Notas do Brasil
Ponta Porã (MS) - O proprietário do Jornal da Praça, Luiz
Henrique Georges, e um funcionário foram assassinados na tarde de 4 de outubro.
Georges comprou recentemente o
jornal, que foi do jornalista Paulo Rocaro, assassinado no início do ano após
denúncias publicadas no diário. O empresário dirigia uma caminhonete Pajero ao
lado de seu possível guarda-costas, Gordo Veras, e uma terceira pessoa,
identificada como Ananias Duarte, quando foi morto. A vítima teria parado para
atender ao celular, quando uma caminhonete se aproximou e um dos ocupantes
disparou cerca de 30 tiros de fuzil. Georges e Veras morreram no local. Duarte
foi levado para o hospital. O dono do jornal era sobrinho do empresário Fahd
Jamil Georges, acusado de ser chefe do crime organizado e do tráfico de drogas
na região da fronteira.
Porto Alegre (RS) I – A TV Record RS foi condenada
pelo Tribunal de Justiça (TJ-RS) a indenizar em R$ 40 mil o vereador Adeli Sell
(PT-RS), por dano moral. Conforme o
político, a recusa em conceder entrevistas e participar de uma campanha
promovida pela emissora em 2009 teria feito com que ele passasse a ser alvo do
programa ‘Balanço Geral’, apresentado por Alexandre Mota e Antonio Sacomory. No
processo, o autor da ação afirma que a emissora divulgou “uma imagem feita por
montagem, do vereador em calçolas e urinol, mantida no ar por mais de cinco
minutos em horário de elevada audiência”. Em outra crítica, um dos
apresentadores afirmou: “O nobre vereador deve ter tido uma educação na
Inglaterra, na Grã-Bretanha, em Oxford, em algum estábulo, porque o verdadeiro
cavalo eu já não sei quem é”. A Record alegou que “as matérias veiculadas
tiveram apenas sentido crítico, jamais ofensivo”. O argumento, no entanto, foi
negado pela Justiça, que concluiu que “essas reportagens, exibidas dia a dia,
foram massacrando a paciência do requerente”. A decisão considerou ainda que,
nas cenas do programa anexas ao processo, o nome do autor aparece
constantemente associado “de forma jocosa, desrespeitosa e injuriosa”.
Porto Alegre (RS) II - O jornal Zero Hora (ZH) e a
colunista Rosane de Oliveira devem pagar R$ 80 mil ao desembargador Marco
Antonio Barbosa Leal, ex-presidente do Tribunal de Justiça (TJ-RS) entre 2006 e
2007. A decisão em segunda instância considerou
que o conteúdo publicado na coluna Página 10, na edição de 10 de março de 2010,
ocasionou dano moral ao magistrado. O
texto, com o título “Acredite se quiser”, revelava que Marco Antonio, apesar
das brigas com a então governadora Yeda Crusius, votaria nela na eleição
daquele ano. Outra nota afirmava que “Marco Antônio Barbosa Leal usava palavras
impublicáveis quando se referia a Yeda. Sugerir que consultasse um psiquiatra
era o mínimo”. No processo, o desembargador ressaltou que, no dia anterior à
publicação, foi questionado pelo jornalista Leandro Fontoura, de ZH, sobre quem
votaria nas eleições. Porém, disse que não foi informado sobre o uso do
conteúdo da entrevista, nem foi solicitada autorização para divulgação.
São Paulo (SP) - O repórter André Caramante, da Folha
de S. Paulo, foi enviado pelo jornal a um destino desconhecido para preservar
sua segurança, após ameaças que se intensificaram nos últimos dias, do
ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) - um pelotão da
Polícia Militar paulista. As
primeiras ameaças surgiram pelo Facebook em julho deste ano, quando o repórter
publicou a reportagem “Ex-chefe da Rota vira político e prega a violência no
Facebook”, sobre o ex-comandante da Rota que agora é candidato a vereador. Na
página do candidato denunciado na matéria, simpatizantes postavam comentários
intimidadores sobre o jornalista. As ameaças virtuais contra Caramante
continuaram nos comentários feitos em matérias do repórter no site da Folha de
São Paulo.
Pelo mundo
EUA - O diretor executivo do Comitê de Proteção aos
Jornalistas (CPJ), Joel Simon, afirmou em 3 de outubro que violência e assédio
legal são os maiores obstáculos enfrentados pelos jornalistas na América Latina.
Simon participou de um evento
organizado pelo congressista dos EUA Sam Farr sobre tendências na liberdade de
expressão na América Latina durante a última década. Sua apresentação focou no
México, em Honduras e na Venezuela, como alguns dos casos mais graves.
Paraguai – Os estúdios da rádio Guyra Campana de
Horqueta foram atingidos pela explosão de duas bombas em 4 de outubro. No local, foi deixado um panfleto assinado pelo
Exército do Povo Paraguaio com ameaças à imprensa. O Sindicato dos Jornalistas
rechaçou o ataque e manifestou solidariedade aos trabalhadores da emissora.
Irã – A agência de notícias Reuters foi declarada culpada
por “propaganda contra o regime”, devido a uma reportagem publicada em março sobre
as mulheres iranianas que praticam artes marciais. Pela decisão a ser confirmada por um juiz do tribunal
de Teerã, que determinará, nas próximas semanas, a pena, a Reuters “publicou
informações falsas para perturbar a ordem pública”. O vídeo que levou ao
processo mostra mulheres que recebem treinamento, com o título “Milhares de
mulheres ninjas treinam para se transformar nas assassinas do Irã”. Depois de
vários dias de protesto, a Reuters aceitou modificar o título e pediu
desculpas. As autoridades retiraram as credenciais de todos os jornalistas da
agência em Teerã e suspenderam suas atividades no país.
Honduras - A jornalista Karla Zelaya, porta-voz do
grupo campesino Movimento Unificado Campesino de Aguán (MUCA), recebeu novas ameaças
de morte após o assassinato do advogado da organização em 20 de setembro. O Bajo Aguán é um vale onde ocorre um conflito
agrário entre camponeses que reivindicam terras a um grupo de latifundiários. A
ONG Anistia Internacional já havia alertado que a vida da jornalista está em
perigo, já que Zelaya começou a ser ameaçada em agosto.
Guatemala - A colunista Carolina Vásquez Araya, também
editora de suplementos do diário Prensa Libre, recebeu ameaças de morte após
denunciar abusos sexuais de meninas em uma fazenda de algodão. Araya recebeu a seguinte mensagem: “Vamos despedaçar
sua família e vamos entregá-la em um saco de algodão”. Em sua coluna, a
jornalista mencionou as investigações de uma colega de trabalho, Ilka Oliva,
sobre o dono de uma fazenda que abusava sexualmente das filhas de seus
funcionários. Oliva nasceu na propriedade em questão, mas atualmente vive nos EUA.
Equador - O repórter Alejandro Escudero, do jornal
Independiente, da cidade de Nueva Loja, foi ameaçado por dois homens que
invadiram a redação do semanário. Os
dois homens pediram quatro exemplares do jornal ao profissional que respondeu
que a edição da semana só chegaria no dia seguinte. Escudero estava sozinho na
redação, falando com a família, que mora em Quito. O jornalista foi advertido
por um dos homens a não ir atrás do que “cheirava mal”, enquanto o outro lhe
mostrava a arma que levava na cintura. Os dois então disseram que voltariam no
dia seguinte. Para Escudero, a motivação das ameaças não está clara, porque o
semanário publica matérias sobre assuntos já abordados por todos os meios
locais. O ocorrido foi denunciado às autoridades locais e condenado pela mídia.
México I - O jornalista Juan de Dios García Davish,
correspondente do jornal Milenio e diretor do Quadratín de Chiapas, foi preso
na madrugada de 1º. de outubro por agentes da polícia preventiva de Chiapas quando
gravava do quarto de um hotel o enfrentamento entre civis em um conflito
eleitoral. Os fatos ocorreram na
cidade de Motozintla, localizada na fronteira com a Guatemala. Os familiares do
jornalista desconhecem seu paradeiro.
México II – A ONG Comunicação e Informação da Mulher
(Cimac), em estudo sobre violência no México, revela que, entre 2005 e 2011, ocorreram
94 casos de agressão contra jornalistas mulheres. Destes, 12 aconteceram na cidade de Oaxaca, 10 no
Distrito Federal e 10 em Chihuahua. O estudo também revela que, entre 2002 e
2011, foram assassinadas dez profissionais de imprensa mexicanas e mais de 90
denunciaram algum tipo de violência durante o exercício de sua profissão. O ano
de 2010 foi apontado como o mais violento para as jornalistas. 45% das
jornalistas agredidas realizavam investigações sobre corrupção governamental no
momento dos crimes; 18% faziam matérias sobre movimentos sociais e 13% sobre
narcotráfico.
Argentina - O jornalista Pablo Peralta, locutor da
rádio FM Frecuencia Zero e administrador do portal Ciudad Noticias, foi detido em
22 de setembro e isolado por cinco horas após tentar entrevistar um funcionário
na cidade de Saavedra, província de Buenos Aires. Peralta buscava o contato com o delegado municipal da
cidade de Dufaur, também na província de Buenos Aires, Gustavo Minich. Ao se aproximar, o funcionário acenou
para alguns policiais, que algemaram o jornalista e o levaram à força para a
viatura e depois até a delegacia de Saavedra. Quando o foi liberado e voltou a
Dufaur para recuperar seu carro, o jornalista percebeu que haviam roubado o
rádio, bem como seu registro profissional.
...................
A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.
O
programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da
Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das
ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão.
Fontes:
ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ
(www.anj.org.br), Observatório da Imprensa, Abert (www.abert.org.br), Abraji
(www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em
Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal
Coletiva (www.coletiva.net), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami),
Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos
Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.online.pt)(Lisboa), ONG Repórteres Sem
Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se, Comitê de Proteção aos
Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas
(knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom House
(www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan.org), Fórum
Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre
exercício da profissão de jornalista.
Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero
Nenhum comentário:
Postar um comentário