (55), a Rússia (18), a Colômbia (13), o Paquistão (12), o Sri Lanka (10), a Somália e o México (9), o Afeganistão, o Bangladesh e a Índia (7) e o Nepal (6).

Rio Branco (AC) - A TV Norte, retransmissora da Rede Record no AC, terá de pagar, por decisão do STJ, R$ 30 mil de indenização por danos morais a um médico acusado de ato criminoso pelo apresentador do programa “Sábado Show”. Durante o programa, o apresentador relatou procedimentos de uma mulher que teve a perna fraturada em um acidente e acusou o médico de cobrar R$ 5 mil para realizar cirurgia que seria gratuita pela rede pública. Não foi comprovado o denunciado no processo, resultando na indenização ao profissional.

Ribeirão Pires (SP) – O vice-prefeito Edinaldo de Menezes (PPS) move ação contra a jornalista Vanessa de Oliveira, do jornal Mais Notícias, por se sentir ofendido com matéria veiculada em fevereiro. A reportagem intitulada “Rejeição de contas gera mensalão” afirmava que, enquanto Menezes era presidente da Câmara (2007-2008), o Tribunal de Contas do Estado rejeitou as contas de sua gestão na Casa, por ter supostamente repassado aumento aos vereadores igual ao dado aos deputados estaduais.

Boa Vista (RR) - O Tribunal Regional Eleitoral multou o jornalista José Rodrigues Silva em R$ 5 mil por entender que ele fez propaganda eleitoral antecipada negativa em seu perfil no Twitter. Liminar anterior havia impedido o jornalista de citar o nome do atual governador José Anchieta Júnior (PSDB), candidato à reeleição. Rodrigues Silva é assessor de Comunicação da Assembleia do estado e ligado à oposição ao governo. Em março, o jornalista anunciou em seu perfil na rede de microblogs que publicaria 45 crimes eleitorais cometidos pelo atual governador. Logo após veicular a suposta 30ª irregularidade, a Justiça o proibiu de citar o nome de Anchieta no Twitter, sob pena de multa diária de R$ 300 em caso de descumprimento. O jornalista define o caso como censura prévia.

Pelo mundo
Honduras - A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), ligada à Organização dos Estados Americanos (OEA), condenou em 22 de abril o assassinato do jornalista Jorge Alberto Orellana, ocorrido dois dias antes na localidade de San Pedro Sula. A comissão também expressou sua preocupação com a condição da imprensa no país, realçando que existe uma “grave situação de indefesa e vulnerabilidade”. O presidente Porfírio Lobo disse que reforçará a busca de esclarecimentos dos homicídios contra jornalistas.

México – O jornalista Evaristo Ortega Zárate, diretor do semanário Espacio, do estado de Veracruz, desapareceu na semana passada. O jornalista foi visto pela última vez no escritório do partido Acción Nacional (PAN) - do qual é pré-candidato a prefeito - dez minutos antes de mandar mensagens a sua irmã alertando que estava sendo rendido pela polícia. Apesar das autoridades locais negarem o envolvimento, a Procuradoria Geral de Justiça abriu uma investigação 24 horas após o seqüestro.

EUA - O jornalista Joe Sharkey - passageiro do jato Legacy que colidiu com o avião da Gol em 2006, provocando a morte de 154 pessoas - responde a três processos judiciais no Brasil por conta de textos sobre o acidente publicados em seu blog e no jornal The New York Times. Na época do acidente, Sharkey trabalhava como freelancer para a revista Business Jet Traveler, especializada em aviação corporativa. Segundo familiares das vítimas, os textos do jornalista traziam ataques e acusações infundadas e vexatórias aos brasileiros, ao sistema aéreo brasileiro, à Polícia Federal e à Justiça.

EUA - O canal Comedy Central, que exibe a série de desenhos animados South Park, retirou todas as referências a Maomé no segundo de dois episódios que tinham o profeta como personagem. Em 200 edições, a animação já fez piada com cristãos, budistas, cegos, gays, celebridades, políticos. Sempre houve reclamações e críticas, que nunca pareceram intimidar os criadores do programa – que mostra o cotidiano de quatro meninos americanos e a cidade onde moram. Os criadores de South Park, Trey Parker e Matt Stone, não gostaram da censura e pela internet afirmaram que os executivos do canal resolveram alterar o episódio sem sua aprovação. O Comedy Central não comentou o incidente. O corte de falas citando Maomé, por meio de sinais sonoros, ocorreu depois que um site de um grupo extremista auto-intitulado Revolution Muslim, com base nos EUA, fez uma ameaça após a exibição do primeiro episódio, em que o profeta aparecia fantasiado de urso. Em 2005, cartuns que representavam o profeta islâmico publicados em um jornal dinamarquês levaram a violentos protestos em diversos países.

Suíça - O congresso global de jornalismo investigativo recebeu em sua cerimônia de abertura em 22 de abril em Genebra o jornalista e escritor italiano Roberto Saviano, perseguido pela máfia napolitana Camorra. Autor do livro-reportagem “Gomorra”, que atraiu as atenções de mais de cinco milhões de leitores em 53 países com relatos sobre uma das mais poderosas facções criminosas do mundo, Saviano e sua família vivem sob proteção integral da polícia italiana.

Inglaterra - O jornal Daily Star de 22 de abril foi retirado das bancas dos aeroportos de Gatwick e Manchester, para evitar que a manchete “Terror quando avião atingiu nuvem de fumaça”, acompanhada de uma imagem de turbinas em chamas, pudesse provocar pânico. A foto foi tirada, na realidade, da reconstituição de um incidente ocorrido há 28 anos, no qual as turbinas de um avião foram incendiadas por cinzas vulcânicas. O documentário, exibido no canal National Geographic, foi reapresentado no Channel Five em 21 de abril. Segundo o diretor do aeroporto de Gatwick, a imagem era inapropriada em um momento de caos aéreo por conta da erupção no vulcão Eyjafjallajokull, na Islândia, que espalhou cinzas pelo espaço aéreo europeu. O repórter e um fotógrafo do diário também tiveram que deixar o aeroporto. A administração do local, no entanto, garante que o pedido para que eles saíssem não teve relação com a matéria de capa e fazia parte da posição dos administradores em relação à cobertura do caos aéreo.

Inglaterra – A modelo Naomi Campbell agrediu um cinegrafista da rede americana ABC em 22 de abril quando a repórter do canal perguntou-lhe se teria recebido, alguma vez, um diamante do ditador africano Charles Taylor. A modelo, irritada, negou os boatos e, na seqüência, atingiu o cinegrafista. O caso do diamante surgiu em razão de declarações dadas pela atriz Mia Farrow, que afirmou que, em visita a casa de Nelson Mandela, Taylor teria dado o presente à Naomi. Mia garantiu ter visto o momento em que o ex-presidente da Libéria entregou o diamante. Taylor foi acusado de estar em posse de diamantes brutos, utilizados para uma rede ilícita em Serra Leoa entre 1997 e 2001. Ele está preso em Haia, onde aguarda julgamento.
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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.

O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão.

Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa, Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), International News Safety Institute (INSI – www. newssafety.org), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.online.pt)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se, Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Freedom House, Associação Mundial de Jornais (www.wan.org), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.

Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero

segunda-feira, 19 de abril de 2010

TAMBOR DA ALDEIA 16 ANO V

A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO
Notas do Brasil

Porto Alegre (RS) - O diretor-geral e presidente do canal venezuelano RCTV, Marcel Granier, recebeu em 12 de abril o Prêmio Liberdade de Imprensa pelo Instituto de Estudos Empresariais, durante abertura do XXIII Fórum da Liberdade. Ao agradecer o prêmio, Granier disse que "a liberdade é o bem mais precioso que o homem tem e que por ela deve se sacrificar". O empresário enfatizou ainda que continua atuando em seu país, para derrotar "o fantasma do medo e do egoísmo".

Bacabal (MA) - O apresentador e radialista Handson Laércio, da TV Mearim, foi baleado na mão na manhã de 14 de abril, quando saía para o trabalho. Há suspeitas de ser retaliação pelas denúncias que faz em seu programa policial. Após se esconder na garagem da residência de Laércio, o criminoso esperou o jornalista entrar no carro e atirou contra ele. Após o ataque, o bandido fugiu em uma moto que já o aguardava na rua.

Ponta Grossa (PR) - Depois de ser ameaçado no ar pelo apresentador Zeca, do programa "RP2", da TV Vila Velha, o estudante de jornalismo Lucas Waricoda registrou uma queixa-crime contra o apresentador. Em 9 de abril, Zeca xingou e ameaçou o estudante do 2º ano da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) que produziu texto acadêmico criticando o conteúdo "sensacionalista" do programa. "Quando eu te pegar, se eu te pegar, você tá f...", disse o apresentador. Além da queixa-crime, o departamento jurídico da UEPG vai encaminhar uma representação ao Ministério Público do Estado e acionar a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), por conta do sinal da TV Vila Velha, que permitiu a veiculação das ameaças.

Pelo mundo

Honduras - O jornalista Luis Antonio Chévez Hernández, da rádio W105, foi assassinado em 11 de abril em San Pedro Sula. Hernández estava acompanhado de um primo quando foi abordado por um grupo de pessoas ainda não identificadas. Após uma breve discussão, os assassinos abriram fogo contra os dois jovens, que morreram no local. A polícia local ainda não sabe o motivo do crime, mas descarta a hipótese de roubo, já que nada foi levado e com as vítimas foi encontrada uma grande quantidade de dinheiro.

Colômbia – O jornalista Maurício Moreno Medina, fundador e diretor de uma rádio de comunidade indígena do departamento de Tolima, foi morto em 11 de abril na cidade de Ortega, a 159 km da capital Bogotá. Desconhecidos invadiram a residência do radialista e o mataram a facadas.

Guatemala - O jornalista Luis Felipe Valenzuela, diretor da rede de rádios Emissoras Unidas, foi baleado na cabeça em 8 de abril quando estava a caminho de uma missa na capital Guatemala. O profissional passou por uma cirurgia e permanece internado em um hospital. Não se sabe ainda se ele foi vítima de assalto ou tentativa de homicídio em razão de seu trabalho jornalístico. 

Iraque - O diretor de relações públicas da TV Rasheed, Omar Ibrahim Rasheed, perdeu as pernas em 13 de abril, quando uma bomba explodiu em seu carro no distrito de Dora, em Bagdá. Oito pessoas que estavam próximas ao local ficaram feridas. Rasheed trabalha há dois anos na TV Rasheed, comandada por um empresário sunita. O Observatório das Liberdades Jornalísticas revela que 247 profissionais de imprensa, em sua maioria iraquianos, morreram desde a invasão liderada pelos EUA no país, em 2003.

Argentina - A Associação das Entidades Jornalísticas Argentinas alertou que o país passa atualmente por um dos "momentos mais críticos para a liberdade de imprensa", desde a volta da democracia, em 1983. No relatório anual da Associação, as críticas são direcionadas ao governo da presidente Cristina Kirchner, que há dois anos mantém disputa com veículos de comunicação, principalmente o jornal Clarín. Para os empresários de comunicação, as empresas jornalísticas argentinas estão "sofrendo uma inédita campanha por parte do poder político". O relatório diz que o governo Kirchner usa os meios de comunicação do estado para "fins partidários". O governo de Cristina, por sua vez, acusa a imprensa de tentar incentivar um "golpe de estado", com apoio da oposição e da frente ruralista.

Venezuela - A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) pediu que organismos internacionais zelem pela liberdade de imprensa na Venezuela e intercedam junto ao presidente Hugo Chávez para que o processo contra o dono da Globovisión, Guillermo Zuloaga, seja retirado. A solicitação foi encaminhada no final de março ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, à diretora-geral da Unesco, Irina Bokova; ao secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza; e ao secretário-executivo da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), Santiago Cantón. No documento, a entidade se diz preocupada com o episódio da prisão de Zuloaga, detido por declarações dadas durante congresso da SIP em Aruba.

Paraguai - O empresário Aldo Zuccolillo, diretor do jornal ABC Color, a deve pagar indenização de US$ 50 mil ao juiz Carmelo Castiglioni, por críticas a uma decisão judicial. Na sentença, a juíza Mirtha de Cazal entendeu que "o jornal se equivocou ao criticar decisão de Castiglioni, que absolveu o ex-presidente paraguaio Luis González Macchi de acusações de desvio de dinheiro". Segundo Mirtha, "o veículo deveria ter citado que a decisão do juiz estava fundamentada". Para o magistrado Castiglioni, criticado pelo jornal, "a decisão é histórica, por ser a primeira que usa o conceito de ´real malícia` nos embasamentos de sentenças". Para o juiz, que pedia indenização de US$ 250 mil, o jornal fez juízo de valor ao criticar sua decisão. Para o jornal ABC Color, a decisão representa um "nefasto precedente", ao censurar as críticas às decisões judiciais. O jornal acrescenta ainda que a opinião está "consagrada na Constituição Nacional".

Cuba - O jornalista Oscar Sánchez Madán foi libertado em 11 de abril, após cumprir pena de três anos de prisão por “periculosidade social pré-delitiva”. A libertação foi comemorada pela ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF). “Embora aplaudamos esta libertação, devemos lembrar que não constitui, em nenhum caso, uma medida de clemência e menos ainda um sinal de flexibilidade por parte do regime de Havana”, afirmou a entidade, em comunicado. Segundo a RSF, Cuba é considerada uma das nações com o maior número de jornalistas presos, só ficando atrás de Irã e China. “Cuba conta, agora, com 24 deles atrás das grades, inclusive o nosso correspondente, Ricardo González Alfonso”, diz o comunicado.

França I - A TV France 24 foi sentenciada pelo Tribunal de Primeira Instância de Paris em 16 de abril a indenizar em 3 mil euros o cantor Benjamin Biolay, por repercutir os boatos sobre um relacionamento da primeira-dama da França, Carla Bruni com o músico. Os boatos sobre uma possível infidelidade do casal Sarkosy-Bruni começaram em março, em um blog mantido pelo Journal du Dimanche (JDD). O governo francês pressiona o jornal para obter o nome da fonte responsável por divulgar a história.

França II - A Unesco concedeu à jornalista chilena Mónica González Mujica, presa e torturada durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), o Prêmio Mundial Guillermo Cano de Liberdade de Imprensa. Pela honraria, a jornalista recebe em 3 de maio um cheque de 25 mil euros (US$ 34 mil). A cerimônia acontece no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, em um evento na cidade de Brisbane, na Austrália. Mónica nasceu em 1949 e ficou quatro anos exilada depois do golpe militar de 1973.

EUA - A Comissão Interamericana de Direitos Humanos divulgou em 15 de abril seu relatório anual sobre a Liberdade de Imprensa na América Latina. No documento, a entidade, citando o caso do Estadão, argumenta que Convenção Americana sobre Direitos Humanos afirma que o exercício da liberdade de expressão não pode estar sujeito a censura prévia. "Censura prévia, interferência ou pressão direta e indireta sobre qualquer expressão, opinião ou informação difundida através de qualquer meio de comunicação oral, escrito, visual ou eletrônico deve estar proibido pela lei", diz o documento. "As restrições à circulação livre de ideias e opiniões, bem como a imposição arbitrária de informação e a criação de obstáculos ao livre fluxo informativo, violam o direito à liberdade de expressão", completa o relatório. A Comissão também revelou ameaças sofridas por jornalistas em diversos países no ano de 2009. De acordo com a entidade, foram registrados pelo menos 11 assassinatos na América Latina, além de agressões e intimidação aos profissionais de imprensa. Os números superam o de 2008.
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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.

O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão.

Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa, Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), International News Safety Institute (INSI – www. newssafety.org), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.online.pt)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se, Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Freedom House, Associação Mundial de Jornais (www.wan.org), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.

Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero

segunda-feira, 12 de abril de 2010

TAMBOR DA ALDEIA 15 ANO V

A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO
Notas do Brasil

Rio de Janeiro (RJ) – O 4º Juizado Especial Cível carioca realizou em 7 de abril a audiência da ação de indenização movida por garis contra a Band, por comentários sobre a classe feitos pelo apresentador Boris Casoy. Não houve acordo entre a emissora e os garis e nova audiência foi marcada para 30 de abril. Cerca de 800 garis entraram com 163 ações contra a emissora pelo comentário do apresentador, feito em 31 de dezembro de 2009. Durante a exibição do "Jornal da Band", sem saber que estava sendo gravado, Boris comentou uma mensagem de ano novo de dois garis. "Que m...dois lixeiros desejando felicidades...do alto de suas vassouras. O mais baixo da escala de trabalho", disse o apresentador. No dia seguinte, diante da repercussão, Casoy pediu desculpas pela declaração.

Salvador (BA) – A família do jornalista Manuel Leal de Oliveira, fundador do jornal A Região, morto em 1998 por um policial, recebeu R$ 100 mil do governador Jaques Wagner como indenização pelo assassinato. O jornalista foi morto por denunciar irregularidades, intermediadas por policiais, em Itabuna, cidade do sul baiano. Manuel foi assassinado pelo ex-policial civil Monzar Brasil, envolvido nas irregularidades e condenado em 2007 a 18 anos de prisão. A indenização foi definida pela Assembleia Legislativa no final do ano passado, e atendeu a uma recomendação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da Organização dos Estados Americanos (OEA).

São Paulo (SP) - O Seminário Liberdade de Imprensa e Democracia na América Latina, realizado pela Unesp, concluiu, em seu documento final, que as ações de improviso da Justiça, como a concessão de liminares, sustentam as limitações contra a imprensa brasileira. "Alguns dos principais constrangimentos à imprensa livre se manifestam sob um manto de improvisada legalidade, como a censura prévia por via judicial", conclui o documento.

Porto Velho (RO) - O portal Rondoniaaovivo.com, da CMP Comunicação e Assessoria, foi condenado a indenizar a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) em R$ 6 mil por danos morais. Ainda cabe recurso. O motivo da ação é o artigo “Chicote de Cristo para os mercadores da fé!”, publicado em setembro de 2008, onde o autor afirma que os “líderes religiosos empregam sistemáticas e estratégias capitalistas para montar, explorar e manter seus templos funcionando e engordando as contas bancárias de seus líderes”. Na ação, a Iurd sustenta que o artigo acusa, implicitamente, que todos os membros da entidade praticam os crimes de estelionato e charlatanismo.

Pelo mundo

Tailândia - O cinegrafista Hiro Muramoto, da agência Reuters, foi morto em 10 de abril em Bangkoc, durante confronto entre militares e manifestantes da oposição do governo tailandês. Ao todo 12 pessoas morreram e mais de 500 ficaram feridas no conflito. Muramoto era de nacionalidade japonesa, tinha 43 anos e trabalhava na Reuters há 15 anos. O operador de câmera foi baleado no peito, quando fazia cobertura dos confrontos e soldados do governo atiraram bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os manifestantes.

México - O correspondente Ramón Zalpa, do jornal Cambio de Michoacán, está desaparecido desde 6 de abril. Ele foi visto pela última vez ao sair de sua casa, por volta das 13h, em direção à Universidade Pedagógica Nacional, onde é professor. Zalpa é o décimo jornalista desaparecido no México desde 2003. Há cinco meses, María Esther Aguilar Cansimbe, do El Diario de Zamora, também desapareceu no estado de Michoacán. Até o momento ela não foi encontrada. De origem indígena, Zalpa publicou em 18 de março uma nota, não assinada, sobre um ataque cometido por um grupo armado contra uma família indígena. “Este pode ter sido o motivo do seu desaparecimento”, afirmaram diretores do Cambio Michoacán.

Bolívia - O jornalista Hilton Coca, da TV Uno, e o cinegrafista Mauricio Eguez, do canal PAT, foram agredidos por policiais quando cobriam a prisão do político Gary Araúz na cidade de Santa Cruz de la Sierra. Os jornalistas teriam sido retirados à força do prédio da polícia pela Força Especial de Luta contra o Crime. Araúz é investigado por acusações de vínculos com um suposto grupo terrorista separatista, que teria planejado um atentado contra o presidente Evo Morales.

Congo - A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) repudiou o assassinato do cinegrafista Patient Bankome, baleado em 5 de abril, na província oriental de Nord-Kivu, na presença de sua esposa. Bankome trabalhava para várias emissoras, inclusive a estatal Radio-Télévision Nationale Congo (RTNC). Três homens armados atiraram no cinegrafista quatro vezes depois de roubarem sua bolsa, na qual guardava fitas de vídeo, seu telefone celular e dinheiro. A esposa do cinegrafista relatou que os homens que mataram Bankome estavam vestidos com trajes militares e o esperavam do lado de fora de sua residência.

Peru - O jornalista Enrique Lazo Flores, diretor do jornal La Región, foi condenado a um ano e seis meses de prisão por difamação contra o conselheiro regional (cargo equivalente ao de deputado estadual no Brasil) Renato Chavera. No processo, o político questiona diversas matérias feitas pelo jornalista sobre a suspensão de Chavera do cargo de conselheiro por indisciplina e descumprimento de funções, além de críticas sobre sua conduta. Apesar de a pena de prisão ter sido suspensa, organizações de imprensa afirmaram que a sentença representa uma séria ameaça à liberdade de expressão.

França – A TV France 24 sofre ação judicial do cantor Benjamin Biolay por ter divulgado boatos a respeito de uma suposta relação entre ele e a primeira-dama Carla Bruni, esposa do presidente Nicolas Sarkozy. Os boatos a respeito do casal ganharam força após publicação de notas em um blog da edição online do Journal du Dimanche.
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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.

O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão.
Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa, Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), International News Safety Institute (INSI – www. newssafety.org), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.online.pt)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se, Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Freedom House, Associação Mundial de Jornais (www.wan.org), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.

Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero

segunda-feira, 5 de abril de 2010

TAMBOR DA ALDEIA 14 ANO V

A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO
Notas do Brasil

Porto Alegre (RS) I – O jornal Zero Hora, a Rádio Gaúcha e o jornalista Eduardo Matos estão sendo processados pelo ex-secretário municipal de Canoas (RS), Francisco Fraga, por notícia veiculada em fevereiro sobre o processo da fraude da merenda escolar na cidade da Região Metropolitana de Porto Alegre. Apontado pelo Ministério Público Federal como um dos mentores do esquema que teria desviado R$ 5 milhões entre verbas municipais e federais, o político ingressou com a ação que durante 15 dias correu em segredo de Justiça. O desembargador da 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça Ney Wiedemann Neto suspendeu a medida que proibia ZH e a Gaúcha de divulgarem o teor da ação. O ex-secretário foi quem solicitou o sigilo, pedido inicialmente acatado na 11ª Vara Cível de Porto Alegre. O Grupo RBS impetrou agravo de instrumento. Ao conceder o efeito suspensivo, o desembargador observou que a ação indenizatória não pode ser acobertada pelo segredo de Justiça. O mesmo vale para os documentos da Operação Solidária, que investigou a fraude na merenda escolar e foram juntados ao processo pelo ex-secretário.

Porto Alegre (RS) II - O jornal Zero Hora e o radialista André Machado se livraram de indenizar a família da governadora Yeda Crusius que moveu ações por danos morais em razão da publicação de foto na capa do jornal e no blog de Machado. Na imagem, aparecem dois netos da governadora, entre a avó e a mãe, que reagiam ao cerco à residência durante manifestação do Centro dos Professores do RS. Na sua defesa, o Grupo RBS declarou que um protesto sindical em frente à casa de Yeda tem interesse público, o que justificaria a atuação dos órgãos de imprensa. O juiz Dilso Pereira, na sentença, argumenta que os dois meninos não tiveram sua dignidade e sua moral ofendidas pela atitude do jornal. “(...) As próprias responsáveis pelo autor (avó e mãe) procuraram levar à imprensa a seguinte situação: a de que 'suas' crianças tinham aula e estavam sendo impedidas de comparecer. Certo, assim, é que a família procurou a exposição a fim de reforçar as suas razões no conflito que passou”. Na ação da família Crusius contra Machado, por publicação da foto em seu blog, o juiz da 13ª Vara Cível, Jorge Gailhard, observou que o profissional, ao expor a informação sobre o protesto, “desempenhou sua função informativa de maneira isenta e comedida”. Cabem recursos das decisões.

Brasília (DF) I - A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) revela 58 casos de violência contra jornalistas no Brasil ocorridos durante o ano de 2009. A agressão física ou verbal é o tipo de violência mais comum, muitas vezes cometida por agentes do Estado ou a mando deles. As ações judiciais ocupam o segundo lugar no ranking de tipificação de casos de violência. O relatório destaca o episódio do jornal O Estado de S.Paulo, que foi proibido judicialmente de publicar informações sobre uma operação da Polícia Federal que investiga o empresário Fernando Sarney.

São Paulo (SP) I - O jornalista Luís Nassif não conseguiu que a 1ª Vara Criminal lhe concedesse direito de resposta na revista Veja por ter considerado falsas e ofensivas as declarações do colunista Diogo Mainardi, em 2008. O jornalista contesta o texto “Nassif, o banana”, publicado em 16 de julho de 2008, onde Mainardi afirma que Nassif foi demitido da Folha por ataques ao governo paulista de Geraldo Alckmin em favor de supostos interesses profissionais. Cabe ainda recurso da decisão.

São Paulo (SP) II - O Sindicato dos Jornalistas Profissionais (SJSP) recebeu, na manhã de 31 de março, a visita do subcomandante da Polícia Militar que se desculpou pela invasão da sede da entidade por PMs, ocorrida em 14 de janeiro, durante ato em defesa do III Plano Nacional de Direitos Humanos. O subcomandante afirmou que não havia orientação do comando da PM para que os policiais invadissem a sede do SJSP e que o incidente foi um “ato isolado”. Os quatro policiais respondem a processo administrativo e, se necessário, a Inquérito Policial Militar (IPM), uma vez que estavam a serviço, o que não os autorizava a entrar fardados e munidos de armas. Em 16 de março, o secretário de Segurança Pública, Antônio Pinto, recebeu dirigentes sindicais e assegurou investigação para apurar responsabilidades.

Belo Horizonte (MG) - A revista IstoÉ, por determinação da 30ª Vara Cível, deve conceder direito de resposta ao ex-prefeito Fernando Pimentel (PT), por matéria publicada em 3 de março que o indicava como um dos envolvidos no esquema do Mensalão. O blog do jornalista Luis Nassif informa que o procurador responsável pela investigação, Patrick Martins, negou que Pimentel estivesse envolvido no esquema. De acordo com a decisão liminar, tanto a revista quanto o site devem publicar a resposta “nos mesmos moldes e com o mesmo destaque e espaço” dados à reportagem publicada no início do mês. Cabe recurso.

Barueri (SP) - A sede da publicação Leia o Jornal foi alvo de atentado a bomba, na noite de 30 de março. O dono do jornal, José Oliveira, residente no local, revela que, por volta das 23h30, quando assistia televisão, ouviu a explosão de dois coquetéis molotov (bombas incendiárias) que foram arremessados à garagem do jornal, destruindo dois carros de reportagem. Não houve feridos e câmeras de segurança irão ajudar na investigação. Oliveira disse estar sofrendo ameaças em razão de denúncias contra políticos da região.

São Paulo (SP) III – Um veículo da Rede Globo, em 31 de março, foi cercado por cerca de 15 pessoas e os profissionais foram hostilizados durante a cobertura da passeata dos professores estaduais, em greve desde o início do mês. O grupo protestou contra a emissora, alegando que a mídia criminalizava os sindicatos e as manifestações, e protegia o ex-governador José Serra. “O povo não é bobo, abaixo a rede Globo”, gritavam ao redor do carro. Alguns chegaram a jogar copos e garrafas plásticas contra o link.

Cuiabá (MT) - Os blogueiros Adriana Vandoni e Enock Cavalcanti e o jornalista Fábio Pannunzio, da Rede Bandeirantes, tiveram sua prisão requerida em processo judicial movido pelo deputado estadual José Geraldo Riva por alegadas difamações. Decisão judicial de novembro de 2009 proíbe Adriana, do blog Prosa e Política e Enock, do Página do E, de citar o parlamentar em seus posts. Agora, o deputado quer que eles passem de seis a 11 anos na cadeia. Os dois blogs trazem um aviso que diz: “censurado”. Fábio Pannunzio também é réu em processo em que o deputado pede 15 anos de prisão. Riva quer ainda uma indenização de R$ 2 milhões por uma matéria sobre supostas relações suas com desembargadores do Tribunal de Justiça do MT.

Natal (RN) - O repórter Fábio Farias, do Novo Jornal, afirmou que foi agredido por militantes do PSB durante a inauguração do Complexo Cultural em 30 de março. Farias acompanhava a inauguração da governadora Wilma de Faria em busca de uma pauta sobre a atuação dos militantes do partido. Durante o evento, ele foi ignorado e não conseguiu entrevistar os participantes. Após a saída da governadora, o grupo de militantes seguiu para uma van e o jornalista anotou a placa e a empresa locadora do veículo. “Nessa hora um deles me chamou pra perto da van e perguntou o que eu estava fazendo. Eu expliquei que era repórter e tinha anotado a placa do veículo. Aos gritos ele pediu que eu apagasse e um outro foi falar com a polícia, mas eu me expliquei e disse que não ia abrir mão daquela informação”. Depois disso, o fotógrafo do jornal resolveu tirar uma foto da van. Irritados, quatro homens desceram do veículo, fizeram ameaças ao repórter e o atingiram com um soco. Os quatro continuaram com ameaças de que bateriam mais forte em Farias. O repórter se irritou e xingou os supostos militantes, recebendo um tapa na cara. O PSB nega envolvimento de filiados. O jornalista registrou ocorrência policial.

Brasília (DF) II - A Procuradoria-Geral da República (PGR), em parecer entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), entende que o reconhecimento da inconstitucionalidade da Lei de Imprensa não altera decisões já transitadas em julgado. O entendimento foi em resposta a uma ação em que a revista Veja questiona a necessidade de cumprir uma decisão tomada antes da declaração de inconstitucionalidade da lei. O parecer, assinado pelo procurador-geral Roberto Gurgel e entregue ao STF em 25 de março é favorável ao ex-secretário-geral de Presidência no governo FHC, Eduardo Jorge. Ele reclama que a Veja se recusa a cumprir decisão transitada em julgado, onde foi condenada a indenizá-lo em R$ 150 mil e publicar a sentença. A condenação foi em 2005 e transitou em julgado em fevereiro de 2009, antes da declaração de inconstitucionalidade da Lei de Imprensa. A Justiça determinou a execução da pena, mas a Editora Abril ajuizou uma reclamação no STF, alegando que a decisão desrespeitou a declaração de inconstitucionalidade da Lei de Imprensa. A defesa de Eduardo Jorge argumentou que a Lei de Imprensa não foi sequer mencionada na ação. Ela foi baseada na Constituição Federal e no Código de Processo Civil. A PGR acatou os argumentos apresentados pelo ex-secretário.

Brasília (DF) III – Em cerimônia de lançamento da segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-2), em 29 de março, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique Santos, defendeu o “controle social” da imprensa. “É necessário democratizar os meios de comunicação. É preciso que haja um controle social dos meios de comunicação. A liberdade de imprensa não pode ser só liberdade privada de imprensa”, afirmou. Segundo o sindicalista, há menos de dois anos a imprensa e os oposicionistas consideravam as ações do governo voltadas para o combate à crise como um “programa de aceleração da crise”.

Rio de Janeiro (RJ) - A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) manifestou satisfação pela condenação em 27 de março dos quatro réus indiciados pelo assassinato do jornalista Luiz Carlos Barbon Filho, ocorrido em 6 de maio de 2007, na cidade de Porto Ferreira. Os policiais militares Edson e Paulo Ronceiro, Adélcio Avelino e o comerciante Carlos Alberto da Costa foram condenados por crime que teria sido cometido em represália a reportagens de Barbon no Jornal do Porto, que denunciavam a participação dos policiais em uma quadrilha de roubo de cargas em Ribeirão Preto (SP). Para o presidente da ABI, Maurício Azedo, a condenação pode ajudar a acabar com a impunidade contra a liberdade de imprensa no interior do país. Outras entidades de imprensa, como a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e a Unesco, também elogiaram a condenação. Ainda falta o julgamento do soldado Valnei Bertoni, suspeito de ter atirado contra o jornalista.

Taubaté (SP) - O fotógráfo Thiago Leon, do jornal Valeparaibano, foi agredido com uma cabeçada por um segurança do Pronto Socorro do município em 30 de março quando apurava o aumento dos casos de dengue na região. Ao chegar ao local, os funcionários pediram que o fotógrafo não tirasse fotos. Leon permaneceu o tempo inteiro do lado de fora, mas tentou, de uma janela, tirar a foto da enfermaria e registrar as condições de atendimento. “Eu disse que ia fotografar, o segurança agarrou minha câmera, mas eu o empurrei com um guarda-chuva pequeno, então ele me deu uma cabeçada forte entre o olho esquerdo e o nariz”, contou. Após a agressão, o jornalista foi ao Instituto Médico Legal (IML) e ao 1º Distrito Policial, onde registrou Boletim de Ocorrência.

Pelo mundo

Honduras I - O correspondente José Alemán, da Radio América e colaborador do jornal Tempo, decidiu abandonar o país depois que desconhecidos invadiram sua casa, na cidade de San Marcos, no departamento de Ocotepeque, ao oeste do país, e tentaram matá-lo. Alemán foi o primeiro repórter a deixar Honduras em março, quando cinco jornalistas foram assassinados. Ele disse que a polícia se declarou incapaz de garantir sua segurança. A Comissão Nacional de Direitos Humanos pediu à Comissão Interamericana de Direitos Humanos que tome medidas cautelares para garantir a integridade dos jornalistas no país.

Honduras II – A comentarista Karol Cabrera, da TV TeleSur, recusa-se a deixar o hospital em que se recupera de uma segunda tentativa de assassinato em menos de três meses. Ela alega que teme por sua vida e quer deixar o país com segurança. Karol perdeu uma filha de 16 anos, grávida, no primeiro ataque, quando homens armados abriram fogo contra seu carro. Segundo ela, os responsáveis pelos ataques são os opositores ao golpe que tirou o presidente Manuel Zelaya do poder no ano passado. Desde o golpe, diversos veículos de mídia anti-Zelaya foram atacados e emissoras de rádio e TV que se opuseram à sua saída foram sendo tiradas do ar.

Paraguai - O jornalista Diego Martínez, do Canal 13 e da rádio Cardinal, recebeu carta atribuída ao grupo armado Exército do Povo Paraguaio (EPP) com ameaças de seqüestro. O site Paraguay.com reproduz o documento, que usa recortes de jornais para ameaçar também outros dois repórteres e o presidente do Congresso Nacional, Miguel Carrizosa, e pedir a libertação de seis integrantes do EPP que estão presos. Martínez e Carrizosa contam com proteção policial desde 29 de março, quando a carta foi recebida.

Equador – O editor Emilio Palacio, do diário El Universo, foi condenado a três anos de prisão por injúria contra Camilo Samán, presidente da Corporação Financeira Nacional. A decisão da juíza de Garantias Penais, Carmen Arguello, determina ainda que o jornalista pague US$ 10 mil por encargos do processo. Na sentença, a juíza considerou que o jornalista foi autor de “delitos contra a honra” de Samán em editorial publicado no El Universo, em agosto de 2009. O jornalista irá recorrer da decisão.

Argentina - A repórter Adela Gómez, da Rádio 21, teve seu carro queimado em frente à sua residência, na cidade de Caleta Olivia. Conhecida por matérias investigativas sobre o poder público na província de Santa Cruz, ela afirmou ter se sentido ameaçada com o ataque. Segundo a jornalista, o prefeito da cidade e seus aliados políticos são os responsáveis pelo incêndio. Diretores da rádio consideram que o ataque foi um atentado.

República Dominicana - Em resposta às críticas de organizações jornalísticas e dirigentes comunitários, o governo do presidente Leonel Fernández negou que o fechamento do Canal 53 (Cibao TV Club), em Santiago, ao norte da República Dominicana, seja um atentado contra a liberdade de expressão, e insistiu que a emissora funcionava de forma ilegal. Segundo o Instituto Dominicano de Telecomunicações, agência estatal, o Canal 53 estava autorizado a operar somente em circuito fechado ou por cabo, mas transmitia seu sinal nas frequências usadas para a aviação. O empresário Víctor Tejada, dono do canal, declarou há alguns dias que havia recebido advertências pelas fortes críticas feitas em alguns programas contra o presidente Fernández e funcionários do governo. O fechamento da emissora, que funciona há mais de 30 anos, desagradou a comunidade local. Executivos de outros canais de Santiago defenderam o Canal 53 e pediram ao governo que reabra a estação.

Inglaterra - A ONG Index on Censorship, com sede em Londres, entregou à rádio peruana La Voz de Bagua um de seus prêmios Liberdade de Expressão 2010, em reconhecimento à sua luta constante em favor das liberdades de imprensa e de expressão. A emissora foi fechada pelo governo após acusações de ter incitado protestos violentos na Amazônia peruana, em junho do ano passado, num conflito entre o governo e manifestantes indígenas. O prêmio, patrocinado pelo jornal inglês The Guardian, também foi concedido ao serviço de microblogs Twitter, um defensor da liberdade de expressão do Azerbaijão e um editor israelense que traduz trabalhos do árabe para o hebraico.

Vaticano – O jornal L’Osservatore Romano, em editorial, afirmou que as acusações de que o Papa Bento XVI, quando cardeal Joseph Ratzinger, teria falhado ao não tomar providências contra um padre acusado de abusar de meninos surdos são um ataque “desprezível” ao Sumo Pontífice. O Papa tem sofrido críticas em veículos de comunicação dos EUA e de países europeus por seu comportamento diante de casos de pedofilia na igreja da Irlanda e em outros países. Em 1996, um grupo de arcebispos teria feito uma queixa contra um padre a um escritório do Vaticano que era administrado por Ratzinger, mas não obteve resposta. Segundo uma das vítimas de abuso, hoje com 61 anos, o papa sabia da história e participou do esquema para escondê-la do público.
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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.

O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão.
Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa, Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), International News Safety Institute (INSI – www. newssafety.org), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.online.pt)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se, Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Freedom House, Associação Mundial de Jornais (www.wan.org), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.

Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero

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