segunda-feira, 12 de setembro de 2011

TAMBOR DA ALDEIA 37 ANO VI

A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO

Notas do Brasil

Porto Alegre (RS) – Segue repercutindo a censura prévia ao jornal Zero Hora e ao Grupo RBS, imposta por três desembargadores da 9a Câmara Cível do Tribunal de Justiça gaúcho, impedindo a divulgação do nome e imagem de um vereador do interior do RS. Além das manifestações de repúdio recebidas de inúmeras entidades nacionais e internacionais, como a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Associação Nacional de Jornais (ANJ) e Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), o assunto ganhou as páginas dos jornais e blogs por todo o território nacional. A matéria intitulada “Farra das Diárias”, exibida pela RBS TV em agosto de 2010, mostrava a participação do vereador em um curso realizado em Foz do Iguaçu, onde na realidade, no horário das aulas, o político e diversos colegas e familiares faziam programas turísticos e de compras no Paraguai e nas Cataratas do Iguaçu.

Maceió (AL) - A Comissão Permanente de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Alagoas divulgou em 6 de setembro nota em solidariedade aos jornalistas Thiago Correia e Ricardo Mota, do Grupo Pajuçara de Comunicação, ameaçados no exercício da profissão. Correia denunciou, em uma reportagem, casos de corrupção no salário maternidade de Pernambuco, e, por isso, teria sofrido ameaças. Já Mota delatou que vem sendo perseguido por um grupo de investigação. Na nota, a comissão informa que está acompanhando a ação de apuração das denúncias, e se coloca à disposição para contribuir na proteção do livre exercício profissional dos jornalistas.

Pelo mundo

EUA I – A ONU reúne suas agências em 13 e 14 de setembro para organizar o combate à falta de segurança a jornalistas e a impunidade de seus agressores. A primeira sessão será conduzida por Raghu Menon, presidente do Programa Internacional para o Desenvolvimento da Comunicação da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Participarão da reunião a diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, e o subsecretário-geral de Comunicação e Informação Pública da ONU, Kiyo Akasaka. A Alta Comissionada da ONU para os Refugiados, Navi Pillay, vai interagir por vídeo. Diversos representantes dos organismos, programas e fundos das Nações Unidas participarão do congresso no dia 14 de setembro, quando será elaborado o plano de ação conjunta. Nos últimos 10 anos, mais de 500 trabalhadores de imprensa foram assassinados em todo o mundo, e muitos mais foram os feridos, segundo a Unesco.

Afeganistão - A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) reconheceu em 8 de setembro que suas tropas mataram por engano um repórter da rede britânica de TV BBC que foi confundido com um insurgente, confirmou um comunicado da Isaf (Força Internacional de Assistência à Segurança) divulgado em Bruxelas. Ahmad Omid Khpalwak recebeu um tiro de um membro da Isaf que o confundiu com um rebelde prestes a detonar uma bomba, acrescentou a nota. O fato aconteceu em julho durante operações da Isaf na cidade de Tarin Kowt, ao sul da província afegã de Uruzgan. O oficial da Otan encarregado da investigação da morte do repórter confirmou que o soldado que disparou cumpriu “as leis dos conflitos armados e as regras de participação e atuou de maneira razoável dadas as circunstâncias”, acrescentou a Aliança Atlântica no comunicado. A Otan expressou também suas condolências à família da vítima.

Peru I – O jornalista Pedro Alonso Flores Silva, diretor do programa “Visión Agraria”, do canal 6, na província de Casma, região de Ancash, noroeste do Peru, morreu em 8 de setembro, após ter sido baleado próximo à sua casa, dois dias antes. Silva vinha recebendo ameaças de morte nos últimos três meses. Recentemente, ele denunciou casos de corrupção em Comandante Noel, sofrendo processo judicial pelo prefeito da cidade.

Peru II – A apresentadora Katy Vela, da TV San Juan e Rádio Marginal, de Tocache, declarou que um matador admitiu a ela ter sido contratado para assassiná-la pelo valor de cinco mil novos soles (cerca de US$ 1.800). Ela estaria recebendo ameaças telefônicas desde agosto quando fez denúncias contra a prefeita de Tocache, Corina de la Cruz, que estaria associada a um esquema de narcotráfico. O Instituto de Imprensa e Sociedade afirmou que o Serviço de Inteligência do Peru confirmou que a jornalista corre perigo.

México I- As jornalistas Ana María Marcela Yarce, da revista Contralíne, e Rocío González, da Televisa, foram encontradas mortas em 1º. de setembro, em um parque de Iztapalapa, subúrbio da capital do México. Elas foram brutalmente assassinadas, tiveram os pés e as mãos amarrados, e os corpos apresentam marcas de asfixia. A revista Contralínea, que atua há nove anos na área do jornalismo investigativo, publicou recentemente reportagens sobre casos de corrupção no país. Os jornalistas do veículo receberam várias ameaças e a redação foi invadida e roubada.

México II - No estado mexicano de Sinaloa, policiais confirmaram em 28 de agosto a prisão de Gilberto Plascencia Beltrán, suspeito de assassinar, em dezembro de 2009. o jornalista Luis Romero, do programa de rádio Linha Direta. A Associação de Jornalistas de Sinaloa faz pressão para que as autoridades esclareçam os casos, como o assassinato do jornalista Humberto Millán, ocorrido em Culiácan, no último dia 24.

Portugal - O Sindicato dos Jornalistas exigiu em 6 de setembro que os autores das agressões a três jornalistas portugueses em Luanda, Angola, três dias antes, sejam identificados e punidos. Os profissionais cobriam uma manifestação que pedia a saída do presidente José Eduardo dos Santos. Os agressores não-identificados tentavam impedir dois operadores de câmera da emissora RTP África e o correspondente da rádio Voz da América de recolherem materiais. Os profissionais ainda viram seus equipamentos serem destruídos.

França I - A ONG Repórteres Sem Fronteiras(RSF) revela que, desde 2000, 141 profissionais de imprensa e colaboradores foram mortos por determinação de grupos do crime organizado. O relatório com detalhamento das ocorrências e suas circunstâncias pode ser acessado em www.rsf.org.

França II - O jornal Le Monde acusou em 1º. de setembro o serviço secreto do país de ter acessado ilegalmente as ligações telefônicas do jornalista Gérard Davet, em julho de 2010. A intenção seria descobrir as fontes do repórter, que investigou o possível financiamento ilícito da campanha eleitoral do presidente Nicholas Sarkozy. A revelação surgiu um dia após do lançamento do livro “Sarko mua tuer” (Sarko matou-me), no qual a juíza Isabelle Prévost-Desprez, diz que uma enfermeira teria visto Sarkozy receber 150 mil euros para financiar sua candidatura. A nota do Le Monde informa que a intervenção da Direção Central de Informações do Estado (Drci), por meio de registros obtidos ilegalmente junto à operadora telefônica Orange, tinha o objetivo de eliminar as fugas de informação para a imprensa em torno do caso. A Drci conseguiu, por meio dos registros detalhados das chamadas, identificar a fonte do repórter, um conselheiro do Ministério da Justiça, que foi demitido e enviado para a Guiana Francesa.

EUA II - Em agosto de 2007, o jornalista Chauncey Bailey, editor do jornal Oakland Post à época, foi assassinado a tiros. Na ocasião, ele investigava os problemas financeiros da padaria Your Black Muslim Bakery, de Santa Barbara, Califórnia. Quatro anos depois, dois homens foram condenados à prisão perpétua pelo crime. Ambos trabalhavam na empresa. Yusuf Bey IV era chefe da padaria e ligado ao movimento negro. Trabalhava junto com Antoine Mackey. Em junho deste ano, os dois foram considerados os responsáveis pelo delito. Segundo a promotoria, Bey, que ainda se diz inocente, teria ordenado a morte de Bailey e de outros dois homens “por pressão financeira, vingança e ódio racial”. Bailey foi o primeiro jornalista americano morto nos EUA por motivos profissionais em duas décadas. Após sua morte, jornalistas da região criaram o “Chauncey Bailey Project”, que teve importância considerável na investigação do caso.

Inglaterra I - A jornalista Amelia Hill, do jornal The Guardian, prestou depoimento à polícia em 7 de setembro para falar sobre o caso das escutas telefônicas ilegais do extinto News of the World. A jornalista respondeu sobre prováveis grampos realizados pela polícia. Hill publicou algumas das principais matérias exclusivas sobre o caso que provocou o fechamento do tablóide de Rupert Murdoch em 10 de julho de 2011, aos 168 anos de circulação.

Inglaterra II - Mais um jornalista suspeito de envolvimento com o escândalo de escutas ilegais foi preso na manhã de 7 de setembro. Suspeita-se que o homem de 35 anos detido pela polícia londrina seja Raoul Simons, editor-chefe de futebol do The Times, publicação da News Corp. De acordo com relatos, Simons foi preso em sua casa por oficiais da Operação Weeting, que investigam o emprego de grampos telefônicos nas redações do tabloide News of The World.

Irã - A revista Shahrvand e-Emrooz foi fechada por ter publicado, há um mês, um desenho com uma sátira das lideranças políticas do país em sua capa. A circulação da revista já havia sido interrompida após as eleições de 2009, em uma onda repressiva que pôs fim a diversos títulos iranianos, mas ela havia voltado a funcionar há alguns meses.

Ucrânia - O ex-general Aleksei Pukach, do Ministério do Interior, afirmou em depoimento num tribunal ter matado o jornalista Georgy Gongadze em 2000. Ele disse também que o crime foi orquestrado pelo então presidente Leonid Kuchma e membros do alto escalão do governo. Aleksei Pukach responde a processo pelo assassinato do jornalista investigativo, que trabalhava para o jornal online Ukrainska Pravda e havia feito uma ampla cobertura sobre alegações de corrupção e fraude eleitoral no governo de Kuchma. O julgamento do ex-general teve início em julho, a portas fechadas, e as informações sobre os depoimentos foram repassadas por advogados da família Gongadze que puderam assistir às audiências.
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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.
O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão.
Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa, Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.online.pt)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se, Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom House (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan.org), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.
Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero

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