domingo, 23 de setembro de 2012

BOLETIM 39 ANO VII

A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO
Notas do Brasil
Ribeirão Preto (SP) - O radialista Rodrigo Camargo, da Rádio 79, registrou em 18 de setembro um boletim de ocorrência no 4º Distrito Policial acusando o ex-superintendente do Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Daerp), Luiz Joaquim Antunes, de ameaça e injúria. O jornalista disse à polícia que foi abordado por Antunes após o programa “Fala Sério”, que vai ao ar de manhã na emissora. De acordo com Camargo, o ex-superintendente ficou furioso pelos comentários sobre uma notícia publicada pela Folha Ribeirão, que afirma que ele continua atuando no Daerp mesmo depois de exonerado do órgão em março de 2009. A prefeitura nega que o ex-superintendente tenha cargo na autarquia, mas o secretário Jamil Albuquerque (Governo) afirmou que acha “normal” Antunes circular pelo Daerp, já que ele é também presidente do PR, partido aliado da prefeita Dárcy Vera (PSD), que disputa a reeleição. O ex-superintendente invadiu a rádio e tentou agredir Camargo: “Aos berros, ele me chamou de moleque, vagabundo, mafioso”.

São Paulo (SP) I - A 35ª Vara Cível negou em 17 de setembro o pedido de indenização do empresário Luís Roberto Demarco contra o advogado Nélio Machado e o jornalista Claudio Julio Tognolli devido reportagem da revista Consultor Jurídico. Demarco alegou que o advogado e o jornalista cometeram injúria e calúnia e pedia, além de indenização, publicação de sentença condenatória. Além do pedido negado, a sentença definiu que Demarco deverá pagar R$ 15 mil em honorários a cada um dos réus. A juíza entendeu que a reportagem “Advogado de Dantas diz que Chicaroni trabalhou para a PF” não causou danos morais ao empresário, “pois a notícia tinha cunho informativo, de interesse geral, retratava situação real, tudo a constituir exercício da plena liberdade de informação jornalística”.

São Paulo (SP) II - Uma mulher ganhou na Justiça o direito de ser indenizada pela TV Band em R$ 12,4 mil, depois de ter recebido uma declaração de amor ao vivo na emissora. Em 2004, a mulher foi procurada pela emissora para participar do “Surpresa e Meia”, falando sobre a área profissional. Mas ao ver que o pedido de autorização de imagem era para o programa “A Hora da Verdade”, apresentado por Márcia Goldschmidt, recusou-se a assinar. Mesmo assim, ela foi colocada ao vivo no programa, com seu ex-marido pedindo uma reconciliação. No encontro, ela começou a chorar e não deu declarações. Ela processou a Band, alegando a honra afetada e a privacidade invadida, além de ter sido hostilizada na rua, entre outros danos que a obrigaram a procurar tratamento psicológico.
 
Eleições 2012
Natal (RN) – O jornalista Roberto Guedes foi agredido por um grupo de pessoas que cercou seu veículo e o apedrejou na noite de 15 de setembro. Uma das pedras atingiu o jornalista, que teve o braço quebrado. O profissional resolveu, então, fugir do local, mas acabou atropelando um dos agressores. Roberto Guedes relatou que estava recebendo ameaças nos últimos dias por ter publicado notícias e comentários que contrariavam um candidato.

Cuiabá (MT) – A 51ª Zona Eleitoral determinou, em caráter liminar, que o MidiaNews retire do ar reportagens com críticas ao candidato a prefeito Mauro Mendes (PSB). A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MT) repudiaram a decisão. O que motivou o pedido foi a entrevista de um ex-secretário afirmando que “Mendes não é um bom moço; ele é um excelente ator”.

Quixadá (CE) – O repórter Wal Alencar, do Sistema Monólitos de Comunicação, foi agredido em 16 de setembro por coordenador da campanha de um candidato do PT. Alencar levou seis pontos no rosto e ficará afastado de suas funções por cerca de 30 dias. O jornalista fazia reportagem sobre uma manifestação em frente a uma escola municipal na periferia da cidade após uma denúncia de que ali ocorria uma reunião partidária, o que é proibido pela lei eleitoral, uma vez que o prédio é público.

Pelo mundo
Somália - Hassan Yusuf Absuge, produtor de uma rádio da cidade de Mogadishu, foi o quarto profissional assassinado desde 20 de setembro. Testemunhas disseram que homens armados mataram Absuge na manhã de 21 de setembro, quando o jornalista estava saindo do prédio da rádio em que trabalhava no turno da noite. A União Nacional dos Jornalistas condenou os assassinatos. Mohamed Ibrahim, secretário-geral da organização, disse que não estão claros nem os motivos e nem os responsáveis pelos ataques, mas que todas as mortes aconteceram em áreas sob proteção governamental. Três jornalistas também haviam perdido a vida em um ataque suicida que matou outras 15 pessoas em um restaurante na capital da Somália.

França – O Conselho Muçulmano Francês (CFCM) pediu calma após as charges sobre Maomé terem sido republicadas em 19 de setembro pela revista Charlie Hebdo. As charges aumentaram as tensões que haviam sido geradas pelo filme “Inocência muçulmana”, produzido nos EUA. O governo proibiu uma manifestação chamada “Não mexa com meu Profeta”, que aconteceria em 22 de setembro.

Suíça – A ONG Press Emblem Campaign (PEC) revela que 100 profissionais de imprensa já foram mortos em 2012. Na lista, que inclui 21 países, quatro respondem por mais da metade desses crimes, Síria, com 20 vítimas, México e Somália com 10 cada, e o Brasil com sete. A ONG não utiliza os mesmos critérios de outras entidades, o que resulta em dados diferentes, por incluir operadores de câmeras, técnicos de som e os chamados “netizens” (junção de internet + citizen), não necessariamente jornalistas profissionais, mas que se encarregam de divulgar pela rede informações das áreas de conflito onde vivem.

Paraguai - O Sindicato de Jornalistas (SPP) repudiou os ataques do presidente Federico Franco e do irmão dele, senador Julio César Franco, contra duas repórteres. O SPP pediu respeito ao trabalho dos profissionais e responsabilizou o presidente pela segurança dos jornalistas em futuros atos públicos. Segundo o La Nación, jornal onde Nilza Ferreira e Ana Antúnez trabalham, Julio Franco ameaçou processar Ferreira por matéria sobre os empregos da família Franco no governo. Após a publicação em 16 de setembro, Antúnez foi empurrada por seguranças do presidente ao tentar pedir declarações dele sobre o assunto. No dia seguinte, em entrevista coletiva, Franco disse que a repórter se comportou de forma inadequada.

Cuba - A jornalista Mairelys Cuevas, chefe de edição do diário oficial Granma pediu asilo aos EUA. Cuevas chegou à cidade de Miami em 16 de setembro, após cruzar a fronteira com México onde se encontrava para a cobertura de um evento, com a autorização do Granma. Recentemente, vários profissionais que atuavam na imprensa oficial cubana deixaram a ilha. Entre eles, o editor de esportes do diário Juventud Rebelde, que pediu asilo durante as Olimpíadas de Londres. Além disso, dois jornalistas abandonaram a delegação cubana durante os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, no México.

Equador - A jornalista Jeanette Hinostroza, da TV Teleamazonas, recebeu ameaças, supostamente por difundir informação sobre uma investigação que vincula a irregularidades o primo do presidente Rafael Correa. O ato foi divulgado no Twitter pelo ativista político e ex-apresentador de televisão Carlos Vera e o usuário @gabo_valle_ec, que informaram que a família da jornalista também foi ameaçada.

Panamá - O Sindicato e o Colegio Nacional de Periodistas, assim como a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), consideraram um atentado à liberdade de expressão a confirmação de uma decisão judicial contra dois jornalistas e um diário do país.  O 1º. Tribunal de Justiça confirmou em 12 de setembro uma sentença de 2009 contra o diário Panamá América e os jornalistas Jean Marce Chéry e Gustavo Aparicio, condenados a pagar uma indenização de US$ 20 mil a um juiz por danos morais, assim como outros US$ 5 mil por gastos legais. Em 2001, os jornalistas denunciaram que a construção de uma estrada beneficiava uma propriedade do ex-magistrado Winston Spadafora, que, na época, era ministro de Governo e Justiça, no mandato da ex-presidente Mireya Moscoso.

Colômbia - Dez jornalistas foram ameaçados por realizar e divulgar uma entrevista com um ex-chefe paramilitar em Santa Marta, Magdalena (norte da Colômbia). Na entrevista, o ex-chefe do grupo paramilitar Tayrona de las AUC se referiu a uma série de acordos aos quais o grupo ilegal chegou com alguns dirigentes políticos do país, entre eles o atual prefeito de Santa Marta, Carlos Caceido. Alejandro Arias foi o jornalista responsável pela entrevista para a Radio Magdalena, concedida por Jesús Gelvez, conhecido como ‘El Canoso’ (“O Cinzento”), numa prisão de Bogotá. Os panfletos com ameaças foram encontrados por outro jornalista da Radio Magdalena em sua moto na noite de 14 de setembro. Nesses panfletos, estavam os nomes de 10 jornalistas, incluindo o seu próprio e de Arias, que publicaram a entrevista em outras emissoras e televisões locais.

Inglaterra - Dois jornalistas do tabloide The Sun, de Rupert Murdoch, foram presos em 19 de setembro, sob suspeita de corrupção em uma investigação sobre pagamentos ilegais e rastreamento de telefones. Um dos jornalistas, de 51 anos, foi detido na cidade de Bristol e o outro, de 32 anos, foi preso em Londres, ambos sob suspeita de corrupção e má conduta em cargo público. Os jornalistas foram presos como parte das investigações sobre pagamentos ilegais e rastreamento de telefones que já prenderam mais de 80 pessoas, entre elas o ex-chefe de mídia do primeiro-ministro David Cameron, Andy Coulson, e Rebekah Brooks, ex-chefe da News International.
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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.

O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão. 

Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa, Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.online.pt)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se, Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom House (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan.org), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.

Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero

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