quarta-feira, 9 de maio de 2012

BOLETIM 19 ANO VII

A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO

Notas do Brasil

Brasília (DF) – A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e outras entidades profissionais e empresariais, em reunião com o governo federal, em 3 de maio, reivindicaram a aprovação de medida que federaliza os crimes contra a categoria. Na audiência com a ministra da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Maria do Rosário, as associações cobraram a mudança para acelerar as investigações do assassinato do jornalista maranhense Décio Sá, ocorrido em 23 de abril. Com a federalização a competência de investigação e julgamento dos atentados contra os profissionais e veículos passa a ser responsabilidade da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da Justiça Federal, garantindo maior isenção na apuração de um caso. A ministra também informou que será criado um observatório para acompanhar as investigações de atentados contra jornalistas.

São Paulo (SP) - Juristas e jornalistas consideraram que decisões judiciais representam uma ameaça à liberdade de imprensa no Brasil, em manifestações durante o Seminário Internacional de Liberdade de Expressão, realizado em 3 de maio, num promoção do Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS). O evento debateu o papel da Justiça na garantia ou na restrição do direito à informação. Como exemplo de censura judicial foi citado o caso do jornal Estado de S. Paulo, proibido há dois anos de veicular matérias sobre o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP).

Vitória (ES) – O ex-delegado da Polícia Civil, Cláudio Guerra, denuncia no livro “Memórias de uma Guerra Suja”, dos repórteres Marcelo Netto e Rogério Medeiros, que um empresário e ex-parlamentar capixaba encomendou o assassinato de José Roberto Jeveaux, dono de um periódico de pouca expressão, o Povão. Segundo o depoimento do ex-policial, o empresário apoiava ações da linha dura do regime militar e era próximo de um oficial do Exército que liderou algumas ações contra movimentos de esquerda.

Pelo mundo

Argentina - O jornalista Adolfo Salazar, dono da emissora La Radio de Fito foi assassinado a pancadas por desconhecidos que invadiram sua residência em Neuquén. Seu corpo foi encontrado em 29 de abril. A polícia ainda desconhece os motivos do assassinato, mas acredita que o jornalista provavelmente conhecia seus assassinos, pois os criminosos entraram na casa sem dificuldade. Além disso, nada foi levado, descartando, assim, a hipótese de assalto.

México – Os corpos dos fotógrafos Gabriel Huge e Guillermo Luna foram encontrados em Veracruz na manhã de 3 de maio, junto ao de duas outras pessoas, “desmembrados e com sinais de tortura”.  Os dois haviam deixado seus cargos no periódico Notiver depois do assassinato da jornalista Yolanda Ordaz, em julho de 2011, já que existiam “rumores sobre uma espécie de lista negra de jornalistas que estavam ameaçados”, na qual estaria Huge. Devido às características do crime, os homicídios foram provavelmente outro ato do crime organizado na região.

Colômbia - As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) anunciaram em 6 de maio que em breve libertarão o jornalista francês Romeo Langlois capturado há mais de uma semana durante um combate entre guerrilheiros e tropas do exército. Langlois foi feito refém pelas Farc no estado sulista de Caquetá, onde os guerrilheiros têm uma forte presença. O jornalista acompanhava uma unidade antinarcóticos do exército colombiano para filmar um documentário para o canal de notícias France 24, em 28 de abril, quando o grupo foi atacado por cerca de 100 militantes das Farc. Pelo menos quatro militares foram mortos e outros seis ficaram feridos no confronto. Após ser baleado no braço, o francês supostamente se rendeu aos rebeldes.

França – A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) lembrou o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa condenando o “ritmo alucinante de ataques físicos contra jornalistas”, observando que em 2012, um jornalista foi morto a cada cinco dias. Só neste ano, a organização registrou o assassinato de 21 jornalistas e seis internautas. De acordo com a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), 24 jornalistas latino-americanos foram mortos no Brasil, Colômbia, República Dominicana, Guatemala, Haiti, Honduras, México e Peru durante os últimos 12 meses. Os últimos rankings da Freedom House, divulgados no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, mostram que a liberdade de imprensa se deteriorou nas Américas durante 2011. Um editorial da Voz da América observou que a liberdade de imprensa é tão importante porque é o “quarto pilar da democracia.” Como disse o editorial, “uma imprensa calada significa o fim da democracia”.

Cuba – A ilha caribenha figura na lista dos 10 países com maior censura, de acordo com o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), devido ao controle exercido sobre a mídia pelo Partido Comunista, ao bloqueio de conteúdo dos provedores de internet e às detenções arbitrárias e campanhas difamatórias contra jornalistas independentes. Cuba foi o único país do continente americano incluído na lista de governos autoritários que reprimem a liberdade de expressão.

Venezuela - A ministra de Serviços Penitenciários, Iris Varela, afirmou por telefone ao canal público Venezuelana Televisión (VTV) que a emissora privada de televisão Globovisión estaria veiculando “informações mal-intencionadas” e mandou apreender seus equipamentos, interrompendo a transmissão do canal, durante um conflito ocorrido na penitenciária La Planta , na capital Caracas, em 30 de abril. Após a declaração da ministra, um membro da Guarda Nacional Bolivariana danificou o veículo que transportava o transmissor de sinais e reteve os técnicos da emissora privada, bem como os equipamentos, por cerca de uma hora.

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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.

O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão. 

Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa, Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.online.pt)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se, Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom House (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan.org), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.

Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero

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