segunda-feira, 25 de novembro de 2013

BOLETIM 48 ANO VIII

A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO
Notas do Brasil
Goiânia (GO) – O jornalista Rubens Salomão, da Rádio 730, foi agredido por manifestantes em 19 de novembro durante cobertura da greve dos policiais civis na Assembleia Legislativa goiana. Salomão foi atingido por tapas e empurrado até ser retirado do local. Durante a agressão, que foi registrada em vídeo, é possível ouvir pessoas gritando que o jornalista não era bem vindo. Além disso, uma grevista ameaça dizendo que se as imagens fossem veiculadas, seria considerado como “dano moral”.
Brasília (DF) I – A Três Editorial deve indenizar em R$ 20 mil Eduardo Jorge Caldas Pereira, ex-vice presidente do PSDB, por reportagem publicada na revista IstoÉ, cujo texto atribuiu ao político tucano declarações infundadas. O processo trata de suposto abuso no direito de comunicação via imprensa. De acordo com o autor, a publicação distorceu informações concedidas por ele em entrevista, conferindo-lhe a condição de caluniador diante das declarações. A Justiça deu parcial provimento à solicitação do autor, mas recusou o pedido de direito de resposta, por considerar que não há fundamento na solicitação. Ainda cabe recurso.
Brasília (DF) II - A revista Veja não terá que indenizar o deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP) e sua mãe por matéria considerada sensacionalista, caluniosa e ofensiva, de acordo com decisão do STJ. A reportagem “Revelações de um corretor” apontava o envolvimento do deputado com o esquema do mensalão. O veículo ainda indicava que o pai de Neto estaria envolvido com uma remessa ilegal de dinheiro ao exterior e favorecimento de empresa em contratos de empréstimos públicos.  Para a ministra Nancy Andrighi, a revista, que usou depoimentos prestados por um suposto corretor de câmbio à Procuradoria-Geral da República (PGR), não excedeu seu direito de liberdade de informação.
São Paulo (SP) I – A TV Record precisou encerrar às pressas o “Programa da Tarde” em 21 de novembro, após uma telespectadora ameaçar processar a emissora por denúncias contra sua empresa no quadro apresentado por Celso Russomano. A dona da empresa, exposta no quadro “Patrulha do Consumidor”, se queixou de danos morais depois de resolver o problema de uma consumidora que havia procurado ajuda do programa. Após ouvir a reclamação, o apresentador Britto Jr. tentou contornar a situação e, em seguida, chamou uma nova matéria.
São Paulo (SP) II - Quando uma reportagem limita-se a citar os fatos como ocorreram, sem qualquer tom sensacionalista ou posicionamento subjetivo, não há aspecto que cause dano moral. O entendimento é da 1ª Câmara Extraordinária de Direito Privado do Tribunal de Justiça paulista, que negou provimento à apelação movida por um homem contra uma empresa de Porto Feliz, no interior paulista. O homem alegava que, durante operação policial contra a pedofilia, teve sua casa invadida e os instrumentos de trabalho apreendidos pelos oficiais. A reportagem de um veículo de grande circulação, segundo ele, incluiu as iniciais de seu nome e sobrenome, profissão e bairro onde morava, permitindo sua identificação pelos leitores, o que teria abalado sua reputação, obrigando-o a abandonar sua profissão. Relatora do caso no TJ-SP, a desembargadora Marcia Dalla Déa Barone afirmou que a liberdade de imprensa não é ilimitada, mas no caso em questão a reportagem citada apenas continha a descrição dos fatos.

Pelo Mundo
EUA - Como parte da Campanha do Dia Mundial Contra a Impunidade 2013, a Rede de Intercâmbio Internacional pela Liberdade de Expressão (IFEX) incluiu convocatórias para atuar em apoio a cinco pessoas de diferentes países que foram perseguidas, ameaçadas, intimidadas, torturadas e/ou encarceradas por exercer seu direito à liberdade de expressão. Um caso ocorre no Equador onde o jornalista Martin Pallares, do jornal El Comercio, que informa sobre corrupção no governo de seu país, foi ameaçado de morte via Twitter e desacreditado publicamente pelo presidente Rafael Correa. Brasil, Colômbia e México também são os países do continente onde o tema da impunidade – em termos de ataques à liberdade de expressão – é um dos maiores problemas. Nos últimos 20 anos, mais de 670 jornalistas foram assassinados, e nove de cada dez casos permanecem impunes.
França - O procurador-geral François Molins informou que o suspeito do ataque ao jornal Libération foi detido em 20 de novembro. Abdelhakim Dekhar acusou em uma carta jornalistas e banqueiros de serem cúmplices de um complô para estabelecer o fascismo. O ataque à sede do jornal ocorreu em 18 de novembro, quando Dekhar teria disparado com um fuzil, deixando um fotógrafo ferido.
México I - Com um novo aplicativo para celulares Android, qualquer jornalista do México e da Colômbia poderá reportar agressões em tempo real a um grupo de organizações dedicadas a proteger a liberdade de expressão.  O aplicativo – chamado Hancel – é gratuito e foi desenvolvido pela associação civil Factual com o patrocínio da Fundação Knight. Foi desenhado para conectar jornalistas a organizações dedicadas a proteger a liberdade de expressão. Sua implementação será feita por etapas e só com grupos pequenos e controlados. Posteriormente se estudará a possibilidade de adaptá-la a outros grupos vulneráveis, como ativistas de direitos humanos. Os criadores de Hancel têm a meta de expandir o serviço para outros países latino-americanos e outros sistemas operacional para celulares além do Android.
México II - Organizações, cidadãos e acadêmicos denunciaram as ameaças que a jornalista Norma Trujillo, do La Jornada Veracruz, têm recebido desde 6 de novembro do grupo de ativistas políticos Antorcha Campesina. Em 5 de novembro, Trujillo cobriu uma manifestação de professores em frente ao Congresso do Estado de Veracruz. Em nota, a jornalista mencionou uma suposta “gravação em que se escutava a deputada local Minerva Salcedo Baca” falar sobre negociações com Antorcha Campesina para agredir os professores durante a manifestação. A Antorcha Campesina acusou Trujillo de difamação e assegurou que a intenção da jornalista em sua observação foi criar hostilidade entre a sociedade civil e os professores ao movimento antorchista. Antorcha Campesina é um grupo de ativistas próximo ao Partido Revolucionário Institucional (PRI), ao qual pertence o atual governador de Veracruz.
Vaticano – O jornalista Mario Palmaro, um dos demitidos da católica Rádio Maria após a publicação de um artigo criticando uma entrevista do papa Francisco, recebeu um telefonema do próprio pontífice, que afirmou compreender as críticas. Junto com Alessandro Gnocchi, o jornalista escreveu um artigo no jornal Il Foglio, no qual questionava declarações do Papa numa entrevista concedida a Eugenio Scalfari, do La Republica. Os dois foram dispensados após a repercussão. Segundo o The Catholic World Report, durante a conversa com Palmaro, o Papa, além de afirmar entender o posicionamento dos profissionais, considerou que as críticas “tinham sido feitas por amor”. Palmaro, que está gravemente doente, não queria que a conversa fosse de conhecimento público, no entanto, confirmou o ocorrido ao jornal italiano Libero.
Guatemala - Os meios de comunicação protestaram contra as autoridades pelas agressões com gás pimenta que 28 jornalistas sofreram em duas ocasiões enquanto tentavam entrevistar Roberto Barreda, filho da ex-presidente da Corte Suprema de Justiça Beatriz de León, acusado de assassinato e ocultação de cadáver de sua esposa Cristina Siekavizza em 2011.  Após sua captura em Yucatán, México, o fugitivo mais procurado da justiça guatemalteca foi transferido para a Cidade da Guatemala e em 13 de novembro começou a primeira audiência de seu julgamento. Terminada a audiência na Torre dos Tribunais, a imprensa foi buscar declarações do acusado. Os seguranças de Barreda tentaram impedir a imprensa de se aproximar e um deles borrifou spray de pimenta para dispersar os jornalistas. Quatro dias antes, outro grupo de jornalistas foi atingido pelo gás quando as autoridades transferiam Barreda aos tribunais. Alguns jornalistas tiveram que ser atendidos no local. 
Bolívia - A SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa) condenou “a campanha de intimidação contra uma jornalista que parecia ser parte de uma estratégia oficial para silenciar os críticos”, e pediu que investiguem suas denúncias. No final de outubro, Marianela Montenegro, que faz jornalismo de opinião, apresentou uma denúncia na Comissão Interamericana de Direitos Humanos em Washington, pelo ataque violento a seu canal e a sua casa por parte de policiais e funcionários da Autoridade de Fiscalização e Controle Social de Telecomunicações e Transportes (ATT) em 20 de novembro de 2012. A jornalista negou as supostas violações a regras de comunicação de que foi acusada. O jornal La Razón publicou naquele momento que o governo interveio com a polícia na propriedade de televisão de Montenegro em Cochabamba, Canal 33, por operar a partir de um domicílio sem registro legal e por invadir outras frequências do espectro eletromagnético. A jornalista de oposição ao governo entregou à SIP vários documentos de denúncias e reclamações sobre as autoridades bolivianas que ela conseguiu desde que começaram as agressões.
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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.
O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão. 
Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa, Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.online.pt)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se, Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom House (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan.org), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.

Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero

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