segunda-feira, 6 de julho de 2009

TAMBOR DA ALDEIA 55 ANO IV

A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO

Notas do Brasil

Porto Alegre (RS) - O repórter Felipe Andreoli, do programa CQC, da TV Bandeirantes, foi agredido em 1o. de julho por torcedores do Internacional, no estádio Beira-Rio. O incidente aconteceu durante a partida com o Corinthians e Andreoli conta que a equipe do CQC chegou ao estádio acreditando que poderia gravar normalmente, mas não foi isso o que aconteceu. Um grupo de torcedores do Internacional se aproximou e começou a xingar os profissionais com palavrões e a chamá-los de corintianos e tentar agredi-los.

Brasília (DF) - Danilo Gentili, conhecido como o repórter irreverente do CQC, foi agredido por seguranças do Senado em 1o. de julho ao tentar entrevistar o senador José Sarney. Gentili tentava abordar o político para fazer perguntas, mas os seguranças o impediram e chegaram a derrubar o repórter no chão. No momento, da queda Gentili perguntava se com a saída de Sarney os escândalos iriam continuar.

Manaus (AM) - O jornalista Ronaldo Tiradentes, proprietário da retransmissora da Rádio CBN, acusou o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, de tentar agredi-lo em 27 de junho. O incidente aconteceu quando Tiradentes estava próximo ao aeroporto, procurando uma vaga para estacionar, acompanhado da sua esposa e, em outro carro, do também jornalista Marcos Santos. Naquele momento, o ministro, acompanhado do seu filho, desceu de uma Pajero preta e iniciou as agressões. Ele afirma que Nascimento tentou arrombar a porta do seu carro e que a sua esposa, Kie Mariee Hara, foi “covardemente agredida” com socos desferidos pelo filho do ministro. Um policial militar também teria participado da ação. O Ministério dos Transportes informa que Alfredo Nascimento foi ameaçado de morte pelo jornalista e, por esse motivo, o caso foi encaminhado para a Polícia Federal, inclusive com um pedido de proteção policial.
Enquanto durar a investigação, o Ministério não irá se manifestar. Tiradentes e Santos são alvo de processo movido pelo ministro. Eles são conhecidos por cobrar, na programação da CBN Manaus, o cumprimento de promessas de campanha.

Belém (PA) -O fotógrafo Marco Santos e a repórter Adriana Robalo, do jornal Diário do Pará, foram agredidos por um policial militar dentro da seccional de São Braz em 20 de junho. A equipe cobria o depoimento do policial militar Francisco Ribeiro, autor de sete disparos contra Bruno Gomes. O fotógrafo registrou boletim de ocorrência na 8a. seccional de Icoaraci.
Brasília (DF) – O governo do Distrito Federal deve indenizar em R$ 10 mil, a título de danos morais, o jornalista Lawrence Campos que foi espancado por policiais militares em um bar, após filmar agressão dos PMs em operação policial. As agressões aconteceram na madrugada de 20 de janeiro de 1997, quando Cvampos se encontrava com uma amiga no bar "Spettus" e iniciou uma exaltação na parte externa do local. Diante da movimentação, pegou a câmera e passou a registrar os fatos, o que causou desconforto aos policiais, que o espancaram e apreenderam a máquina.

Ouro Preto (MG) -O advogado Francisco Del Corsi, que faz a defesa de Camila Dolabella, acusada pela morte de Aline Soares em um ritual envolvendo um jogo de RPG, ocorrido há oito anos, agrediu três jornalistas do jornais Estado de Minas, O Tempo e de uma emissora de TV de Ouro Preto. As agressões ocorreram em dois dias. Na chegada ao Fórum de Ouro Preto, em 1o. de julho, Del Corsi quase atropelou uma repórter. Na discussão o advogado chamou os jornalistas de “vagabundos” e “despreparados”. “Vocês sequer têm diploma”, disse Del Corsi, se referindo ao fim da exigência de curso superior de jornalismo para o exercício da profissão. Em 2 de julho, na porta do Fórum, o advogado deu um soco no fotógrafo do Estado de Minas, Emmanuel Pinheiro. O soco acertou a máquina do jornalista, que bateu em seu rosto. Após ameaçar Emmanuel, o advogado xingou o fotógrafo do jornal O Tempo, Bruno Figueiredo.“E você é um f.d.p.”, disse Del Corsi apontando para o fotográfo. Os três jornalistas registraram ocorrência contra o advogado. Os profissionais também pretendem protocolar uma reclamação formal à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seção Minas Gerais.

São Paulo (SP) – O SBT foi condenado em 2 de julho pelo Tribunal de Justiça Paulistas a indenizar em R$ 100 mil a Construtel Projetos e Construções por exibição de reportagem. Intitulada "Condomínio acusa empresa de dar golpe do telefone", a matéria falava que a empresa usava propaganda enganosa para atrair consumidores para a compra de telefone em um condomínio. Na época, a Construtel - que era credenciada pela antiga Telesp - comercializava linhas de telefone compartilhadas. Segundo a empresa, o SBT a acusou de forma "escandalosa e grosseira" de desrespeitar um contrato assinado com o Condomínio Jardim Educandário para implantar o sistema de telefonia comunitário, chamado Telecondomínio. Além disso, a reportagem - exibida no extinto programa "Aqui Agora" - teria acusado a Construtel de promover propaganda enganosa. Em primeira instância, o SBT foi condenado a pagar uma indenização de R$ 600 mil por ofensa à imagem da empresa. No entanto, a emissora recorreu, alegando que não ocorreu ofensa alguma. Em segunda instância, o valor foi fixado em R$ 100 mil. Para o relator do caso, desembargador Francisco Loureiro, houve falta de exatidão na reportagem. "A reportagem pecou pela falta de veracidade, ao afirmar que a ré [Construtel] deixou de devolver no tempo oportuno o dinheiro pago pelos consumidores que se habilitaram para adquirir uma linha de telefone", afirmou. Ele considera que a emissor teve o intuito sensacionalista de atrair a atenção pública e gerar indignação social, levando uma falta informação aos espectadores. A emissora ainda pode recorrer.

Pelo mundo

Irã - O jornal Etemad-e-Melli, partidário do político Mehdi Karroubi, foi fechado por autoridades do país após ter chamado o governo de "ilegítimo", por conta da acusação de fraude na eleição presidencial ocorrida em junho, que reelegeu Mahmoud Ahmadinejad. O fechamento do jornal é apenas mais um exemplo dos esforços do governo para censurar a mídia e sites críticos ao presidente. Na semana anterior, a equipe inteira do jornal Kalemeh Sabz, que pertence ao político Mir-Hossein Mousavi, foi presa. Karroubi recebeu apenas uma fração dos votos e juntou-se a Mousavi, líder da oposição, para pedir por um novo pleito. Karroubi tem se destacado como uma das principais vozes contrárias a Ahmadinejad. `

Honduras - Os militares mantêm fechadas emissoras de rádio e TV e soldados do exército estão em frente às sedes de veículos de comunicação na capital Tegucigalpa. O proprietário do Canal 36, veículo alvo de censura dos militares, Esdras López, criticou a inconstitucionalidade na restrição à imprensa em Honduras. O empresário disse ainda que está em segurança graças à intervenção da Corte Interamericana de Direitos Humanos.

Portugal – O atacante Cristiano Ronaldo, do Real Madrid, agrediu em 28 de junho uma jovem que acompanhava um paparazzi em Lisboa. O incidente teria sido motivado pela insistência da jovem e do paparazzi em obter imagens e declarações do jogador. Após perseguir Ronaldo durante toda a tarde pelas ruas de Lisboa, o fotógrafo e a menor estacionaram o carro em frente à residência do atacante. Ao perceber que continuava sendo seguido, o craque foi em direção ao automóvel e deu um pontapé contra o vidro do veículo, quebrando-o e atingindo a menor com os estilhaços.

Camarões - O jornalista Jean Bosco, diretor do jornal Germinal, está sendo ameaçado de morte após publicar um relatório sobre bens do presidente Paul Biya. Na última mensagem, ele foi lembrado do destino de dois outros jornalistas africanos: um deles assassinado em Burkina Faso, em 1998, e outro desaparecido na Costa do Marfim, em 2004, informou o site Fátima. O relatório - feito por uma ONG francesa - afirma que a fortuna do presidente foi adquirida com os desvio de dinheiro público, e cita Jean Bosco como autor de uma investigação sobre os bens de Biya.

Rússia - O jornalista Vyacheslav Yaroshenko, morreu em 29 de junho em decorrência de um grave ferimento na cabeça sofrido no fim de maio. As circunstâncias do ferimento de Yaroshenko, que era editor de um jornal na cidade de Rostov-on-Don, chamado Corrupção e Crime, não estão esclarecidas. Enquanto a polícia afirma que o jornalista estava bêbado e caiu, batendo a cabeça em uma escada, colegas de Yaroshenko têm certeza de que ele foi brutalmente agredido por conta de seu trabalho. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas, com sede em Nova York, pediu que o governo russo abra um inquérito para apurar o caso, indicando que o editor teria se tornado alvo de inimigos por escrever reportagens sobre casos de corrupção envolvendo autoridades locais. A polícia afirma, entretanto, que não há nenhuma evidência de que ele teria sido atacado.

Líbia – Os jornais independentes Al Jarida Al Aoula, Al Ahdat Al Maghribia e Al Massae foram condenados em 29 de junho a indenizar em 270 mil euros o líder líbio, Muamar Kadhafi, por "ataques à dignidade de um chefe de Estado". O valor ficou, entretanto, bem abaixo do que era pedido por Khadafi – cerca de oito milhões de euros. Ali Anouzla, diretor do Al Jarida Al Aoula, afirmou que a decisão do tribunal foi um "veredicto político dado por um judiciário sem independência". Anouzla disse ainda que seu jornal continuará a publicar artigos críticos ao regime líbio e que pretende apelar da sentença.
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A Associação Riograndense de Imprensa (http://www.ari.org.br/) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.
O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão.

Fontes: ARI (http://www.ari.org.br/), ABI (http://www.abi.org.br/), Fenaj (http://www.fenaj.org.br/), ANJ (http://www.anj.org.br/), Observatório da Imprensa, Abert (http://www.abert.org.br/), Abraji (http://www.abraji.org.br/), Portal Imprensa (http://www.portalimprensa.com.br/), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (http://www.liberdadedeimprensa.org.br/), Portal Coletiva (http://www.coletiva.net/), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (http://www.ifj.org/) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (http://www.jornalistas.online.pt/)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (http://www.rsf.org/) (Paris), Portal Comunique-se, Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Freedom House, Associação Mundial de Jornais (http://www.wan.org/), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.
Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero

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