Notas
do Brasil
Brasília (DF) I - Parlamentares,
representantes de entidades de jornalistas e empresas de comunicação e
integrantes de organizações sociais, como o Movimento Passe Livre (MPL),
voltaram a discutir em 1º. de abril, a convite da Comissão de Direitos Humanos
do Senado, a violência contra profissionais de imprensa. Embora a maioria
dos casos de agressão e assassinatos de comunicadores esteja associada à
cobertura policial e política, o debate envolveu novamente as ocorrências
durante os protestos e manifestações populares que tomaram as ruas do país a
partir de junho de 2013. Além de
repudiar a violência por parte de manifestantes ou de policiais, os
participantes do debate se opuseram às sugestões e iniciativas de criminalizar
os movimentos sociais e os que protestam pacificamente, defendendo que os
agentes de segurança sejam melhor capacitados a lidar com a situação. Participaram
do encontro, entre outros, o diretor de Relações Institucionais da Federação
Nacional dos Jornalistas (Fenaj), José Carlos Torves, o diretor executivo da
Associação Nacional dos Jornais (ANJ), Ricardo Pedreira, o chefe de gabinete da
Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça, Marcello
Barros e o cinegrafista e integrante do Movimento Passe Livre, Clede Pereira.
Belo Horizonte (MG) - O comentarista
Lélio Gustavo foi demitido em 31 de março da Rádio Itatiaia, depois de 20 anos
de serviço, após a repercussão negativa de suas declarações no programa
‘Esporte News’ da rede BH News. O último episódio envolvendo o profissional
aconteceu quando chamou o atacante Neto Berola, do Atlético Mineiro, de “cocô”
e “jogadorzinho de quinta categoria”. Lélio estava defendendo o companheiro de
imprensa Bob Faria, da Rede Globo, que foi xingado por Berola nas redes
sociais. Em meio às críticas, o comentarista se referiu ao Vitória, ex-clube do
atacante, como “time de m...”. O fato provocou uma resposta dos baianos, que
publicaram uma nota de repúdio em seu site prometendo tomar as medidas legais
contra o jornalista.
Brasília (DF) II - A repórter Manuela
Borges, da RedeTV!, foi chamada de “idiota” e “analfabeta” pelo deputado
federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), durante entrevista em 31 de março a um grupo de
jornalistas, momentos antes de iniciar a sessão da Câmara dos Deputados sobre os
50 anos do Golpe de 64. A profissional afirmou que entrará com queixa na
Corregedoria da Casa. Bolsonaro ficou irritado quando a jornalista perguntou,
por mais de uma vez, se ele estava afirmando que o golpe militar não existiu.
Belém (PA) – O repórter Márcio
Lins e o cinegrafista Jairo Lopes, da TV Liberal, afiliada da Rede Globo, foram
agredidos por policiais militares na manhã de 5 de abril, durante a cobertura
de mais um dia de manifestações dos soldados e cabos que reivindicam aumento de
salário. Os profissionais foram cercados e agredidos por manifestantes. Lopes
foi golpeado pelas costas, enquanto Márcio Lins chegou a ficar inconsciente com
o ataque. Após a agressão, a equipe da TV Liberal registrou a ocorrência na
seccional de polícia da Cidade Nova.
São Paulo (SP) – Uma emissora de
TV foi condenada pela 9ª Câmara de Direito Privado do TJ/SP a indenizar em R$
100 mil duas mulheres que tiveram suas imagens veiculadas como se fossem garotas
de programa. Em 2002 ambas tiveram suas imagens gravadas por uma equipe de
reportagem, para veiculação num programa sobre celebridades, porém a exibição ocorreu
em outro, com temática de cunho sexual, em que foram mostradas como
prostitutas. O número do processo não foi divulgado pelo tribunal para
preservar as partes. A empresa também deve se retratar publicamente em seu
canal, em rede nacional e no mesmo horário em que a matéria foi exibida, no
prazo de 30 dias após o trânsito em julgado da sentença, sob pena de multa
diária de R$ 1 mil.
Pelo
mundo
Afeganistão - A fotógrafa alemã Anja Niedringaus,
correspondente de guerra, morreu e a repórter canadense Kathy Gannon resultou
ferida na manhã de 4 de abril ao serem atingidas por tiros na província de
Khost, localizada no leste do país. As duas trabalhavam para a agência de
notícias Associated Press. As jornalistas foram atacadas por homens vestidos
com uniformes da polícia afegã.
Suiça – A ONG PEC (Press Emblem
Campaing) revelou em 3 de abril que apenas o Iraque registrou um número maior
de assassinatos de jornalistas que o Brasil em 2014. Do total de 27 profissionais
executados neste ano, quatro são brasileiros, mesmo número registrado no
Paquistão. O número de mortes no Brasil ainda é superior ao registrado na
Síria, país em plena guerra civil e com dois mortos, ou no Afeganistão, com
três mortes. O Iraque lidera a lista com cinco casos. A entidade ainda destaca
o fato de que o número de vítimas em protestos aumentou. Neste ano, quatro
profissionais perderam suas vidas cobrindo manifestações na Ucrânia, Egito,
Paquistão e Brasil.
Venezuela – Os correspondentes da
Globovisión Madelyn Palmar e Jesús González, em Zulia, e Doricer Alvarado, em
Lara, deixaram a emissora em 28 de março em protesto por um episódio de censura
e pela demissão de sua equipe de cinegrafistas e técnicos. O cinegrafista
Juan Rodríguez escreveu em sua conta de Twitter que imagens polêmicas que ele
havia capturado de membros da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) não foram
publicadas, e no dia seguinte foi despedido.
EUA - O jornalista Jay Levine,
da rede CBS, foi agarrado e empurrado por um manifestante “anti-Obama” durante
reportagem ao vivo sobre a passagem do presidente Barack Obama pela cidade de
Chicago. O intruso apareceu no começo da chamada e gritava: “Obama é um
criminoso de guerra!”. O agressor foi logo imobilizado por outros membros da
equipe da emissora, que retiraram o repórter do ar logo após a confusão. A
polícia estava no local, mas não prendeu o indivíduo.
Equador - O Diário Extra foi
multado pelo governo em 10% de seu faturamento médio nos últimos três meses por
não ter retificado adequadamente suas manchetes em duas ocasiões. Em
novembro do ano passado, o jornal falhou em retificar duas manchetes
relacionadas com a cobertura de um acidente no qual faleceu o reitor da Escola
Politécnica de Chimborazo. No segundo caso, o jornal não corrigiu uma matéria
cuja fonte foi uma sentença que não havia sido executada.
México I - O jornalista Gilberto
Moreno Fontes se suicidou em sua casa em Nuevo Laredo, Tamaulipas, quatro
semanas após ter sido sequestrado, agredido e ameaçado em virtude do conteúdo da
revista política “Un Atorón
Tamaulipeco” por ele dirigida. Moreno estava deprimido desde o atentado com
a intenção de fazê-lo deixar de publicar sua revista. Em 26 de março, após se
despedir de sua família, Moreno se fechou no banheiro e deu um tiro na cabeça. Seu
trabalho na revista era focado em fazer severas críticas a funcionários do
governo municipal de Nuevo Laredo.
México II - Adrián López Ortiz,
diretor-geral do Grupo Noroeste, proprietário do jornal Noroeste, no estado de
Sinaloa, foi agredido e atingido com um disparo na perna na madrugada de 3 de
abril. Pouco depois da meia-noite, homens armados cercaram o carro de Lopez
com seus veículos quando ele retornava para casa do aeroporto. Os homens
forçaram-no a sair do seu carro, o espancaram e o roubaram. Antes de fugirem no
veículo de López, um dos agressores voltou onde López estava deitado no chão e
atirou em sua perna. O jornal tem sofrido ameaças, perseguições e ataques desde
sua cobertura da captura, no final de fevereiro, de um chefe do cartel de
Sinaloa, Joaquim “El Chapo” Guzmán, que estava foragido há anos.
Inglaterra - A Associação
Mundial de Jornais e Editores (Wan-Ifra) condenou, em relatório sobre a
imprensa no Reino Unido, o tratamento dado pelas autoridades do país ao
brasileiro David Miranda, companheiro do jornalista Glenn Greenwald.
Miranda ficou detido durante nove horas no aeroporto de Heathrow, em 18 de
agosto de 2013, sob uma lei antiterrorismo, além de ter equipamentos
eletrônicos confiscados. A ONG destaca ainda a posição da Suprema Corte que
rejeitou o pedido de reconhecimento de que a detenção havia sido contrária à
lei. O texto pontua também que a situação provocou debate sobre a liberdade de
imprensa no Reino Unido.
................................
A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o
correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da
comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da
profissão de jornalista.
O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da
Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das
ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e
expressão.
Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj
(www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa, Abert
(www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa
(www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa
(www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Sociedade
Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas
(www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal
(www.jornalistas.online.pt)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org)
(Paris), Portal Comunique-se, Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque),
Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG
Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom House (www.freedomhouse.org),
Associação Mundial de Jornais (www.wan.org), Fórum Mundial dos Editores e
outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de
jornalista.
Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero
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