segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

BOLETIM 9 ANO VII

A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO
Notas do Brasil

Brasília (DF) - O apresentador Paulo Henrique Amorim, da TV Record, deve indenizar o repórter - e hoje apresentador - da Rede Globo Heraldo Pereira, por publicar declarações consideradas ofensivas em seu blog “Conversa Afiada”. No texto Amorim escreveu que Heraldo “era negro de alma branca”  e insinuou que o colega de profissão seria empregado de Gilmar Mendes, ministro do STF. Uma das outras passagens do texto refere que Heraldo “não conseguiu revelar nenhum atributo para fazer tanto sucesso, além de ser negro e de origem humilde”. Heraldo chegou a pedir R$ 300 mil de reparação, mas após acordo ficou estabelecida a cifra de R$ 30 mil em seis parcelas.  Amorim terá que publicar retratação nos jornais O Estado de S. Paulo e Correio Braziliense, com o seguinte teor: “que reconhece Heraldo Pereira como jornalista de mérito e ético; que Heraldo Pereira nunca foi empregado de Gilmar Mendes; que apesar de convidado pelo Supremo Tribunal Federal, Heraldo Pereira não aceitou participar do Conselho Estratégico da TV Justiça; que, como repórter, Heraldo Pereira não é e nunca foi submisso a quaisquer autoridades; que o jornalista Heraldo Pereira não faz bico na Globo, mas é empregado de destaque da Rede; que a expressão negro de alma branca foi dita num momento de infelicidade, do qual se retrata, e não quis ofender a moral do jornalista Heraldo Pereira ou atingir a conotação de racismo”.

Ponta Porá (MS) - O delegado Odorico Mendonça, responsável pelas investigações sobre o assassinato do jornalista Paulo Rocaro, ainda aguarda a relação das últimas chamadas telefônicas feitas e recebidas pela vítima para continuar a investigação. Rocaro foi morto a tiros em 12 de fevereiro. O delegado busca saber se o jornalista teve conversas frequentes com outra pessoa além dos parentes, amigos e colegas de trabalho que já prestaram depoimento. Mesmo após dez dias de investigações, Mendonça disse que ainda não tem indícios concretos sobre os criminosos responsáveis pela morte do jornalista.

Pelo mundo


Síria I - Catherine Ashton, alta representante de Política Externa e Segurança Comum da União Europeia (UE) condenou as mortes da jornalista norte-americana Marie Colvin e do fotógrafo francês Rémi Ochlik, ocorridos em 22 de fevereiro e exigiu a renúncia do presidente Bashar al-Assad. O Ministério de Relações Exteriores sírio negou responsabilidade na morte dos jornalistas após bombardeio na cidade de Homs. Para o governo, os profissionais se encontravam no país de forma ilegal e isso os livra de qualquer responsabiliade sobre as mortes.

Síria II - A jornalista Edith Bouvier, do diário francês Le Figaro, ferida após um ataque em Homs, pediu em 23 de fevereiro por meio de um vídeo no YouTube para ser retirada para o Líbano “o mais depressa possível”. No vídeo, a jornalista afirma: “Sou Edith Bouvier, jornalista francesa em reportagem na Síria com um grupo de repórteres. É quinta-feira, cerca de 15 horas. Ficamos feridos num ataque em que morreram Marie Colvin e Rémi Ochlik”. Deitada numa cama, Bouvier tem a seu lado o fotógrafo francês William Daniels, que não está ferido. A jornalista estaria com a perna quebrada no fêmur e precisa de uma intervenção cirúrgica urgente.

Peru – O cinegrafista Juan Carlos e o repórter Renzo Santana, da Panamericana Televisión, foram atacados por um grupo de 30 pessoas enquanto acompanhavam uma manifestação em frente ao escritório de uma organização que, supostamente, se dedica à venda ilegal de terras e lavagem de dinheiro. Vera levou uma pedrada no olho direito e o repórter sofreu ferimentos no rosto. A agressão pode ser resultado da denúncia feita pela emissora contra o escritório em 23 de janeiro. O Instituto Imprensa e Sociedade (IPYS) condenou o ataque e exigiu investigação por parte das autoridades peruanas.

EUA - Andrew McCarren, repórter da WUSA-TV, de Washington, está afastada do trabalho após receber ameaças no Facebook por sua emissora divulgar uma série de reportagens produzida por ela sobre menores de idade que dirigiam embriagados. As reportagens foram sucesso de audiência, mas as pessoas que comercializam álcool para menores e os próprios jovens passaram a criticar McCarren nas redes sociais. Não bastassem as ameaças à jornalista, sua filha adolescente passou a ser vítima de bullying na escola e seu endereço foi divulgado na rede.

Colômbia - Os 55 jornais que formam a Associação Colombiana de Editores de Jornais e Meios Informativos (Andiarios) publicaram em 24 de fevereiro o editorial que levou o jornal El Universo a ser processado pelo presidente Rafael Correa. Segundo a associação, a publicação da coluna é uma forma de mostrar apoio ao jornal, cujos diretores e um ex-editor foram condenados a três anos de prisão e ao pagamento de US$ 40 milhões de indenização por crime de calúnia e injúria ao presidente. O editorial intitulado “Não às mentiras” foi publicado em 6 de fevereiro e chamava o presidente equatoriano de “ditador” sem mencionar seu nome. O artigo sugeria que Correa poderia ser acusado de crimes de lesa-humanidade por suas atitudes durante um levante militar ocorrido em 2010 no Equador. A Andiarios acredita que a sentença da Justiça contra o El Universo foi “desproporcional” e “constitui um ataque à liberdade de expressão”.

Rússia - Alexei Venediktov, editor-chefe da rádio Ekho Moskvy, foi repreendido pelo primeiro-ministro Vladimir Putin após fazer uma crítica ao Kremlin. Depois do incidente, o jornalista foi forçado a abandonar o painel de diretores da emissora. Venediktov deve permanecer no comando da redação da Ekho Moskvy, mas não fará mais parte dos nove membros que compõem a diretoria.

Alemanha - O presidente Christian Wulff renunciou ao cargo em 17 de fevereiro após tentar impedir a publicação de uma reportagem que o acusa de favorecimento político. Entre outras acusações, Wulff teria recebido um empréstimo de um executivo alemão para financiar um imóvel residencial em 2008, quando era senador. A denúncia gerou uma crise que abala o governo desde dezembro de 2011.Em janeiro, o presidente teria ameaçado o editor de um jornal para que não publicasse matéria sobre o assunto. Um dia antes de a matéria ser publicada, Wulff, sem conseguir falar com o editor do tabloide Bild, Kai Diekmann, deixou um recado em sua secretária eletrônica em tom de ameaça, afirmando que haveria guerra entre eles, e que a publicação da reportagem teria consequências judiciais. Wulff teria ligado também para a empresa Springer, que edita o tablóide.

México - Para tentar evitar agressões da polícia, repórteres de Ciudad Juárez optaram pela cobertura de ações policiais em grupo na cidade fronteiriça do México, considerada a segunda mais violenta do mundo - e que ocupava o primeiro lugar desde 2009. Recentemente, o fotógrafo Raymundo Ruiz, da revista Proceso, foi golpeado ao tentar fazer fotos durante uma ação policial. Só em fevereiro cinco jornalistas foram detidos em casos semelhantes e 13 já foram agredidos em 2012. 

Líbia - O repórter Nicholas Davies e o câmera Gareth Montgomery-Johnson, do canal de notícias da iraniana Press TV, foram detidos e estão presos na capital Trípoli. A emissora confirmou que seus dois funcionários foram detidos junto com dois líbios e que ainda não contato com os repórteres.

Marrocos - De janeiro de 2011 a fevereiro de 2012, o Ministério das Comunicações proibiu a entrada de 29 jornais e revistas estrangeiros no país em razão de as publicações atentarem “contra a moral pública e os símbolos religiosos”, no entender do governo. As publicações francesas lideram a lista com 22 proibições entre jornais e revistas. Dez obras foram censuradas por atentar contra a ética pública, enquanto nove foram banidas por publicarem charges do profeta Maomé ou de Deus, o que é proibido no Islã. O restante foi impedido de entrar no país após divulgação de caricaturas do rei Muhammad VI ou por atentar contra “a integridade territorial” do Marrocos. Nesses 14 meses dois exemplares do jornal espanhol El País também foram vetados no país. O governo admite abertamente sua posição, mas não considera o ato como “censura”.
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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.



O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão. 

Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa, Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.online.pt)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se, Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom House (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan.org), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.
Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero

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