domingo, 6 de abril de 2014

BOLETIM 14 ANO IX

A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO
Notas do Brasil
Brasília (DF) I - Parlamentares, representantes de entidades de jornalistas e empresas de comunicação e integrantes de organizações sociais, como o Movimento Passe Livre (MPL), voltaram a discutir em 1º. de abril, a convite da Comissão de Direitos Humanos do Senado, a violência contra profissionais de imprensa. Embora a maioria dos casos de agressão e assassinatos de comunicadores esteja associada à cobertura policial e política, o debate envolveu novamente as ocorrências durante os protestos e manifestações populares que tomaram as ruas do país a partir de junho de 2013. Além de repudiar a violência por parte de manifestantes ou de policiais, os participantes do debate se opuseram às sugestões e iniciativas de criminalizar os movimentos sociais e os que protestam pacificamente, defendendo que os agentes de segurança sejam melhor capacitados a lidar com a situação. Participaram do encontro, entre outros, o diretor de Relações Institucionais da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), José Carlos Torves, o diretor executivo da Associação Nacional dos Jornais (ANJ), Ricardo Pedreira, o chefe de gabinete da Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça, Marcello Barros e o cinegrafista e integrante do Movimento Passe Livre, Clede Pereira.
Belo Horizonte (MG) - O comentarista Lélio Gustavo foi demitido em 31 de março da Rádio Itatiaia, depois de 20 anos de serviço, após a repercussão negativa de suas declarações no programa ‘Esporte News’ da rede BH News. O último episódio envolvendo o profissional aconteceu quando chamou o atacante Neto Berola, do Atlético Mineiro, de “cocô” e “jogadorzinho de quinta categoria”. Lélio estava defendendo o companheiro de imprensa Bob Faria, da Rede Globo, que foi xingado por Berola nas redes sociais. Em meio às críticas, o comentarista se referiu ao Vitória, ex-clube do atacante, como “time de m...”. O fato provocou uma resposta dos baianos, que publicaram uma nota de repúdio em seu site prometendo tomar as medidas legais contra o jornalista.  
Brasília (DF) II - A repórter Manuela Borges, da RedeTV!, foi chamada de “idiota” e “analfabeta” pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), durante entrevista em 31 de março a um grupo de jornalistas, momentos antes de iniciar a sessão da Câmara dos Deputados sobre os 50 anos do Golpe de 64. A profissional afirmou que entrará com queixa na Corregedoria da Casa. Bolsonaro ficou irritado quando a jornalista perguntou, por mais de uma vez, se ele estava afirmando que o golpe militar não existiu.
Belém (PA) – O repórter Márcio Lins e o cinegrafista Jairo Lopes, da TV Liberal, afiliada da Rede Globo, foram agredidos por policiais militares na manhã de 5 de abril, durante a cobertura de mais um dia de manifestações dos soldados e cabos que reivindicam aumento de salário. Os profissionais foram cercados e agredidos por manifestantes. Lopes foi golpeado pelas costas, enquanto Márcio Lins chegou a ficar inconsciente com o ataque. Após a agressão, a equipe da TV Liberal registrou a ocorrência na seccional de polícia da Cidade Nova.
São Paulo (SP) – Uma emissora de TV foi condenada pela 9ª Câmara de Direito Privado do TJ/SP a indenizar em R$ 100 mil duas mulheres que tiveram suas imagens veiculadas como se fossem garotas de programa. Em 2002 ambas tiveram suas imagens gravadas por uma equipe de reportagem, para veiculação num programa sobre celebridades, porém a exibição ocorreu em outro, com temática de cunho sexual, em que foram mostradas como prostitutas. O número do processo não foi divulgado pelo tribunal para preservar as partes. A empresa também deve se retratar publicamente em seu canal, em rede nacional e no mesmo horário em que a matéria foi exibida, no prazo de 30 dias após o trânsito em julgado da sentença, sob pena de multa diária de R$ 1 mil.

Pelo mundo
Afeganistão -  A fotógrafa alemã Anja Niedringaus, correspondente de guerra, morreu e a repórter canadense Kathy Gannon resultou ferida na manhã de 4 de abril ao serem atingidas por tiros na província de Khost, localizada no leste do país. As duas trabalhavam para a agência de notícias Associated Press. As jornalistas foram atacadas por homens vestidos com uniformes da polícia afegã.
Suiça – A ONG PEC (Press Emblem Campaing) revelou em 3 de abril que apenas o Iraque registrou um número maior de assassinatos de jornalistas que o Brasil em 2014. Do total de 27 profissionais executados neste ano, quatro são brasileiros, mesmo número registrado no Paquistão. O número de mortes no Brasil ainda é superior ao registrado na Síria, país em plena guerra civil e com dois mortos, ou no Afeganistão, com três mortes. O Iraque lidera a lista com cinco casos. A entidade ainda destaca o fato de que o número de vítimas em protestos aumentou. Neste ano, quatro profissionais perderam suas vidas cobrindo manifestações na Ucrânia, Egito, Paquistão e Brasil.
Venezuela – Os correspondentes da Globovisión Madelyn Palmar e Jesús González, em Zulia, e Doricer Alvarado, em Lara, deixaram a emissora em 28 de março em protesto por um episódio de censura e pela demissão de sua equipe de cinegrafistas e técnicos. O cinegrafista Juan Rodríguez escreveu em sua conta de Twitter que imagens polêmicas que ele havia capturado de membros da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) não foram publicadas, e no dia seguinte foi despedido.
EUA - O jornalista Jay Levine, da rede CBS, foi agarrado e empurrado por um manifestante “anti-Obama” durante reportagem ao vivo sobre a passagem do presidente Barack Obama pela cidade de Chicago. O intruso apareceu no começo da chamada e gritava: “Obama é um criminoso de guerra!”. O agressor foi logo imobilizado por outros membros da equipe da emissora, que retiraram o repórter do ar logo após a confusão. A polícia estava no local, mas não prendeu o indivíduo.
Equador - O Diário Extra foi multado pelo governo em 10% de seu faturamento médio nos últimos três meses por não ter retificado adequadamente suas manchetes em duas ocasiões. Em novembro do ano passado, o jornal falhou em retificar duas manchetes relacionadas com a cobertura de um acidente no qual faleceu o reitor da Escola Politécnica de Chimborazo. No segundo caso, o jornal não corrigiu uma matéria cuja fonte foi uma sentença que não havia sido executada.
México I - O jornalista Gilberto Moreno Fontes se suicidou em sua casa em Nuevo Laredo, Tamaulipas, quatro semanas após ter sido sequestrado, agredido e ameaçado em virtude do conteúdo da revista políticaUn Atorón Tamaulipeco” por ele dirigida. Moreno estava deprimido desde o atentado com a intenção de fazê-lo deixar de publicar sua revista. Em 26 de março, após se despedir de sua família, Moreno se fechou no banheiro e deu um tiro na cabeça. Seu trabalho na revista era focado em fazer severas críticas a funcionários do governo municipal de Nuevo Laredo.
México II - Adrián López Ortiz, diretor-geral do Grupo Noroeste, proprietário do jornal Noroeste, no estado de Sinaloa, foi agredido e atingido com um disparo na perna na madrugada de 3 de abril. Pouco depois da meia-noite, homens armados cercaram o carro de Lopez com seus veículos quando ele retornava para casa do aeroporto. Os homens forçaram-no a sair do seu carro, o espancaram e o roubaram. Antes de fugirem no veículo de López, um dos agressores voltou onde López estava deitado no chão e atirou em sua perna. O jornal tem sofrido ameaças, perseguições e ataques desde sua cobertura da captura, no final de fevereiro, de um chefe do cartel de Sinaloa, Joaquim “El Chapo” Guzmán, que estava foragido há anos.
Inglaterra - A Associação Mundial de Jornais e Editores (Wan-Ifra) condenou, em relatório sobre a imprensa no Reino Unido, o tratamento dado pelas autoridades do país ao brasileiro David Miranda, companheiro do jornalista Glenn Greenwald. Miranda ficou detido durante nove horas no aeroporto de Heathrow, em 18 de agosto de 2013, sob uma lei antiterrorismo, além de ter equipamentos eletrônicos confiscados. A ONG destaca ainda a posição da Suprema Corte que rejeitou o pedido de reconhecimento de que a detenção havia sido contrária à lei. O texto pontua também que a situação provocou debate sobre a liberdade de imprensa no Reino Unido.
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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.
O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão. 
Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa, Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.online.pt)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se, Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom House (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan.org), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.

Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero

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