Destaques: Juiz
nega direito de resposta a ex-presidente. CNJ fará levantamento dos processos
judiciais sobre liberdade de imprensa. México registra nova morte de
comunicador. Governo da Venezuela retira do ar duas redes de TV.
Notas do Brasil
São Bernardo do Campo (SP) – O juiz
Gustavo Dall'Olio, da 8ª Vara Cível negou direito de resposta pedido pelo
ex-presidente Lula contra o programa Fantástico, da Rede Globo, em razão de
reportagem de 16 de julho. O entendimento foi no sentido de que “é vedado ao
Poder Judiciário influir no conteúdo de matéria jornalística, porque a ninguém,
nem mesmo ao ex-presidente da República, é dado pautar a imprensa”. Lula
reclamou que a reportagem deu a entender que provas usadas por Sergio Moro para
condená-lo seriam irrefutáveis.
São Paulo (SP) - O repórter Luís Adorno,
do Portal Uol, foi chamado repetidas vezes de “burro” pelo policial militar
Francisco Alexandre em vídeo publicado em 26 de agosto. A postagem foi uma
reação à entrevista de Adorno com o comandante da Rota, Ricardo Araújo,
publicada dois dias antes. Durante a conversa, registrada em vídeo, Araújo
defende que a polícia deve se comportar de maneira distinta em abordagens na
periferia da capital ou nos Jardins, bairro nobre da zona Oeste. Alexandre não
cita o nome do profissional, mas alude à “burrice do repórter da Uol” que teria
publicado “de forma deturpada e completamente sem nexo” a declaração do
comandante.
Brasília (DF) I - O site Diário do Centro
do Mundo (DCM) e os jornalistas Kiko Nogueira e Joaquim de Carvalho receberam
determinação da juíza Gabriela Faria, da 6ª Vara Cível do Tribunal de Justiça
do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), para remover do site do veículo todos
os textos que usem o termo “helicoca” como nome ou sobrenome do senador Zezé
Perrella (PMDB-MG). A
juíza manteve decisão liminar de janeiro deste ano. A juíza também proibiu o
uso da palavra em outras publicações do DCM e dos jornalistas. O senador move
outros dois processos contra o site, com o mesmo objetivo: retirar do ar
conteúdo que o associa à apreensão de um helicóptero de sua propriedade
carregado com cocaína, ocorrida em novembro de 2013. Perrella afirma que os
textos são ofensivos à sua honra e dignidade.
Rio de Janeiro (RJ) - O grupo Infoglobo e
o jornalista Fábio Gusmão foram novamente absolvidos em processo movido pelo ex-policial
militar Oseas de Souza, por decisão da 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça
do Rio de Janeiro (TJRJ). Em 2010, o autor da ação processou os réus por
reportagens publicadas em 2005 nos jornais O Globo e Extra que teriam resultado
em sua exoneração da Polícia Militar do RJ. Os textos acusavam Souza de estar
envolvido com traficantes da Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, na zona sul
do Rio. As reportagens se basearam em vídeos feitos por uma moradora do local. O
ex-policial foi condenado pela 27ª Vara Criminal e preso por quatro anos.
Posteriormente, foi absolvido por falta de provas pela 1ª Câmara Criminal do TJRJ.
No processo, Souza afirmou que o jornalista e a empresa foram parciais por não
terem noticiado a absolvição e pediu indenização.
Brasília (DF) II - O Conselho Nacional de
Justiça (CNJ) fará levantamento dos casos de violência contra jornalistas que
chegam ao Poder Judiciário. O objetivo é organizar uma base de dados
que crie um banco de informações sobre o tema para saber como o Judiciário se
comporta sobre a liberdade de imprensa. Para isso, o CNJ pediu que as
associações de jornal, rádio e televisão brasileiros encaminhem para o Conselho
uma relação com os processos judiciais que envolvem o tema da liberdade de
imprensa. A Associação Brasileira de Emissoras da Rádio e Televisão (Abert) e o
representante da Associação Nacional de Jornais (ANJ) já se comprometeram a
repassar os dados. A iniciativa faz parte da ação do CNJ para aproximar do
Judiciário o tema da censura e da liberdade de imprensa. O órgão criou a
Comissão Executiva Nacional do Fórum Nacional do Poder Judiciário e Liberdade
de Imprensa. A intenção do CNJ é analisar restrições à atividade jornalística
no país nas quais o Judiciário possa atuar para garantir o direito à informação
e à liberdade imprensa. Temas como a violência contra jornalistas, indenizações
excessivas, ações múltiplas, violação de direito da fonte, censura prévia,
entre outros que afetam a liberdade da imprensa, também deverão ser tratados no
âmbito do fórum.
Curitiba (PR) - A rádio Jovem Pan está
desobrigada de retirar de seu site vídeo em que o comentarista Marco Antônio
Villa reclama dos pagamentos feitos a ministros do Superior Tribunal de
Justiça. O
desembargador Gilberto Ferreira, do Tribunal de Justiça do PR (TJPR), cassou a decisão
liminar nesse sentido. Villa e a
Jovem Pan foram acionados pelo ministro Joel Ilan Paciornik, do Superior Tribunal
de Justiça (STJ), em razão de comentário sobre os salários dos ministros. Na
matéria, Villa diz que o ministro recebeu R$ 118 mil em maio de 2016 , dos
quais R$ 65 mil foram “vantagens individuais” e R$ 20 mil foram “indenizações”.
Para Villa, os pagamentos são “sacanagens”, porque não são discriminados no
site do tribunal e porque só incide Imposto de Renda sobre o salário, e não
sobre as demais verbas. “Eles são malandros, eles acabam com o Brasil. São
pilantras!”, esbravejou o comentarista, durante seu programa.
Pelo mundo
México - O correspondente Cándido Ríos
Vásquez, de El Diario de Acayucan e fundador do La Voz de Hueyapan, foi morto
no sul de Veracruz em 22 de agosto, apesar de estar sob guarda do Mecanismo
para Proteção de Pessoas Defensoras de Direitos Humanos e Jornalistas. Ele teria parado
para conversar com o ex-inspetor de Acayucan, Victor Acrelio Alegria, quando
ambos foram baleados. Um ex-prefeito de Hueyapan de Ocampo ameaçou repetidas
vezes o jornalista que há muito tempo cobria a editoria de polícia e fazia
matérias criticando autoridades locais.
Costa Rica - A Corte Interamericana de
Direitos Humanos (CIDH) realizou audiência pública sobre o caso contra o Estado
colombiano pelo assassinato do jornalista Nelson Carvajal Carvajal, diretor do
noticiário Momento Regional e de outras radiorevistas da região, ocorrido no dia 16 de abril de 1998. O
caso foi apresentado à Corte pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos
(CIDH) em outubro de 2015 ao considerar que não houve uma investigação “séria,
diligente e oportuna” por parte do Estado para determinar o que se sucedeu no
crime contra Carvajal em um contexto em que se apresentaram ameaças e
hostilidades aos familiares do jornalista. Para a CIDH, a falta de investigação
e de proteção aos familiares, assim como a impunidade do crime tiveram “um
efeito amedrontador e intimidante” para que a família continuasse com o
processo legal, assim como para os jornalistas da área. Nelson Carvajal Carvajal foi assassinado em abril de 1998, quando
saia da Escuela Los Pinos – que havia fundado e onde era professor – no
município de Pitalito, departamento de Huila, quando um assassino disparou contra
ele sete vezes. Carvajal havia se destacado por denúncias de corrupção da
classe política local. As partes envolvidas no caso têm até 25 de setembro para
enviar suas alegações finais por escrito à Corte. Apenas depois, a Corte vai
analisar e proferir a sentença.
Venezuela - A Comissão Nacional de
Telecomunicações (Conatel) determinou a retirada do ar das redes Caracol
Televisión e RCN Televisión, em 23 e 24 de agosto, respectivamente. A Conatel explicou
a decisão de remover as estações por “colaboraram com a divulgação de uma
mensagem que incitou o assassinato do presidente Nicolás Maduro Moros”. A
reguladora de telecomunicações disse que interromper a transmissão das redes
era uma “medida de precaução” em resposta à abertura de um processo
administrativo.
Honduras - O casal de jornalistas Johnny
Lagos e Lurbin Yadira Cerrato, do jornal El Libertador, foram alvo de um ataque
a tiros em 24 de agosto, na capital Tegucigalpa. Ambos saíam da
sede do jornal, no bairro de Palermo, quando desconhecidos a bordo de um
veículo atacaram os dois comunicadores disparando ao menos cinco tiros. O veículo no qual se encontravam Lagos
e sua esposa ficou com várias perfurações de tiros. Os atiradores fugiram e
ainda não foram identificados. O Centro de Investigação e Promoção dos Direitos
Humanos de Honduras (CIPRODEH) condenou o ataque aos jornalistas e afirmou que “esta
ação criminosa é uma expressão de um Estado incapaz de garantir a segurança a
seus habitantes e muito menos o exercício livre da imprensa”.
Dinamarca - O inventor Peter Madsen foi
acusado da morte da jornalista sueca Kim Wall. Kim foi vista pela última vez no submarino
do inventor na noite de 10 de agosto. Seu torso, sem os braços e a cabeça, foi
encontrado em 21 de agosto. Madsen
disse, inicialmente, que Kim desembarcou do submarino na noite do dia 10 de
agosto perto de onde eles se encontraram mais cedo. Porém, a polícia disse que
depois ele apresentou uma nova versão dos fatos.
Coréia do Norte - Dois jornalistas da Coreia
do Sul e dois diretores dos jornais que publicaram uma crítica a um livro tido
como insultuoso, foram julgados à revelia, já que não estão no país, e
condenados à morte.
O tribunal considerou que eles cometeram o delito de “insultar gravemente a
dignidade” da Coreia do Norte ao entrevistar os autores do livro, segundo a
imprensa norte-coreana. Os jornalistas poderiam ser executados a qualquer
momento. A edição em coreano do livro, publicada este mês e traduzida como “A
República capitalista da Coreia”, foi resenhada pelos jornalistas Yang Ji Ho,
do jornal Chosun Ilbo, e Son Hyo Rim, do Dong A Ilbo. Já os jornalistas
britânicos que escreveram o livro são James Pearson, correspondente em Seul da
agência Reuters, e Daniel Tudor, ex-correspondente da revista “The Economist”.
O livro foi escrito com base em entrevistas a desertores, diplomatas e
comerciantes, e mostra uma crescente economia de mercado, onde a população do
país não tem acesso a programas de TV sul-coreanos, moda e filmes chineses ou
americanos. que chegam através de contrabando.
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A
Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio
eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da
comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da
profissão de jornalista.
O
programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da
Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das
ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão.
Fontes:
ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ
(www.anj.org.br), Observatório da Imprensa (www.observatoriodaimprensa.com.br),
Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa
(www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa
(www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Consultor
Jurídico (www.conjur.com.br), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami),
Federação Internacional deJornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos
Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.eu)(Lisboa), ONG Repórteres Sem
Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se
(portal.comunique-se.com.br), Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque),
Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG
Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom House (www.freedomhouse.org),
Associação Mundial de Jornais (www.wan-ifra.org), Fórum Mundial dos Editores e
outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de
jornalista.
Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero
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