terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

BOLETIM 01 ANO XIII

A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO
Destaques: Abraji investiga morte de radialista em GO. Equipes de reportagem são expulsas de cobertura de chacina no CE. Jornalista e publicitário perdem a vida na Guatemala. Assassino de diretor de rádio é condenado a quase 60 anos de prisão na Colômbia.

Notas do Brasil
Edealina (GO) - A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) enviou equipe à cidade para investigar o assassinato do radialista Jefferson Pureza Lopes, morto a tiros em 17 de janeiro. Esta será a primeira ação do Programa Tim Lopes de Proteção a Jornalistas, lançado em setembro de 2016 com o objetivo de investigar assassinatos, tentativas de assassinato e sequestros de profissionais da imprensa e dar continuidade às reportagens interrompidas pelos autores dos crimes. Participam da ação Angelina Nunes, coordenadora do programa, e Rafael Oliveira. Pureza Lopes foi assassinado com três tiros na cabeça, dentro de sua casa, na noite do dia 17. Ele conduzia o programa “A Voz do Povo”, na rádio Beira Rio FM, no qual denunciava supostas irregularidades da administração pública e criticava autoridades municipais e regionais. Ele vinha recebendo ameaças há pelo menos dois anos por seu trabalho, segundo alguns amigos e colegas disseram à imprensa após o assassinato.

Fortaleza (CE) - As equipes de reportagem das TVs Verdes Mares (afiliada da Globo), TV Cidade (Record) e NordesTV (Band) foram expulsas do bairro Cajazeiras, em 27 de janeiro, quando tentavam cobrir os desdobramentos da maior chacina já ocorrida no Estado, quando morreram 14 pessoas que participavam de uma festa num clube de forró. Ao se dirigirem ao local, por volta de 7h de sábado, momento em que não havia equipes de policiais, os jornalistas foram ameaçados por homens em motocicletas que, com os braços na cintura, faziam menção de estar pegando em armas. As equipes, compostas pelos profissionais Lívia Baral e Adauto Alves, da Verdes Mares, Patricia Castro, Sérgio Queiroz e o motorista Deco Almeida, da TV Cidade, e  Clarissa Capistrano e Rafael Augusto, da NordesTV, deixaram o local.

São Paulo (SP) - O repórter Flávio Ortega, da ESPN Brasil, foi agredido por torcedores enquanto tentava realizar a cobertura da eleição para presidente do Sport Club Corinthians Paulista, em 3 de fevereiro. Os agressores afastaram a câmera e tentaram impedir o trabalho da equipe de filmagem da emissora. O vídeo está circulando pelas redes sociais e em grupos de bate-papo, mas o áudio não deixava claro qual era a reclamação dos homens com Ortega. Um grupo de torcedores se revoltou após a vitória de Andrés Sanchez e iniciou uma confusão enquanto o candidato eleito se preparava para dar entrevista. O protesto ocorreu minutos depois de torcedores entrarem no clube e forçarem a porta do ginásio.

Pelo mundo
Guatemala - Os corpos de um jornalista e de um publicitário foram encontrados em 1º de fevereiro, em uma plantação de cana de Santo Domingo Suchitepéquez, ao sudoeste da capital da Guatemala. Segundo o relatório de peritos do Ministério Público, os corpos de Laurent Ángel Castillo Cifuentes, repórter do jornal Nuestro Diario em Coatepeque, Quetzaltenango, e Luis Alfredo de León Miranda (30), publicitário da Radio Coaltepec, foram encontrados com pés e mãos amarrados e ferimentos de bala nas cabeças, além de terem sido estrangulados. A Unesco e o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OACNUDH), condenaram o assassinato dos comunicadores.

Colômbia - Yean Buenaventura foi condenado a 58 anos e 3 meses de prisão pelos assassinatos do jornalista Luis Peralta Cuellar e de sua esposa, Sofía Quintero, ocorridos em 2015. De acordo com a Fundação para a Liberdade de Imprensa (Flip), que representou as vítimas na corte, esta foi a maior sentença já proferida no país para um crime contra a liberdade de expressão. O juiz proferiu a sentença “depois de reconhecer que o assassinato de Peralta foi motivado pelo trabalho dele como jornalista”. Cuellar, diretor e proprietário da rádio Linda Estéreo, foi baleado ao lado de sua mulher em 14 de fevereiro de 2015, em Doncello, no departamento de Caquetá. O ataque aconteceu do lado de fora da casa do jornalista, que também servia como seu escritório. Quintero morreu depois de vários meses internado.

Bolívia - A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e o Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ) avaliam os três processos judiciais que a jornalista Yadira Peláez Imanereico vem sofrendo por membros ligados ao governo de Evo Morales. Em dezembro de 2016, Yadira apresentou uma denúncia de assédio sexual contra Carlos Flores Menacho, então diretor do Canal 7, que pertence à estatal Bolívia TV. Na época, ela trabalhava como repórter da emissora. A jornalista foi demitida semanas depois, em janeiro do ano passado. Já seu ex-chefe, enviou uma série de 23 cartas para todos os órgãos do governo. No documento, assinado por todos os funcionários da emissora após uma ordem do diretor, ele colocava em cheque a seriedade e profissionalismo da repórter. Em 6 de março de 2017, Yadira convocou a imprensa para revelar o episódio das cartas. Menacho então decidiu processá-la por calúnia e difamação e o governo passou a dificultar suas ações de defesa, proibindo sua entrada em edifícios públicos e negando informações sobre seu caso. A repórter ainda enfrenta outras duas acusações. Gisela López, ministra de Comunicação, e ex-gerente do Canal 7, acusa Yadira de assédio e violência política. Segundo ela, a jornalista disse em várias entrevistas que a ministra tinha conhecimento do assédio que sofria e não fez nada para ajudá-la. Já Fabiola Rollano Peña, a atual responsável pela emissora, acusa a ex-colega de corrupção pública. Yadira assegura que é vítima de uma ampla campanha de descrédito desde que apresentou sua denúncia.
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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.
O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão.
Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa (www.observatoriodaimprensa.com.br), Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Consultor Jurídico (www.conjur.com.br), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional deJornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.eu)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se (portal.comunique-se.com.br), Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom House (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan-ifra.org), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.

Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero

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