quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

BOLETIM 11 ANO XIII

A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO

Destaques: Blogueiro é preso por difamação em SP. Site de notícias do DF deve indenizar enfermeira por notícia falsa. RSF e CPJ denunciam aumento de ataques à imprensa em 2018. Redação de revista sofre invasão na Nicarágua. México registra mais uma morte de jornalista.

Notas do Brasil
São Paulo (SP) I - O jornalista Paulo Cezar de Andrade Prado, do Blog do Paulinho, foi preso depois de ter sido condenado por difamação ao também jornalista Milton Neves, da Rede Band. Após a prisão, o blogueiro ainda publicou um post no qual se disse “vítima de mais um ato de violência contra a imprensa do Brasil”. Por sua vez, a polícia nega irregularidades e alega que apenas cumpriu mandado de prisão. Neves acusou Paulinho de tê-lo difamado em uma postagem de 2013 na qual é chamado pelo blogueiro de “barrigada perdida”.

São Paulo (SP) II - O Instituto Vladimir Herzog, as ONG Artigo 19 e Repórteres Sem Fronteiras (RSF), a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e o coletivo Intervozes realizaram no início de dezembro o Encontro Nacional de Proteção a Comunicadores. Durante o evento, comunicadores, organizações pela liberdade de imprensa e representantes do Estado debateram as ameaças enfrentadas pela imprensa, as medidas que o Estado vem tomando para combater a impunidade nos casos de violência contra trabalhadores da categoria e os próximos passos para o lançamento de uma rede de proteção a comunicadores no Brasil.

Brasília (DF) I – O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), manteve a decisão que proibiu a realização de entrevista, pela revista Veja, com Adélio Bispo dos Santos, que deu uma facada no presidente eleito Jair Bolsonaro, em 6 de setembro deste ano. Segundo Mendes, o ponto principal da ação não discute a liberdade de imprensa, e sim, se seria o momento adequado a permitir a exposição de preso provisório, mantido em presídio de segurança máxima, acusado de cometer crime contra a segurança nacional e cuja sanidade mental é contestável.

Belém (PA) - O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), confirmou liminar que suspendeu acórdão da Turma Recursal de Belém que obrigava o Google a retirar publicações de um blog de notícias. O magistrado observou o entendimento que “a liberdade de expressão permite que ideias minoritárias possam ser manifestadas e debatidas, e cumpre ao Judiciário exercer sua função contramajoritária e assegurar a divulgação até mesmo de ideias inconvenientes perante a visão da maioria da sociedade”. O caso teve início após o Blog do Barata publicar notícias afirmando que a Associação do Ministério Público do Estado do Pará (Ampep) estaria falhando na defesa de um de seus membros, um promotor de Justiça que estaria sendo perseguido politicamente por ter denunciado o então procurador-geral de Justiça ao Conselho Nacional do Ministério Público por dispensa ilegal de licitação para contratação pública. Inconformada com as publicações, a Ampep ingressou com ação na 2ª Vara do Juizado Especial Cível de Belém, que determinou a retirada de seis notícias.

Brasília (DF) II – O site de notícias Metrópoles foi condenado a pagar R$ 50 mil de indenização por danos morais a uma enfermeira acusada indevidamente de fraude em ponto eletrônico. A notícia foi baseada num vídeo anônimo. Além da indenização, o portal foi condenado a divulgar direito de resposta da autora em seu site, em sua página no Facebook e no Youtube, bem como em qualquer outro meio utilizado para divulgação da notícia. Na ação, a mulher contou que uma pessoa desconhecida produziu um vídeo no qual parece que a servidora teria assinado o ponto no hospital público em que trabalha e ido embora. No mesmo dia que o vídeo foi feito, o site publicou uma notícia afirmando que se tratava de um caso de fraude no serviço público.

Brasília (DF) III - O Ministério dos Direitos Humanos (MDH) promoveu o 3º Encontro Nacional das Equipes Técnicas Estaduais do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas onde lançou a Cartilha Aristeu Guida da Silva - Padrões Internacionais de Proteção de Direitos Humanos de Jornalistas e de Outros Comunicadores e Comunicadoras. A publicação informa os padrões da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre os deveres dos países membros em matéria de prevenção, proteção e acesso à justiça em casos de violência cometida contra jornalistas em razão do exercício do seu direito à liberdade de expressão. A cartilha foi elaborada pelo MDH em colaboração com a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), a Consultoria Jurídica e a Secretaria Nacional de Cidadania do Ministério.

Pelo mundo
França – A ONG Repórteres sem Fronteiras, em seu balanço anual, revela que a violência contra jornalistas aumentou em todo o mundo em 2018. De acordo com a organização, 80 profissionais de imprensa foram assassinados, outros 348 estão presos e 60 são reféns. O número de morte aumentou 8%. Os números dizem respeito a jornalistas profissionais ou não e a colaboradores de veículos de imprensa. Considerando apenas os profissionais, os assassinatos cresceram 15% (63 contra 55 em 2017). Os casos do saudita Jamal Khashoggi e do eslovaco Jan Kuciak, que trabalhava com jornalismo de dados, ilustram outra constatação importante do balanço. Em 2018, mais da metade das vítimas de morte foram intencionalmente visadas e assassinadas. O Afeganistão, com 15 ocorrências, foi o país mais mortal para os profissionais de imprensa. Em seguida vem a Síria (11) e o México (9), o mais perigoso entre os países que não estão em guerra. Outros indicadores em alta: o de jornalistas presos - passou de 326 no ano passado para 348 nesse - e de profissionais em condição de refém (subiu de 54 para 60). A RSF faz o balanço anual de violência contra jornalistas desde 1995.

EUA - O Comitê para Proteção ao Jornalista (CPJ) denuncia que pelo menos 251 profissionais de imprensa estão encarcerados em todo o mundo por acusações ligadas à sua atividade profissional, reforçando, pelo terceiro ano consecutivo, o aumento da repressão à liberdade de imprensa. A Turquia aparece como o país com o maior número de detenções deste tipo. Atualmente, há 68 jornalistas presos. A China ocupa a segunda colocação, com 47, seguida pelo Egito (25). Juntos, os três países são responsáveis por mais da metade de todas as prisões registradas. No Brasil, o CPJ indica apenas um profissional nesta situação. O levantamento cita Paulo Cezar de Andrade Prado, responsável pelo Blog do Paulinho, preso desde 9 de novembro. De acordo com o relatório, 70% dos profissionais de imprensa são acusados pelos governos de seus países de pertencerem ou apoiarem grupos ou organizações consideradas terroristas pelas autoridades locais. O levantamento também constatou um crescimento significativo nas detenções ligadas a supostas publicações de notícias falsas. Em 2018, o CPJ levantou 28 casos, contra apenas nove dois anos atrás. O número de jornalistas mulheres presas também aumentou mundialmente. Atualmente, elas somam 33. O Comitê também chama a atenção para o número de prisões sem acusação. Na China, por exemplo, há pelo menos dez profissionais nesta situação.

Nicarágua - A redação da revista Confidencial foi invadida na noite de 13 de dezembro e teve equipamentos de informática e documentos levados por agentes da Polícia Nacional. A Nicarágua vive uma situação de forte repressão às liberdades sociais e de imprensa. Apesar da invasão policial, alguns programas seguiram sendo transmitidos pelo Youtube e Facebook. O editor, sua equipe e jornalistas independentes também foram alvo de agressões por parte da polícia em 15 de dezembro, quando o grupo se reuniu em frente ao Complexo Policial Faustino Ruiz, conhecido como Praça do Sol, para protestar contra a invasão.

México – O corpo do repórter Alejandro Márquez, ex-diretor do semanário Orión Informativo, foi encontrado em 1º de dezembro numa trilha próxima a uma rodovia no estado de Nayarit. O jornalista recebeu uma ligação enquanto estava em casa e rapidamente saiu em sua motocicleta. O corpo foi encontrado com sinais de espancamento e quatro tiros na cabeça. A polícia investiga a motivação do crime.
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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.
O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão.
Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa (www.observatoriodaimprensa.com.br), Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Consultor Jurídico (www.conjur.com.br), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional deJornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.eu)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se (portal.comunique-se.com.br), Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom House (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan-ifra.org), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.
Pesquisa e edição de Vilson Romero

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