terça-feira, 19 de outubro de 2010

TAMBOR DA ALDEIA 42 ANO V

A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO
Notas do Brasil
São Paulo (SP) - Um abaixo-assinado na Internet registra a contrariedade dos leitores e críticos ao jornal O Estado de S. Paulo gerada pela demissão da psicanalista Maria Rita Kehl, autora de artigo que falava sobre a “desqualificação” dos votos dos pobres e elogiava o programa Bolsa-Família. No texto do manifesto, o posicionamento do Estadão diante da repercussão é considerado “perigoso e estarrecedor”, pela sua “história e tradição”.

Pelo mundo
Cuba – O jornalista Alfredo Felipe Fuentes, preso desde 2003, foi libertado em 8 de outubro e viajou com parentes para a Espanha. O governo cubano já libertou 39 presos políticos, e Fuentes é o décimo sétimo jornalista entre eles, como parte do compromisso assumido pelo presidente Raúl Castro. O profissional cumpria pena de 26 anos de prisão desde a chamada “Primavera Negra”, uma ofensiva do governo cubano contra dissidentes. Outros três jornalistas presos em 2003 permanecem na prisão, além de outro detido posteriormente

Peru - O presidente Alan García culpou a imprensa local pelo seu envolvimento em escândalo sobre suposta agressão de um jovem que teria lhe chamado de corrupto. O presidente nega ter agredido Richard Galvez, voluntário em um hospital em Lima, enquanto um trabalhador do serviço assistencial assume a autoria da agressão, fato questionado em informações publicadas pela imprensa. O Instituto de Imprensa e Sociedade (IPYS) defendeu as ações dos meios de comunicação quando existem versões diversas sobre o caso. Ricardo Uceda, diretor do IPYS, observou que o papel da imprensa é proporcionar todas as informações relevantes sobre os fatos.

EUA I - A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) começou a postar vídeos da série “Impunidade, o poder na mira” através de seu canal no YouTube. A série é formada por documentários de cinco minutos e faz parte de uma campanha internacional para combater a violência contra a imprensa em países como México, Honduras e Colômbia. Os vídeos mostram os perigos durante o exercício do jornalismo em todo o continente e denunciam a impunidade que impera nos crimes contra jornalistas e nos ataques a meios de comunicação.

EUA II - O editor Ned Martel, do jornal Washington Post, afirmou que o veículo não publicou um desenho do cartunista Wiley Miller que fazia referência ao profeta Maomé após ter consultado outros colegas, entre eles o diretor executivo Marcus W. Brauchli. Para Martel, a divulgação da imagem poderia ser entendida como “uma provocação deliberada sem uma mensagem clara”. A tirinha de humor de Miller, “Onde está Maomé?”, parodiava o livro “Onde está Wally?”. Miller disse que o desenho pretendia criticar veículos de mídia que teriam “medo de publicar qualquer cartum que contenha a palavra Maomé”. As tirinhas do cartunista são publicadas por 800 jornais. Em 10 de outubro, o Post e outros veículos dos EUA deixaram de publicar o desenho com referências ao profeta e colocaram em seu lugar uma antiga tirinha de humor de Miller. A decisão de substituir o desenho foi tomada para não provocar polêmica entre os leitores, principalmente os muçulmanos. O ombudsman do jornal, Andrew Alexander, criticou a postura da publicação, dizendo que a intenção do cartunista era a de satirizar “a insanidade de um grupo de pessoas que se manifestam de forma desmesurada colocando os quadrinhos sob vigilância”. A representação do profeta Maomé é proibida pelo Islã. Em 2005, o jornal dinamarquês Jyllands-Posten publicou uma caricatura em que o profeta aparecia com uma bomba no turbante. O autor do desenho, Kurt Westergaard, foi criticado por fundamentalistas islâmicos e, atualmente, vive sob proteção policial após ter recebido ameaças de morte.

Chile - As redes de TV americanas estariam dispostas a desembolsar até US$ 400 mil (cerca de R$ 680 mil) por cada entrevista exclusiva com os mineiros chilenos, que passaram 69 dias soterrados em uma mina no norte do Chile. Já o jornal alemão Bild, informou que um dos 33 mineiros, antes mesmo de sair do refúgio, firmou um contratou de exclusividade com uma empresa jornalística. A empresa se comprometeu a pagar mais de R$ 70 mil (32 mil euros ou 20 milhões de pesos chilenos). Segundo a revista Time, os mineiros contrataram um advogado para organizar um acordo que garanta que todos irão lucrar igualmente pelas ofertas da mídia para explorar o caso. O britânico The Guardian comparou o drama dos trabalhadores com o reality show “Big Brother”, com a diferença que o público realmente se importa com os mineiros. O resgate dos 33 chilenos teve a cobertura de veículos do mundo inteiro. Mais de 1.500 jornalistas trabalharam no local.

Irã I - Dois jornalistas alemães foram presos em 11 de outubto no momento em que entrevistavam por telefone um dos filhos de Sakineh Mohammadi, iraniana condenada à morte por suposto adultério. Os jornalistas ingressaram no país com visto de turista. A reportagem era feita com auxílio de uma representante local do Comitê Iraniano Contra Apedrejamentos, Mina Ahadi. A chanceler alemã Angela Merker e a Associação de Jornalistas Alemães exigiram a libertação do repórter e fotógrafo.

Irã II – A autorização de permanência da jornalista Ángeles Espinosa, correspondente do espanhol El País em Teerã, foi cancelada pelas autoridades iranianas. A jornalista, que vivia há cinco anos na cidade, deve deixar o país até 24 de outubro. Ángeles foi detida em julho deste ano, após entrevistar Ahmad Montazeri, filho do aiatolá reformista Hosein Ali Montazerí, que morreu em 2009. A correspondente teve sua carteira de jornalista cassada. Agora, as autoridades e entidades representativas trabalham para impedir a expulsão da jornalista.

Inglaterra - A polícia especial britânica, a Scotland Yard, cobrou do jornal The Guardian a divulgação de informações e evidências a respeito da quebra de sigilo telefônico de personalidades do Reino Unido pelo tabloide News of the World. O pedido gerou uma resposta do editor-chefe Alan Rusbridger contra a suposta manipulação de testemunhas por parte da polícia. O editor defendeu, ainda, o trabalho investigativo realizado pelo Guardian e de outros veículos de imprensa sobre o caso. Em carta enviada ao superintendente de polícia, Dean Haydon, o editor do Guardian exigiu que a corporação esclareça as condições do pedido e conceda mais detalhes a respeito do inquérito. Ao lado do The New York Times e do canal de TV Channel 4 Dispatches, o The Guardian publicou reportagens e artigos a respeito da quebra de sigilo telefônico de personalidades pelo News of the World - de propriedade de Rupert Murdoch - a pedido da direção do jornal. Entre os que tiveram o sigilo violado estão os príncipes William e Harry.

Bolívia - O presidente do Tribunal Supremo Eleitoral, Wilfredo Ovando, indeferiu a proposta das entidades representativas de imprensa de fazer um referendo sobre dois artigos polêmicos da Lei Antirracismo, sancionada pelo presidente Evo Morales em 8 de outubro. Para o juiz, é “impossível” fazer essa consulta porque a lei que trata dos referendos ainda não foi regulamentada, o que impede sua aplicação. Mesmo diante da negativa do juiz, entidades organizam campanhas para reunir um milhão de assinaturas que justifiquem o referendo. Os artigos questionados pelas associações tratam de questões sensíveis à liberdade de expressão e imprensa. A nova Lei prevê punições severas aos jornalistas e meios de comunicação que divulgarem informações consideradas discriminatórias.
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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.
O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão.
Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa, Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.online.pt)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se, Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom House (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan.org), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.
Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero

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