domingo, 14 de outubro de 2012

BOLETIM 42 ANO VII

A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO

Notas do Brasil
São Paulo (SP) I - A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) anunciou em 14 de outubro, durante a sua 68ª Assembleia Geral, os relatórios preliminares sobre a liberdade de imprensa nos países latino-americanos. Gustavo Mohme, presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa da SIP, destacou avanços na região, porém assinalou a preocupação recorrente da entidade em países como Cuba, Venezuela, Equador, Argentina, Honduras e México. Além da violência e da polarização entre imprensa e governo, a SIP destacou a legislação usada de forma abusiva e o uso da publicidade oficial para castigar e comprar apoio político.

Salvador (BA) - O helicóptero da TV Itapoan, afiliada da Rede Record, foi alvo de tiros quando sobrevoava a cidade para o programa Bahia no Ar, ao vivo. O helicóptero acompanhava uma operação policial para combater o roubo de carros quando o homem disparou. Um suspeito foi morto e outro baleado. No vídeo do programa, o repórter que estava transmitindo a matéria comenta “Atiraram no Águia Dourada [nome do helicóptero], agora. A situação é de pânico”. Ninguém ficou ferido.

São Paulo (SP) II - A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) posicionou-se publicamente sobre a situação do repórter policial da Folha de S.Paulo, André Caramante, que deixou o País após receber ameaças. A situação do jornalista, de acordo com a entidade, deixa evidente que ainda há “duros obstáculos para o pleno exercício da liberdade de expressão no Brasil”. A associação, que lamenta o afastamento do jornalista, diz que o caso deve ser investigado com urgência, celeridade e integridade para que a vida do profissional volte ao normal e lembra que há 20 anos Caco Barcellos passou por algo parecido quando, ao escrever o livro Rota 66, precisou se afastar de seu trabalho na imprensa. Em entrevista ao portal da revista Época, o recém eleito vereador de São Paulo, Coronel Telhada (PSDB), afirmou que nunca ameaçou o repórter André Caramante, e que não sabe por qual motivo ele precisou deixar o país. Sem falar sobre os comentários ameaçadores que diversas pessoas enviaram ao jornalista, Telhada falou sobre a violência em São Paulo e a sua atuação como vereador.

São Paulo (SP) III – A Rede Globo foi condenada a indenizar em R$ 200 mil um policial militar que, erroneamente, foi acusado pela emissora de ter participado do estupro de uma menina de 11 anos dentro de uma delegacia. Ainda cabe recurso da ação. O caso ocorreu há quase 21 anos, quando o sargento E.R.J., hoje com 41 anos, tinha 11 meses de Polícia Militar. Ele estava de plantão na delegacia de Itapecerica da Serra (SP) em 19 de novembro de 1991, e foi preso junto com outros quatro policiais civis. O episódio foi noticiado pelo telejornal local da Globo, na época chamado de “São Paulo Já”. O “Fantástico” também ilustrou uma reportagem sobre policiais que viraram bandidos. Na sentença, a juíza Alena Bizzarro relatou que a emissora alegou ter apenas informado os fatos, mas que “não é isso o que se constata quando se assiste ao DVD”. Na reportagem exibida pelo “Fantástico”, há narração do suposto crime. “Nesse período, ela foi estuprada por dois carcereiros, um investigador, pelo operador de telex e por um soldado da Polícia Militar que fazia ronda na delegacia”. A matéria encerrava mostrando o rosto de E.R.J., o soldado da PM que fazia ronda na delegacia, e informava que ele confessara o crime. No entanto, o policial nunca confessou o estupro e ficou marcado por isso. Alguns meses depois, o repórter policial Gil Gomes, então no “Aqui Agora”, do SBT, entrevistou a menina, que disse ter acusado os policiais injustamente a mando de um delegado. A acusação era uma “armação” do delegado, que teria “plantado” a menor na delegacia. O delegado teria como alvo o investigador que estava de plantão naquele dia e que, supostamente, sabia de seu envolvimento em um esquema de venda de sentenças judiciais. E.R.J. ficou preso durante um ano e meio. Hoje, está casado e tem filhos.

Rio de Janeiro (RJ) - A 17ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça carioca julgou improcedente a ação movida por um policial militar contra a Rede Globo. O autor pediu indenização por danos morais alegando que teve sua honra ofendida em uma cena da novela “Insensato Coração”, de 2011. No diálogo, uma personagem oferecia propina a outro, que dizia não ser guarda municipal ou policial militar para aceitar a oferta. A emissora alegou que a fala do personagem foi genérica, sem a intenção de relacionar a profissão militar com a prática de corrupção. Além disso, a Globo afirmou que se trata de obra fictícia e de entretenimento. Para a relatora do processo, desembargadora Maria Inês Gaspar, a frase foi dita de forma ampla e genérica, sem fazer referência a alguém específico, direta ou indiretamente.

Belém (PA) - Duas equipes de reportagem das Organizações Romulo Maiorana foram agredidas em 9 de outubro em frente ao comitê do ex-candidato a prefeito José Priante (PMDB), na tentativa de impedir a gravação de um protesto pelo pagamento de honorários de serviços prestados durante a campanha eleitoral. Correligionários do partido atacaram a equipe do Portal ORM, formada pelo repórter Bruno Magno e o motorista Bruno Macedo, junto com o repórter Evandro Flexa, de O Liberal, e o fotógrafo Tarso Sarraf. Os quatro foram ao comitê do candidato para apurar a informação de um protesto de pessoas que trabalharam na campanha e não foram pagas. O Sindicato dos Jornalistas repudiou a agressão.  

Pelo mundo
Síria – O repórter cinematográfico Mohamad al-Ashram, da TV oficial Al-Ijbariya, foi assassinado a  tiros por terroristas em 10 de outubro, em Deir Ezor, cidade localizada no leste do país. Mohamad fazia imagens no momento em que foi atingido por dois disparos.

Colômbia - O Tribunal Internacional ordenou à Colômbia que incorpore em seu programa de educação das Forças Armadas uma matéria especial sobre proteção e direito à liberdade de expressão, além de conhecimentos básicos sobre o trabalho de jornalistas. A sanção ao país aconteceu em função da agressão sofrida pelo jornalista Luis Gonzalo Vélez em 1996. Membros do Exército o agrediram enquanto o comunicador filmava um protesto contra a política governamental de busca de cultivos de coca no estado de Caquetá. Além das agressões, Vélez e sua família sofreram ameaças e intimidações.

...................
A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.

O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão. 

Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa, Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.online.pt)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se, Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom House (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan.org), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.

Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores

Arquivo do blog